Editorial: Hang, o protagonista
Estamos novamente às vésperas do segundo turno das eleições. Mais uma vez o brasileiro se prepara para escolher o novo presidente da República e governador. Como já falamos em outro editorial, esta é realmente uma eleição diferente, e que colocou em debate todo o processo eleitoral.
O que mais chama a atenção é o acirramento das posições com a proximidade do pleito, canalizadas principalmente pelas mídias sociais, que dividem opiniões e fake news, num tiroteio digital inédito. Qualquer oportunidade é campo fértil para cravar um posicionamento, substituindo o bom dia do grupo por um post de esquerda ou direita.
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Assim, os debates se deslocaram daquela posição clássica em que um candidato confrontava o outro para o embate digital e as pessoas passaram a ser as próprias defensoras desta ou daquela ideia, ao invés dos candidatos.
Outro fato novo é a participação e exposição de empresários neste processo eleitoral. Tivemos no início da eleição a intenção do empresário Flávio Rocha, da Riachuelo, de concorrer, assim como o bem-sucedido João Amoêdo, que foi destaque no pleito. Ambos grandes empresários que lançaram neste ano seus nomes no cenário nacional.
Em relação às manifestações de apoio, muitos empresários também divulgaram sua intenção de voto, mas nada se comparou à atuação do brusquense Luciano Hang. Ele utilizou ao máximo as mídias sociais para mostrar todo seu apoio a Bolsonaro e repúdio ao PT e seu candidato.
Hang havia afirmado que não participaria como candidato, mas teria papel contundente. Só não se imaginou o quão intensa seria esta participação
Foram lives diárias no Instagram e Facebook, com Hang incorporando personagens e situações que, de forma lúdica, abordava a “pauta” do dia. Luciano foi de palhaço a presidiário, de cortar uma melancia com facão a embrulhar um cocô com o jornal Folha de São Paulo.
Até promoção de viagem só de ida para Venezuela foi ofertada para seus desafetos. Isso sem falar no pedido junto ao TSE para plotar seu avião e helicóptero com propaganda pró-Bolsonaro.
Hang também não poupou críticas a muitos atores desta eleição, como empresas de pesquisa, veículos de comunicação e jornalistas. Também criticou o voto eletrônico, a Justiça. Processou o PT, Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann. Também processou o Grupo UOL/Folha e até a jornalista Miriam Leitão.
Em contrapartida, foi acusado e está sendo investigado de utilizar empresas de marketing digital para impulsionar suas postagens via WhatsApp e de coagir seus funcionários a votar no seu candidato. Teve um pedido do PT ao TSE para fazer uma busca e apreensão em sua casa, em resposta à matéria da Folha de São Paulo que tratava do impulsionamento.
Todo este barulho não passou despercebido e Hang ganhou projeção nacional. Foi tema de revistas, jornais e sites, como Veja, Época, Folha, Globo, G1, etc. Participou de programas e entrevistas, como a feita ao vivo na rádio Jovem Pan, na segunda-feira, onde ficou no ar por duas horas.
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Além dessa exposição direta, esta investida teve outro efeito colateral, foi tema de debates e discussões nas rodas e nos veículos de comunicação no sentido de interpretar este fenômeno.
A participação de empresários na política; o poder econômico e a democracia; e até onde vai a liberdade de expressão foram alguns dos temas recorrentes que ocuparam os microfones e câmeras, sempre tendo como mote a atuação do empresário brusquense, que quando não era o interlocutor, era o assunto.
Desde sua coletiva de imprensa em janeiro, Hang já havia afirmado que não participaria como candidato desta eleição, mas teria um papel contundente. Só não se imaginou o quão intensa seria esta participação.
Assim, mesmo não tendo concorrido a nenhum cargo eletivo, Hang com certeza foi o protagonista desta eleição, aproveitando cada espaço e atenção que o período eleitoral proporcionou para criar uma pauta e ter uma projeção sem precedente tanto de seu nome como da Havan.