Guabiruba fica a mais de 50 quilômetros de distância da praia mais próxima e não tem um rio de grande volume. No entanto, o peixe vivo também faz parte da culinária da cidade.
Quando se fala em comer peixe em Guabiruba e na região, o restaurante Lá nas Trutas logo vem à mente. Localizado numa região de altitude, no bairro Lageado Alto, o estabelecimento recebe a comunidade semanalmente.
Eu gosto de um ambiente de mato, de natureza. Imaginei que durante a semana o pessoal estaria em atividade nos centros e seria bom trazê-los para um ambiente diferente, cheirar a natureza
O nome já denuncia o foco do restaurante: as trutas. Peixe originário do Hemisfério Norte, onde é mais frio, ele foi introduzido no Brasil por meio da criação em laboratório. Hoje, alguns locais conseguem criá-lo. São poucos. O Lá nas Trutas é um deles.
Paulo Roberto Kormann, proprietário do restaurante, conta que a escolha do local, distante cerca de 14 quilômetros do Centro, não foi por acaso: a espécie precisa de água fria e limpa para se reproduzir. Ali, a temperatura é mais baixa – em média cinco graus a menos do que na região central – e a qualidade da água é melhor.
O processo é longo e exige muita dedicação. A truta passa por quatro tanques e cada um representa uma fase de crescimento – desde a criação de alevinos (os filhotes) até o peixe pronto para o abate. Um processo que dura cerca de dez meses em cada um deles. O peixe vai para a mesa quando atinge 300 gramas.
Esses fatores foram determinantes para a abertura do espaço, mas o principal foi oferecer um ambiente diferente aos guabirubenses e aos visitantes.
“Eu gosto de um ambiente de mato, de natureza. Imaginei que durante a semana o pessoal estaria em atividade nos centros e seria bom trazê-los para um ambiente diferente, cheirar a natureza”, diz Beto.
Com a vida moderna que deixa a quase todos cheios de tarefas e sem tempo para apreciar a beleza da natureza, Beto “acertou na mosca”. O restaurante abre apenas nos fins de semana, e sempre com bastante público.
“Gostamos muito de conversar. Quando movimento é muito grande não dá para dar toda atenção, mas tem a acolhida, o ‘seja bem-vindo’. E tem a natureza, que oferece um ambiente onde eles podem andar livres. Às vezes, aparecem as cotias que tratamos”, diz o empresário.
Gente de longe também incorporou a truta, e a boa conversa, à sua dieta. Beto conta que já recebeu gente da Alemanha, dos Estados Unidos, da Argentina, do Canadá, do Japão, da Itália e de outros países. Os alemães, geralmente de Karlsdorf e Schwarzwald, costumam voltar regularmente. Alguns já estiveram no Lá nas Trutas mais de cinco vezes.
Negócio de família
Tinha muito contato com as pessoas. Eram tantos que, para almoçar, era preciso esperar a vez
O pesque-pague do seu Paulo Dirschnabel, no bairro Pomerânia, também já é destino certo. O desenvolvimento da família aconteceu em torno do estabelecimento, que tem sido frequentado por centenas de pessoas de toda a região há anos.
Dirschnabel já nem lembra há quantos anos se dedica ao pesque-pague. Mas “faz muito tempo”, mais de 20 anos, com certeza. Os filhos ajudaram-no a tocar o negócio quando pequenos, e agora eles deverão assumir a direção.
O pesque-pague tem cerca de mil tilápias e algumas carpas. O número de visitantes não é o mesmo do passado, mas o proprietário lembra com carinho das amizades que fez, e até hoje mantém, graças ao estabelecimento.
“Tinha muito contato com as pessoas. Eram tantos que, para almoçar, era preciso esperar a vez”, conta. Os tempos são outros, mas ainda há quem busque nos pesque-pagues o peixinho para o almoço de domingo. No momento, por causa do período de alimentação das espécies, o estabelecimento está fechado.