Nesta terça-feira, 19, o vereador Jocimar do Santos (DC) concedeu a primeira entrevista após ser preso por suspeita de rachadinha em 30 de novembro. Na sala da casa, ele recebeu repórteres e comentou sobre o caso, além da relação dele com o vereador suplente Eder Leite, que o denunciou ao Ministério Público.
“Eu fico muito triste com tudo que aconteceu. Eu acredito que eu participei do único golpe no Brasil todo dessa natureza”, inicia. “Preciso dizer, primeiramente, que eu sou inocente e fui envolvido numa trama, num golpe terrível criado exatamente para destruir a minha imagem, destruir a minha família, os meus projetos políticos”, afirma.
Ao falar de Eder Leite (DC), Jocimar descreve ele como “aquele filho complicado que sempre deu problema”. Ele aponta ligações e pedidos de ajudas financeiras, além de transporte em apoio a causa animal. “A gente sempre atendeu. Eu jamais imaginaria na minha vida que eu estaria envolvido numa armação, num golpe desse, como aconteceu no último dia 30”, diz.
Jocimar defende que o caso em questão não teve relação com rachadinha e se demonstra incrédulo com os desdobramentos. “Não tem nem cabimento. Quem comete um crime na escada do Banco do Brasil? Estou acostumado com o Eder pedindo dinheiro, pedindo ajuda. O meu celular está lá com a Justiça e comprovará todas as mensagens entre eu, o Eder, a esposa dele e todas as pessoas que trabalham comigo. Jamais vai ter algum pedido de dinheiro para qualquer tipo de coisa ilícita, dessa natureza”, continua.
Sobre o suplente, Jocimar aponta que Eder assumiu o ano passado como vereador. Ainda, destaca que a esposa de Eder, Silvana Maria Fulgazza, ocupa um cargo público na administração, indicada pelo DC.
Jocimar ainda detalha que, neste ano, era para o Cleiton Schmidt assumir como vereador. Porém, “por causa de umas pessoas que estavam no partido e não estão mais”, surgiu a oportunidade de Eder assumir.
“O Eder se colocou à disposição de querer pagar uma dívida que ele tem comigo desde 2021. Em fevereiro de 2021, ele teve um problema financeiro. Já tinha tido outros, já tinha pedido ajuda e eu já tinha ajudado. Ele teve um problema financeiro que envolveu o carro dele num conserto de R$ 12 mil. Ele me pediu esse dinheiro, eu não podia arrumar os 12, mas arrumei R$ 5 mil. Era para ele me pagar, sempre protelava e nunca pagou. Tinha até esquecido disso, já. Então, quando surgiu a oportunidade para assumir [como suplente], ele se colocou à disposição e disse ‘no primeiro pagamento que eu receber eu já vou pagar a metade do valor ali para você’”, relata Jocimar.
Então, o vereador detalha que foram feitas apenas duas conversas com Eder Leite. Na segunda, o suplente solicitou a presença de Jocimar dos Santos na frente do Banco do Brasil “em 10 minutos”. O banco fica próximo da casa do vereador.
Na frente do banco, Jocimar relata que Eder perguntou quanto era a metade do salário dele como suplente. Porém, afirma não haver provas mais contundentes que apontem para um esquema de rachadinha.
“Por que ele não tem uma gravação [minha] exigindo dinheiro para ele? E se fosse mesmo alguma coisa no sentido de alguma coisa ilícita, ele teria alguma gravação exigindo, eu ele podia muito bem chegar e dizer assim ‘olha, vereador, rachadinha eu não aceito’. Ele realmente armou um flagrante para tirar o meu mandato, para assumir o meu mandato ou supostamente alguém que possa estar envolvido também”, complementa.
Ajudas financeiras e prisão
Na coletiva, Jocimar dos Santos relata diversos momentos em que ajudou Eder Leite financeiramente, inclusive para conseguir cargos. O tom que se segue é de mágoa.
“E no momento que eu tava preso lá, muitas vezes, eu perguntava pra Deus: por que estou aqui?”, diz. “Quantas pessoas que eu ajudo, e todo mundo sabe disso, é Pix para um e Pix para outro. Eu também tenho as minhas necessidades, muitas vezes eu pedia dinheiro emprestado, e as pessoas emprestam e me ajudam, mas eu tava lá por 24 horas preso. Eu ficava na cela orando para Deus”, diz, emocionado.
Jocimar afirma que é inocente e que nunca pediu para que fosse repassado valor de rachadinha. Ele também tem convicção que será absolvido no processo de cassação na Câmara de Brusque.
“Ele armou tudo pra fazer eu ser preso e pra eu perder o meu mandato. Foi isso que aconteceu. Eu sempre preguei com as pessoas que trabalho, quem se envolver em corrupção, quem se envolver em coisa errada, com mulher no trabalho, tá fora. Eu sempre disse isso”, continua.
Quanto ao Eder, Jocimar afirma que ele deve entrar com pedido no Conselho de Ética do partido para a expulsão do mesmo, da esposa dele e de mais pessoas que possam estar envolvidas. Além disso, o vereador adianta que deve processar Eder por calúnia.
“Eu não acredito que fele fez isso sozinho. Eu acredito que há pessoas envolvidas e a Justiça investigará. Nós também estamos procurando testemunhas e, no momento oportuno, com certeza tudo será esclarecido”, completa.
Relembre o caso Jocimar dos Santos
A prisão do vereador Jocimar dos Santos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) esteve relacionada a uma investigação de esquema de rachadinha, do qual ele é suspeito de integrar.
Conforme fontes com conhecimento do caso ouvidas por O Município, o vereador marcou um encontro nas proximidades do Banco do Brasil, no Centro de Brusque, com o suplente, Eder Leite.
Eles foram fotografados no momento em que Eder entregava a Jocimar dinheiro, que, segundo as investigações, é parte do seu salário como vereador. Eles não sabiam, mas estavam sendo previamente monitorados pelo Gaeco, que efetuou a prisão de Jocimar em flagrante.
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