Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Índios na Região do Vale do Itajaí-Mirim – Parte II

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Índios na Região do Vale do Itajaí-Mirim – Parte II

Rosemari Glatz

Quando os colonizadores chegaram ao Vale do Itajaí-Mirim encontraram os Xokleng/Laklãnõ, índios que habitavam a região. Regionalmente, são mais conhecidos como índios “Bugres” e “Botocudos”.

Eram um povo migrante entre o litoral e o planalto, e habitavam as florestas que cobriam as encostas das montanhas, os vales litorâneos e as bordas do planalto no Sul do Brasil, vivendo da caça e da coleta.

O território que ocupavam não tinha contornos bem definidos, e mantinham uma disputa secular com o Guarani e o Kaingang pelo controle desse território e recursos.

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Guerra aos bárbaros índios “Bugres” e “Botocudos”
Os Xokleng tinham um território extenso por necessitarem da caça e da coleta, que variava em seu território conforme a sazonalidade compreendida para cada região: litoral, região dos vales e planalto.

O território dos Xokleng/Laklãnõ passou a ser ocupado por povos não índios na primeira metade do século XIX, através de política de ocupação de terras nos campos de Lages em Santa Catarina, e regiões de Guarapuava no Paraná. Garrote (2012) conta que uma carta Régia de Dom João VI declarou guerra aos bárbaros índios “Bugres” e “Botocudos” dessas localidades citadas.

Aos poucos o povo indígena foi perdendo seu território com as frentes colonizadoras, que pelo extremo sul no Rio Grande do Sul avançavam para o Norte, e pelo Paraná, avançando para o Sul. Assim o índio passou a se refugiar em terras de difícil acesso, e menos ocupadas, adentrando as serras da Mata Atlântica de Santa Catarina.

O contato dos novos colonizadores com o índio
A partir do crescimento dos núcleos coloniais como o de Brusque e Blumenau, os índios foram coagidos e passaram a ocupar áreas que antes eles não ocupavam.

Essas áreas eram afastadas dos novos colonizadores da floresta, escondidas na proteção natural de serras e vales, onde ainda havia meios de sobrevivência através da caça e coleta. Assim, a região da Serra do Itajaí, que antes era um local de caça e coleta do indígena, passou a ser o novo habitat dos colonizadores europeus.

O contato com o índio passou a ocorrer com maior frequência após a instalação de famílias de imigrantes nas terras onde os Xokleng já estavam refugiados. O fato de não terem alternativas de guardarem seus espaços de onde provinha a sobrevivência, provocou confrontos com os colonos, e da mesma forma os colonos com os índios. Com isso, cada vez mais os índios passaram a ser encurralados e perseguidos.

O índio era visto como um entrave ao processo de colonização
Foram criadas expedições de bugreiros para caçar os índios, ato estimulado, aprovado e encobertado pelas autoridades locais, império e república.

Garrote (2012) informa que na literatura da história local, vários autores produzem uma historiografia onde está presente um discurso, que demonstrava o que se configurava na mentalidade do período da colonização, de que o índio era um entrave ao processo de colonização, um inimigo a ser vencido, assim como a floresta.

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Este discurso gerou conflitos físicos contra os índios, em sua grande maioria, ditos violentos e dizimadores.

O Prof. Santos (1965), ao escrever um relatório para o Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFSC, informa que a tribo Xokleng que atualmente se encontra aldeada no P. I. “Duque de Caxias”, em Ibirama/SC, era considerada barreira constante para aqueles que desejavam incursionar pelos vales litorâneos ou pelo planalto.

Sua mobilidade espacial, aliada ao fato de estar formada por diversos grupos locais, possibilitava o domínio das florestas que cobriam a faixa entre o litoral e a encosta do planalto. Essa é a orientação que obtemos quando consultamos os diversos autores que se preocuparam com a história do estado catarinense.

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