O problema dos românticos não é acreditar no amor, mas desistir da tentativa.
A tentativa de aperfeiçoar a relação, de não abrir mão do ser amado quando ele mostra os primeiros defeitos. A tentativa de conquistar o que se quer!
As pessoas caem na armadilha de buscar um relacionamento pronto, quando é preciso dedicação diária. Muitas vezes encontram pessoas que querem algo muito semelhante a seus próprios desejos, mas se recusam a encarar as diferenças, achando que elas rompem o ciclo de perfeição romântica que diz que se o cavalo branco do príncipe tiver uma mancha marrom, ele não pode mais ser príncipe. Imagine, então, se o cavalo for baio, ou se o príncipe não tiver cavalo! Acabam-se, aí, as chances de amar?
Assim, os apaixonados frustram-se ao pensar que nunca encontrarão a pessoa ideal, pois rompem o affair na primeira briga.
Relacionamentos constituem-se de pessoas em convivência, o que costuma ser sinônimo de desentendimentos. Esperar – de braços cruzados – que o outro adivinhe seus caprichos é tão fácil quanto impossível. Ao chorar suas dores de cotovelo, o romântico esquece de investir, abre a porta para que o outro saia esperando que ele volte(!), invés de dizer em alto e bom tom “eu quero que você fique”.
Essa dificuldade em abrir o peito faz com que se plantem dúvidas na cabeça do ser amado, que já começa a questionar se é tão amado assim. Pensando bem, será que é amado mesmo? E, desse momento em diante, a porta da rua parece cada vez mais um alívio para o constrangimento de estar num lugar onde o amor é uma dúvida.
Alimente certezas, pois são elas que fazem surgir a vontade de lutar por alguém e insistir que o romance dê certo. Até porque, verdades (e certezas) mudam a todo instante, inclusive as do amor; e como disse a magnífica Frida Kahlo: onde não puderes amar, não te demores, pois ninguém é obrigado a permanecer onde não lhe for interessante.
Eduarda Paz Padoin – psicóloga