Há uns 10 anos estive em Manaus por algumas horas como parada para ir a Venezuela – hoje em dia nem da para pensar nisso né, uma pena, pois foi uma viagem muito bonita. Aproveitamos que o tempo de espera que era longo e acabamos dando uma volta rápida pela cidade. A ideia principal da viagem era conhecer a Floresta Amazônica, então foi rápida a visita à capital do Amazonas. No entanto, deu para aproveitar bem essa linda cidade.

Chegamos por volta de 11h no primeiro dia, ficamos tranquilos sem passeios, somente saímos para jantar. No dia seguinte, iríamos pegar o transfer para a Amazônia logo cedo. Contei tudo na última coluna – se você não viu é só acessar o blog no site do jornal O Município. Quando retornamos da floresta ficamos mais um dia e meio, e aí segue os passeios e dicas para aproveitar Manaus.

Iniciamos o passeio pelo Teatro Amazonas, o cartão postal da cidade. Dentro do teatro você faz uma visita guiada de aproximadamente 40 minutos. Acontece de hora em hora, de terça a sábado – o primeiro horário é às 9h e o último às 17h. Esse passeio tem que ser agendado, e eu fiz pelo site do teatro, supersimples.

Vista do terraço do Juma Ópera Hotel

Na parte de fora, a cúpula chama a atenção com 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas nas cores da bandeira brasileira, vindas da Alsácia – França. Tombado em 1966 como Patrimônio Histórico Nacional, preserva boa parte da arquitetura e da decoração originais.

Com capacidade para 701 pessoas distribuídos em quatro pavimentos o Salão de Espetáculos encanta. Ao centro um lustre imponente de bronze francês. O teto côncavo com telas pintadas pela Casa Carpezot de Paris são de tirar o fôlego, elas representam, dança, música, opera e tragédia.

Outro destaque é o Pano de Boca, confeccionada pelo artista brasileiro Crispim do Amaral em 1894, que representa o encontro dos Rios Solimões e Negro.

No Salão Nobre era onde aconteciam os grandes bailes e eventos da época de ouro da borracha, e para coroar esse ambiente uma bela pintura de Domenico Angelis, 1899.

Camarim, roupas e piano, que faziam parte dos espetáculos

O teatro está localizado no Largo São Sebastião, centro histórico da cidade, com casarões coloridos, bares, restaurantes e muitas vezes há apresentações artísticas na praça. Ali também pode aproveitar para conhecer a Igreja de São Sebastião, construída em 1888, uma das igrejas mais antigas da cidade.

E também a Galeria Amazônica, um espaço que incentiva a valorização da diversidade socioambiental na Amazônia. Um local de exposição e também de comercialização do artesanato amazonense, trabalha com o Controle de Qualidade e Origem Identificada dos produtos, ou seja, isso mostra o compromisso com a transparência na sustentabilidade do uso dos recursos naturais para a confecção dos objetos. Hoje comercializa peça de pelo menos 15 etnias e cerca de 10 associações e projetos socioambientais.

Há diversas agências turísticas que fazem passeios o dia todo, porém como tínhamos somente um dia e queríamos somente dois passeios do pacote optamos por um privado.  Assim fechamos o Encontro das Águas e Aldeia Indígena. Queria também ter visto as Vitórias Régias porém como choveu muito no dia anterior, o guia disse que não valia a pena.

Contratamos a Amazon Amazing Tours (92 99186-7133). Um motorista veio nos buscar no hotel e levar até o local de saída do barco. Navegamos por alguns minutos e chegamos no Encontro das Águas.

Devido as chuvas e o dia nublado a visibilidade do encontro não é tão grande como em fotos mas, mesmo assim deu pra ver a diferença entre as águas.

É o encontro do Rio Negro, água escura, com o Rio Solimões, água barrenta. Os dois rios ficam lado a lado sem se misturar por quilômetros. E por que isso acontece?  A diferença de composição, a taxa de acidez, a temperatura de fluxo e a densidade da água é o que impede a mistura dos dois quando eles se encontram.

Seguimos para uma Aldeia Indígena logo a uns 15 minutos de barco. Chegando lá algumas crianças brincavam na água com balões. Algumas com pintura facial e penas enfeitando o cabelo, outras de roupa, sem adornos culturais.

Fomos recebidos pelo chefe da aldeia, e com ele a preguiça Mônica que o chefe deixou vir um pouquinho no meu abraço. A preguiça tem aproximadamente um ano e é um animal de estimação para eles.

Depois fui convidada a me “maquiar” e adorei o resultado. 

Não é cobrado nada para visitar o local, porém para as fotos e pintura eles pedem um valor simbólico de R$5,00. Para contribuir mais você pode comprar os artesanatos feitos ali mesmo.

Nosso guia nos deixou no próximo ponto turístico e também já local para o almoço.

Mercado Municipal Adolpho Lisboa: uma das relíquias que sobreviveram ao tempo. Sua fachada eclética, voltada para a cidade, acrescentada quase quinze anos mais tarde, esconde a beleza das estruturas de ferro fundido em estilo art-nouveau, estilo arquitetônico da época que foi feito, ano de 1883, ele segue a característica do Les Halles, antigo mercado de Paris, na França.

No decorrer dos 182 boxes você encontrará uma infinidade de artigos como artesanatos de diversas cores e tamanhos, desde decoração para casa, bolsas, bijuterias feitas com sementes da floresta. 

Há também temperos regionais, folhas para chás tradicionais, frutas, peixes e muito mais.

Além disso há lanchonetes e restaurantes, com comidas típicas da região, claro. Almoçamos somente uns petiscos de macaxeira frita e um peixe frito. A macaxeira estava boa, já o peixe achei um pouco “borracha”.

Ao final do passeio pelo mercado o motorista veio nos buscar e levar ao hotel.

Intercity Manaus: hotel bom e com ótimo preço, longe do centro, porém perto do restaurante que havíamos reservado para a primeira noite. Se fosse para ficar mais dias e turistar acredito não ser o ideal.

Juma Opera Hotel: maravilhoso em todos os quesitos, localização, gastronomia, serviços, e claro a vista linda que se tem do terraço da cúpula do Teatro Amazonas.

Waku Sese:o melhor açaí da cidade. “Waku sese” significa uma saudação dos indígenas saterés-maués. O açaí estava muito gostoso, e, pela primeira vez, provei ele com farinha de tapioca. Ainda tem outras opções para acrescentar como xarope de guaraná, frutas fatiadas e granola.

Quiosque do Shopping Manauara

Banzeiro: restaurante nº 1 de Manaus quando se fala de cozinha amazonense contemporânea. O renomado chef que dá o toque aos deliciosos pratos é um conterrâneo, Felipe Schaedler, catarinense. O cardápio é bastante variado agradando desde os paladares mais simples, ou seja, que não gostam muito de se aventurar, e para os curiosos em desbravar novos sabores. É claro que eu fui me aventurar nessa culinária incrível!

Para começar ganhamos de cortesia caldinho de pirarucu.

Para começar ganhamos de cortesia caldinho de pirarucu (peixe)

Depois pedi entrada de Formiga Saúva, um dos pratos mais solicitados da casa. Qual o gosto da formiga? Senti um leve toque de limão e ela era crocante, junto com o mousse de mandioquinha ficou bem gostoso, pode provar sem medo.

Ainda pedimos pasteis de piracuru com banana! Como prato principal, matrinxã (peixe) recheada com farinha do Uarini, delicioso.

Matrinxã recheada com farinha do Uarini

E para finalizar a sobremesa, petit gateau de cupuaçu. Restaurante fantástico, desde o atendimento, ambiente e gastronomia.

Endereço: R. Libertador, 102, N. Srª das Graças | Tel. (92) 3234-1621 |

Bar do Armando: ícone do centro histórico da cidade. Um típico bar frequentado pelos boêmios locais e os curiosos turistas. O boteco é chama atenção pela decoração com fotos e quadros nas paredes, bandeiras de países e times de futebol no teto, algumas delas autografadas. Azulejos brancos e o piso de padronagem branco e preto completam a decoração.

A cerveja vem bem gelada e para acompanhar um petisco de pernil e salame. Para animar o happy hour, música ao vivo.

Endereço: 10 de Julho, 593, Centro | Tel. (92) 3232-1195

Caxiri: o charme do restaurante já chama atenção, fica pertinho do cartão postal Teatro Amazonas, no segundo andar de um casarão centenário do Largo do São Sebastião. Mas não é só por isso que ele é conhecido, a chef Debora Shnornik, paulistana, foi sous-chef de Paola Carrosella, leia-se jurada do masterchef. Hoje ao comando da cozinha do Caxiri.

Não pedimos entrada pois fizemos o happy hour antes (fica quase que um do lado do outro, dois minutos pé) , então fomos direto ao prato principal.

Esquerda: Pirarucu (peixe) fresco grelhado na chapa a carvão com baião cremoso de feijão manteguinha e arroz vermelho, coalhada artesanal “dukkah” legumes tostados e tucupi.

Direita: Supreme de tambaqui com castanhas, macaxeira recheada com queijo coalho e farofa urani.

A sobremesa estava fantástica, deu vontade de repetir. Recomendo: Sorvete de açaí, abacaxi em calda, crème inglês de cumaru, farofinha de castanha e beiju com coco.

Endereço: 10 de Julho, 495, Centro | Tel. (92) 3304-8700

Restaurante Ópera: fica localizado dentro do hotel Juma Ópera e os não hospedes podem fazer reservas para jantar. Iniciamos o nosso último jantar na cidade na parte externa, com um drink delicioso e apreciando a vista incrível do Teatro Amazonas.

O restaurante é muito bonito, com um cúpula de ferro e vidro e lustres de palha dando o toque da cultura local.

A cardápio está encarregado da renomada chef Sofia Bendelak que mescla pratos contemporâneos com elementos da gastronomia amazonense.

o cardápio tem diversas opções de peixes, carnes e pitadas de culinária indígena que complementam seu variado cardápio internacional.

Para começar recomendo o Ceviche de Aruana (peixe) com “leite de tigre” e chips de legumes, peça chips de legumes extras, fica a dica.

Como não consegui provar o Tacacá original – um caldo feito de tucupi com goma de tapioca, camarão seco e folhas de jambu – eu pedi o Risoto de Tacacá, e estava maravilhoso, muito saboroso, valeu a pena. Fiquei imaginando que o caldo deve ser muito gostoso também. Vitor pediu bombom de alcatra com purê de babatas e farofa de ovo.

A sobremesa foi churros com calda de cupuaçu e sorvete de castanhas, deixou um pouco a desejar. Achei que o churros veio mole e o sorvete poderia ser mais saboroso.

Mercado Municipal Adolpho Lisboa

Galeria Amazônica