A segunda parte dos textos que marcaram nosso especial de Dia da Criança, na edição da última quarta-feira. De novo, as ilustrações são da Silvia Teske. ❤️
Presta atenção! Sua criança interna pode estar querendo te dizer algo!
Dias desses estava despretensiosamente com o controle de TV nas mãos, em uma oportunidade única de estar com esse poder, sentindo-me verdadeiramente a rainha do lar. Entre um canal e outro, acabei parando em um programa de debates. As apresentadoras discutiam sobre a psicanálise, se os estudos de Freud ainda serviam para os dias atuais, por conta de uma nova biografia do pai da psicanálise, e a fala de uma delas me chamou a atenção. Ela dizia que segundo Freud, somos (adultos) resultado das nossas experiências na infância e ainda, que vivemos os desmembramentos dessa fase, às vezes, tentando curar as feridas geradas. Algo mais ou menos nesse sentido.
Bom, não sou psicóloga, embora goste muito dos temas ligados à psique humana, porém, não saberia discutir se a apresentadora está correta em sua interpretação ou se eu a interpretei da maneira correta. Às vezes ouvimos o que queremos, não é mesmo?
O que importa para esta reflexão, foi que imediatamente, voltei à minha infância. E tentei resgatar quais os temas estavam aflorados na atual fase da minha vida.
Essa viagem ao tempo da infância é sempre algo muito prazeroso para mim. Foram tempos alegres, rodeada de amor, histórias, natureza e muitas brincadeiras.
Mas, o que mais me deixou surpresa foi perceber, que de fato, minhas brincadeiras de criança tinham se tornado algumas das minhas atividades profissionais. E eu não tinha percebido que o fluxo da vida promoveu esse encontro maravilhoso da adulta com a criança.
Claro, que todo o caminho percorrido não foi fácil, nem simples. Fiz muita confusão.
Lembro-me de dois momentos bem marcantes que outras duas crianças da minha vida me alertaram e me deram coragem para chegar onde estou. Primeiro, foi meu filho Vinícius, que aos 6 anos me lembrou que estava fazendo escolhas que não iriam me conectar com minha essência, embora, no momento se fizessem necessárias. Mais tarde, o nascimento da minha filha Sofia retomou o tema propósito de vida, e encontrei a coragem para tomar a decisão que finalmente se alinhou com minha missão nesse mundo. Esses seres pequeninos em nossas vidas tem um poder maravilhoso.
Hoje, a criança que vive em mim está cada dia mais desperta, consciente e criativa, podendo lançar sementes nas salas de aula e nos grupos os quais faço parte. Descobri, também, que sou responsável por lançar as sementes, e quem tem outro alguém antes de mim, responsável pelo preparo da terra, e depois, alguém que vai cuidar para que a semente germine, e por aí vai…. Assim, sigo mais leve, e formando as parcerias necessárias, desejando que as sementes lançadas gerem bons frutos.
E, você, está conectado e tem ouvido sua criança interna? Acredite, ela pode te dar dicas valiosas!
Clicia Helena Zimmermann – professora, consultora e especialista em mapeamento de ciclos.
Visão na Infância
A Infância é o principal período para o desenvolvimento visual. Por isso, é muito importante que, desde cedo, as crianças tenham avaliação com oftalmologista.
Ainda na maternidade, todas as crianças devem passar pelo Teste do Reflexo Vermelho, com o neonatologista. Havendo alteração nesse teste ou qualquer outra alteração ocular, elas devem ser prontamente encaminhadas para avaliação com oftalmologista.
Depois do nascimento, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica indica um exame a cada 6 meses nos dois primeiros anos de vida, e após, se tudo estiver normal, um exame anual até os 8-9 anos, época em que termina o desenvolvimento da visão.
A capacidade visual influencia diretamente o aprendizado estudantil. Muitas crianças podem parecer “não gostar” de estudar, quando na verdade sentem dificuldades e cansaço visual, os quais poderão ser solucionados através de avaliação oftalmológica.
Além disso, baixa visual não tratada a tempo na infância poderá causar ambliopia, que é a dificuldade visual permanente (inclusive na vida adulta), devido à falta de tratamento de distúrbios visuais na infância.
No exame oftalmológico da criança, além da dificuldade visual, são avaliadas também outras doenças, que podem não causar dor de cabeça nem dificuldade de enxergar, mas poderão tornar-se crônicas e também causar sequelas na vida dos pequenos.
Maiara Dalcegio Favretto – Oftalmologista
Memórias gastronômicas
Desde criança, eu só penso em comida e em comer. Quando menina eu ajudava minha Oma (avó em alemão, termo muito usado em nossa região) na preparação das refeições dos fins de semana. Tudo começava com o torcer do pescoço da galinha, ato que eu deixava para minha Oma arranjar, pois eu tinha medo que a ave me picasse com seu bico afiado, de tanto ciscar na areia em busca de gorduchas minhocas. Minha tarefa era escaldar e depenar a penosa. Isso eu adorava. Depois de limpa, eu ajudava a ensopar a galinha velha. Amparada por uma banqueta, eu conseguia mexer o panelão que borbulhava sobre o fogão a lenha. Outra coisa que adorava fazer, era alimentar o fogo desse fogão, com a lenha rachada acomodada no cachão de lenha, pelo meu tio.
Por sorte, tive duas Omas que gostavam e sabiam cozinhar. Na casa da outra Oma, eu fiz muito doce de máquina, aqueles amanteigados de trigo e açúcar (tudo refinado e branco). Fiz muito doce de natal com cobertura de glacê e micro bolinhas coloridas. Fiz geleias em tachos de cobre e também assamos muita coruja (rosca de polvilho) em forno à lenha.
Quando me tornei mãe, quis que minhas filhas também tivessem a oportunidade de brincar com os alimentos e a sorte estava do meu lado novamente, pois minhas Omas se tornaram bisas. Elas proporcionaram às pequenas momentos mágicos como buscar ovos no galinheiro, para depois fritar em banha de porco, comer folha de trevo (as azedinhas), subir em pé de jabuticaba e goiaba para colher as frutas e fazer geleias, além de preparar a massa de macarrão, que era lançada na chapa do fogão em finas folhas para que tostassem e em seguida, ainda bem quentes, fazer a alegria de todos.
Creio que exerci uma supervisão mais assídua sobre minhas filhas, em atividades ditas como perigosas, (cozinhar no fogão à lenha, por exemplo) do que minha mãe em relação a mim. Mas eram outros tempos. Em nossa família, nunca ouve um fato acidental. Embora, alguns sustos tenham nos custado umas boas palmadas. Já com minhas filhas esse ato ficou excluído da parte educacional, mas como disse, outros tempos.
Hoje em dia, minhas filhas desfrutam dos ensinamentos gastronômicos da Oma delas, que as ensina a fazer saborosas cucas, pão de queijo, nega maluca e a famosa (entre os netos) Sopa da Oma. Eu, de tempos em tempos, sou acometida por lembranças infantis, quando sabores daquelas épocas me encontram e alegram-me o coração.
Michelle Kormann da Silva – Gastrônoma