Parece que de uma hora para outra todos resolveram tomar partido: Rita Lobo ou Bela Gil? E, diga-se de passagem, a Bela Gil na história foi apenas coisa da mídia, tentando botar mais lenha na fogueira. E conseguiu. As nutris caíram matando nas redes sociais, cada uma de um lado, defendendo o seu ponto de vista com unhas e dentes. E o povo também não deixou por menos, destilando todo seu veneno contra… Às vezes, nem sabendo contra o quê, mas o que importava é que eram contra. Entre comer “normal”, comer “comida funcional”, “vegana” ou saudável e consciente como a Bela Gil costuma chamar, o que é o ideal? Diante de tanta discussão sobre o assunto cheguei a algumas conclusões.

Primeiro: as pessoas estão precisando de um pouco mais de ocupação que as faça realmente felizes.  Sabe aquele momento em que você realiza algo e se sente tão entusiasmado que chega a se emocionar, ali sozinho, de tão feliz em poder “se sentir de fato alguém de valor”? Estufar o peito e pensar “Eu sou o cara”! Com aquele sorriso no rosto que não há o que possa derrubar. Acho que isso é raridade hoje, pois quase ninguém se dispõe a realizar algo autêntico e que mereça ser defendido, porque dá trabalho demais. Já que não se tem orgulho próprio, o negócio é botar areia no orgulho de quem o tem. E as redes sociais são um “ótimo lugar” para desovar toda nossa frustração, pois podemos expor opiniões sem mostrar a cara.

Segundo: graças à diversidade de programas que temos, não precisamos assistir ou seguir aquilo que não nos agrada, ou não nos convém. Portanto ser a favor de Rita Lobo e aplaudir seu ponto de vista, ok! Mas ser 100% Bela Gil e assistir Rita Lobo só para ser do contra. Isso realmente eu não entendo. “Vá ser masoquista lá pra outro lugar.” Hahahaha! Vamos curtir o que nos encanta, vamos encher nossas vidas de coisas que nos deixem felizes e deixar de seguir e assistir aquilo que nos faz mal a ponto de nos envolvermos em discussões desnecessárias.  Isso é jogar fora nosso bem mais precioso: o tempo, que cedo ou tarde acaba para cada um de nós.  Então melhor não gastá-lo, mas investi-lo.

Terceiro: não é necessário discutir (com baixaria) o que é certo ou o que é errado, pois a nutrição é uma ciência e, como todo cientista sabe, não há verdade absoluta. Não há a verdade da Rita Lobo e a mentira da Bela Gil ou vice-versa. O que há são pontos de vista diferentes e interesses diferentes. E descontextualizar uma informação pode ser muito danoso. Rita Lobo, no seu programa, segue o Guia Alimentar da População Brasileira, guia elogiado mundialmente por ser completo e promover o consumo de comida de verdade.  E isso é excelente.

Bela Gil, por sua vez, defende uma alimentação sustentável de um ponto de vista amplo, é ativista na defesa do meio ambiente, da alimentação orgânica, da proteção aos animais e do comer com responsabilidade; também tem seu brilhantismo na caminhada. Cada uma com seu propósito.

E, por último, acredito que o que falta nas redes sociais é colocar cada macaco no seu galho. Na briga ferrenha dessa discussão, falou-se muito no poder ou não consumir glúten, lactose, e sobre a tal medicalização da alimentação. Pois bem! Vamos manter a clareza, vamos por partes! Cada especialidade tem seu valor: nutricionistas clínicos, funcionais, esportivos ou nutricionistas comportamentais, entre tantos outros profissionais como pediatras, endocrinologistas e muitos outros da área da saúde.

Continuamos na próxima semana!

 

Janaina Kühn Barni – Nutricionista – Educação Alimentar infantil e Rotina Familiar