Não tinha vivido um 8 de março como este último. Pela primeira vez vi, além de rosas vermelhas e recadinhos de parabéns, muito debate e reuniões de coletivos tomando espaços. Afinal, a data surgiu disto, de um momento histórico e com o objetivo simples de se tornar um marco da luta pela igualdade de direitos.

Em Brusque houve um movimento na praça, com cobertura da imprensa, dando voz aos anseios do grupo representante. Aí nos comentários de uma das publicações leio aquela enxurrada de absurdos, comentários machistas escondidos atrás de um perfil de rede social. Um menino de 15 anos mandando o grupo ir lavar louça. Sim, teve isso. Isso ainda é dito para tentar minimizar a reivindicação alheia. Aprendeu com o pai? Ou com a mãe? E qual o problema em lavar louça? Ou lavar roupa? Ou lavar o carro? Xuxu: errado é lavar dinheiro!

Outro sujeito escreveu “se querem igualdade porque não vão lutar para servir o exército como nós? Ahhh, aí não querem!!” Claro que não. Um ano simulando guerra, com humilhações dos superiores e recebendo um conteúdo que não acrescenta (um ano de estudos sobre ética e cidadania seria muito mais proveitoso), ninguém quer. E se os homens também cumprem por obrigação e não gostam – visto o tipo de comentário acima – deveriam tomar o exemplo das mulheres e se reunir em coletivos para mudar a situação. Não querem que até isso seja colocado em nossa pauta, já bem extensa, né?

E por quê frente aos movimentos feministas surgem os homens combatendo, xingando, sendo contra? Não entenderam o propósito ou não querem mesmo que os salários sejam iguais e que a violência diminua?

No primeiro caso, o que sobra é ignorância, e isso tem tratamento. Já no segundo, só posso crer que este perfil de homem esteja morrendo de medo, de perder cargo, posição, voz, direitos, vantagens, respeito, dinheiro. Poxa, medo de nós? Que nem estamos lutando contra eles? Hummm… tá me parecendo mimimi.

 

 

Lieza Neves – atriz, escritora, produtora cultural…