Estava pensando sobre mimos, mimados, mimar e fui investigar a palavra no dicionário. Descobri coisas boas e ruins, em uma única palavra. A palavra mimar pode significar “fazer tudo pelo seu bem, dar carinho” ou “deixar a pessoa mal acostumada”. Mas, como que carinho demais estraga a pessoa?
Sendo mãe, fico tentando mediar e achar um caminho que faça o bem, sem mimar no excesso. Confesso: dura missão. Meu desejo seria fazer todas as vontades. Mas, há uma grande diferente entre o desejo e o dever, e assim faço o meu melhor para ensinar sobre limites. É preciso, dizem educadores, filósofos e psicólogos.
Mas, e na casa da vó, pode tudo? Sabe que não? Lembro bem que na casa da vó pode quase tudo; só não pode o que ela proíbe. E quando avó diz não, ninguém questiona. Elas são muito mais sábias, obviamente. Sabem o que podem permitir, e dizem não para o que realmente importa. Por esse motivo, são tão importantes na formação de uma criança. Na casa da vó também se aprende sobre hierarquia, respeito, a ouvir, dividir e compartilhar com os outros primos. Aprende-se a honrar os antepassados por meio das histórias contadas e que essas vidas têm muito valor para toda a família.
Há mais sim do que não, isso não se discute.
Provavelmente, a dinâmica em um sistema familiar funciona assim mesmo. Enquanto pais, vivemos na pressão, tentando acertar o tempo todo, ensinando sobre limites e as frustrações da vida; e quando se tem netos, a vida fica mais leve, e tudo o que os avós querem é apresentar o amor em sua forma mais abundante… É amar sem medidas!
Não sei se sempre foi assim, não sei se isso é invenção da modernidade, só sei que hoje é assim: amor de vó, é amor em dobro, e vó é mãe com açúcar.
Fui muito mimada quando criança. Aliás, até hoje, sou mimada por minha avó.
Clicia Helena Zimmermann – professora, consultora e especialista em mapeamento de ciclos