Final de tarde, domingo. Fila pra entrar em Florianópolis, depois de uma semana no Rio Grande do Sul. Dia lindo, friozinho, céu azul.
Surge então uma nave, uma caminhonete gigante, branca, nunca tinha visto. Larga de ocupar a via inteira. Dela, emanavam todos os decibéis do mundo tocando um sertanejo gritado, como a maioria é. Sério. Era muuuuuito alto. Bom, todo mundo já presenciou algo parecido: seja uma galera ao redor de um capô aberto no posto de gasolina ou um motorista de vidro aberto (claro!) com o som do carro estourando os tímpanos.
Várias questões, carregadas de meu preconceito, me vêm à tona. Primeiro: a petulância desses fulanos em achar que todo mundo quer ouvir aquilo, naquele volume. Segundo: por quê ninguém toca Lenine ou Maria Rita no carro, com volume no máximo e vidros abertos? Terceiro: esse motorista não deve achar mesmo que pode estar incomodando alguém, seja um idoso, bebê dormindo, ou pessoa com dor de cabeça. Quarto: mesmo que achar, não se importa. Quinto e último: é uma atitude de autoafirmação, claro. Bem provável que tenha pinto pequeno.
Então, leitor, motorista que gosta de causar: saiba que a gente te atura mas sabe da verdade!
Lieza Neves – produtora cultural e escritora