O caminho para a internacionalização exige algum esforço e disposição, mas os resultados acabam sendo positivos caso o processo seja bem desenvolvido. Preparar-se internamente é o primeiro passo para ultrapassar os limites do Brasil e, a partir disso, agarrar as oportunidades que aparecem em diversos locais do planeta.

“Para ter competitividade, o empresário tem que ter domínio das variáveis que lhe permitem gerir a empresa, gestão de pessoas, de recursos financeiro, processo administrativo”, explica Maitê Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).

A internacionalização oferece várias vantagens às empresas, acesso a novos mercados, diversificação de receitas, redução de riscos pela distribuição geográfica e aproveitamento de vantagens competitivas específicas de cada país.

“Uma empresa internacionalizada vai ter um produto com uma qualidade diferenciada, uniformização dos processos, sinergia entre todos os setores, maior volume de vendas e, através disso, um conhecimento de como funciona os mercados em outras regiões do globo”, exemplifica Sidnei Gripa, pró-reitor de Graduação do Centro Universitário de Brusque (Unifebe).

Qualidade e competitividade

Brusque é, historicamente, um terreno próspero para empresas – é o centésimo município do país em quantidade, com 9 mil, segundo dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e, consequentemente, pela qualidade e competitividade apresentada por elas, tem um potencial a ser explorado.

A Rosamaria, empresa brusquense especializada em moda esportiva e linha fitness para private label que atende grandes marcas como Marisa, Riachuelo, Renner, C&A e Pernambucanas, começou a internacionalizar-se em 2016 e chegou a exportar cerca de 15% de sua produção nos anos anteriores à pandemia. A capacitação foi realizada por meio do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex), desenvolvido pela ApexBrasil, e só trouxe benefícios.

“Tínhamos um plano de expansão e passamos a destinar uma cota para o mercado exterior. Foi uma estratégia de mercado para ter mais opções. Às vezes, trabalhar para magazines/varejistas é meio injusto. Uma crise pode fazer você ser sacrificado”, destaca Onesia Adriana Liotto, diretora financeira do grupo Rosamaria e presidente do Sindicato Patronal do Vestuário de Brusque e região (Sindivest).

Francine Krieger, coordenadora do Núcleo de Comércio Exterior da Associação Empresarial de Brusque (Acibr) e proprietária da Nelson Importação e Exportação, ressalta que os benefícios para empresas que se internacionalizam aparecem rapidamente e que a diminuição de riscos é um dos mais claros.

“A vantagem que a gente consegue ver logo de cara é que diversificar mercados, fornecedores e clientes contribui para que o negócio não fique só na mão de uma economia. Diversificar é importante para diminuir riscos. Também traz um conhecimento maior, modernização para o produto e para o processo fabril. A internacionalização impõe que você se modernize e implante novas tecnologias. Demanda tempo, certo investimento, mas é necessário para conseguir novos mercados”.

Por meio da B.ON, uma das empresas do grupo, que produz roupas fitness tecnológicas, a Rosamaria já exporta para 14 países, incluindo África, Europa, América do Norte e a região do Mercosul. “Todo ano fazemos um investimento em internacionalização. Ainda há o que melhorar, a plataforma da B.ON ainda não está 100% adaptada para o comércio exterior em questão de tradução, método de pagamento. Temos um pouco de dificuldade nisso, não exploramos tanto, mas temos uma boa demanda”.

Por meio da B.ON, Grupo Rosamaria exporta para 14 países | Foto: Bruno da Silva/O Município

Isenções fiscais

Empresas que buscam a internacionalização são beneficiadas ainda com isenções fiscais do governo, que incentiva a busca por novos mercados. Com isso, o poder público busca compensar dificuldades e gerar competitividade para a economia brasileira no cenário internacional por meio da implementação de uma série de benefícios.

Dentre as isenções, estão a redução tributária para empresas, impostos como IPI, PIS, Cofins e ICMS são desonerados na exportação. O sistema de drawback, que não é considerado subsídio pelas regras dispostas em acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), é um dos mecanismos utilizados no Brasil e também em diversos países do mundo para estimular as exportações.

A Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) destaca que a existência desses mecanismos se insere na própria estrutura do comércio internacional, que se pauta pelo chamado princípio do destino, segundo o qual as mercadorias comercializadas entre os países devem ser tributadas no local de destino. Portanto, não se deve “exportar tributo”.

Para que a concorrência no mercado externo seja mais isonômica, os mais diversos países do mundo tratam de instituir ferramentas pelas quais suas exportações não carreguem resíduos tributários incidentes ao longo de suas cadeias produtivas. De acordo com a secretaria, o drawback figura no Brasil como instituto fundamental para alavancar a competitividade dos produtos nacionais no mercado global.

Através deste regime, se permite que a importação ou aquisição no mercado interno de insumos a serem empregados ou consumidos na industrialização de bens destinados à exportação seja desonerada de tributos, aumentando a competitividade do produto nacional. O regime pode ser utilizado por empresas que fazem transformação, beneficiamento, montagem, renovação ou recondicionamento de produtos.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Fazenda, em janeiro de 2022, as exportações com drawback no Brasil somaram US$ 4,6 bilhões, equivalentes a 23,4% do total exportado no período. Já as importações, por sua vez, atingiram US$ 541,6 milhoes, 2,7% do total de US$ 19,8 bilhões no período.


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