Para que a 22ª edição da peça Paixão e morte de um Homem Livre aconteça, os mais de 470 voluntários tiveram que colocar a mão na massa durante os últimos meses. Parte desse número, mais especificamente 380 pessoas, são atores.

O trabalho começou pouco tempo depois da última edição, em 2017. No entanto, é no ano da peça que as atividades ficam mais intensas com a montagem de palco e os últimos detalhes do cenário que levam mais tempo para ficarem prontos.

Proximidade com o público
Todos os anos o palco da peça Paixão e Morte de um Homem Livre passa por reformulações. Para esta edição, os 700 metros quadrados da estrutura têm o intuito de aproximar mais o público. Por esse motivo, a cena da crucificação será realizada no palco central, que conta com 78 metros de comprimento, diferente das edições anteriores na qual a cena ocorria no morro da igreja São Cristóvão.

Ao todo 700m² compõem os cinco palcos do espetáculo / Foto: Arquivo AACSP

A equipe começa a trabalhar nos palcos logo após a entrega do roteiro. Eles conversaram com a diretora da peça, Rejane Habitzreuter Schlindwein, para definir os detalhes antes de iniciarem o planejamento da estrutura. Neste ano foram construídos cinco palcos que totalizaram 3 mil tábuas de caixaria, mais de 360 quilos de pregos, 1,9 mil estacas e 195 chapas de madeirite.

Conforme a coordenadora da equipe de cenografia, Marina Carminatti Zen, a partir dessa conversa inicial são combinadas quais cenas serão realizadas em cada palco. “Como o teatro abre uma cena de um lado e depois precisamos que esse palco fique escuro para ter a troca de cenários, a cena vai para o outro lado”, explica.

Para que essa troca entre palcos aconteça, a equipe de contrarregras fica responsável por essa tarefa. Marina explica que a cenografia pensa em uma estrutura que facilite o trabalho deles na hora das mudanças.

“Não nos baseamos nos últimos para criar os novos, buscamos em cima de outras ideias criar um novo cenário. Por isso temos um público tão fiel porque sabe que toda vida alguma novidade vai ter. Sempre surpreende”, revela Marina.

Últimos detalhes do cenário são definidos / Foto: Eliz Haacke

Ferimentos de Jesus
A equipe de maquiagem artística é responsável por produzir os ferimentos em Jesus conforme ele é machucado. Para que isso acontece, as profissionais utilizam 15 tubos de sangue artificial e 10 pacotinhos de massa para ferimento artificial. A massa é colada na pele para imitar os rasgos produzidos com as chicotadas. Já o sangue artificial é colocado ao redor desses ferimentos e da cabeça onde fica a coroa de espinhos.

As maquiagens são feitas na hora, pois os personagens que interpretam Jesus só aparecem com os machucados próximo do fim da peça. A equipe precisa correr contra o tempo para maquiar os atores.

Segundo a coordenadora da equipe de maquiagem artística, Vanessa Dietrich Carminati, as voluntárias têm um intervalo entre as cenas 12 e 22 para produzir os ferimentos que demandam mais tempo.

“Vamos fazendo e prestamos atenção com o ouvido para ver onde está (a peça) e fazendo o que dá no tempo certo”, explica.

O método utilizado por elas é o mais rápido possível. Segundo Vanessa, se o tempo não fosse corrido, as maquiagens seriam ainda mais caprichadas. Vanessa confessa que não é possível mensurar o tempo que as voluntárias têm para maquiar os atores que interpretam Jesus.

Existem duas equipes de maquiagem, a artística, que foca em Jesus Cristo, e a outra atende os demais personagens / Foto: Eliz Haacke

Depois as profissionais também precisam fazer a limpeza do personagem após o sepultamento para que ele possa aparecer limpo na cena da ressurreição. “Na cena final do teatro, onde aparecem todos os personagens no palco, já é um costume todos os Jesus aparecerem iguais, todos ressuscitados”, esclarece.

Além disso, a equipe de maquiagem e cabelo também utilizaram 32 batons, 60 tubos de base, 25 pós compacto, 27 lápis de olho, 22 rímel e 20 embalagens de demaquilante.

Szafir no espetáculo
Desde 2015 a AACSP contrata um ator famoso para enriquecer mais o elenco. Para este ano o escolhido foi Luciano Szafir, que dará vida a Pôncio Pilatos. O ator já participou de outras produções bíblicas como a série Milagres de Jesus, na qual fez o personagem Efraim, e da novela Os Dez Mandamentos, como Meketre Haddad, ambas produções da Record TV.

Na mesma emissora, fez trabalhos como Vidas Opostas e Rebelde. Szafir também atuou em diversas novelas da TV Globo entre 1997 e 2001, como O Clone e Uga Uga.
Ele também atuou nos filmes Os Dez Mandamentos (versão da novela) e em Nossa Senhora de Caravaggio.

O ator já participou de algumas edições da peça Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, onde fez o papel de Pôncio Pilatos em 2001, e Jesus Cristo em 2003 e 2006.

Szafir já foi casado com a apresentadora Xuxa Meneghel e ambos são pais de Sasha Meneghel Szafir. Ele também é pai de Mikael e David Szafir.

Números
472 voluntários, destes 380 atores e 100 pessoas integrantes da equipe técnica
700m² de palco, totalizando 78 metros de comprimento e 5 palcos
3 mil tábuas de madeira, 1,9 mil estacas de madeiras, 195 peças de chapas de madeirite e 365 quilos de pregos utilizados na construção dos palcos
aproximadamente 300 itens de objetos do cenário
380 figurinos
65 dançarinas

Acessórios: 60 capacetes, 40 braceletes, 40 acessórios em geral, 320 pares de sandálias, 10 perucas, 22 lanças, 46 espadas, 24 escudos e 9 cornetas

8 ensaios em palco, totalizando 120 horas
4.720 lanches fornecidos
200 pontos de iluminação, totalizando quase 200 mil watts
20 pontos de som espalhados, som tridimensional
25 latas de tinta spray

Maquiagens: 15 tubos de sangue artificial, 10 pacotinhos de massa para ferimento artificial, 32 batons, 60 tubos de base, 25 pós compacto, 27 lápis de olho, 22 rímel, 8 spray de cabelos, 10 caixas de cotonetes, 3 pacotes de algodão, 20 embalagens de demaquilante, 3 caixas de grampos.