A produção das mineradoras de Botuverá abastece produtores e empresas locais, da região do Médio Vale do Itajaí.
Por outro lado, boa parte dos minérios refinados pela indústria botuveraense viaja centenas de quilômetros de distância para chegar ao seu destino.
É que as mineradoras também vendem o produto para diversas cidades de Santa Catarina e também do Rio Grande do Sul, envolvendo uma grande rede de transporte que faz do tráfego de caminhões o principal na geralmente pacata rodovia Pedro Merisio, a SC-486, que corta o município.
São quase uma dezena de produtos que saem, diariamente, nos caminhões próprios e na frota terceirizada, levando brita, calcário agrícola, rachão, macadame, produtos para a indústria cerâmica, entre outros.
No caso da Mineração Rio do Ouro, dependendo do tipo de produto, mais longa é a viagem.
Segundo Eduardo Barni, administrador da empresa, o calcário industrial e materiais vendidos para o setor de construção civil circulam regionalmente, indo a todas as partes do mapa catarinense.
As viagens mais longas, contudo, são feitas pelos caminhões que transportam calcário agrícola. Metade da produção da empresa fica em Santa Catarina, e a outra metade é distribuída no Rio Grande do Sul.
A partir de Lages, o calcário agrícola produzido em Botuverá entra em solo gaúcho. Ele é distribuído, principalmente, em cidades próximas a Vacaria e Lagoa Vermelha, cidades do Norte do estado.
“[O calcário] é vendido em todas as cidades próximas a essas”, explica Barni, o qual também informa que menos de 50% do transporte é feito com a frota própria da empresa; ou seja, veículos terceirizados levam a maior parte dos produtos produzidos na mineradora.
José Manoel Werner, administrador da Calwer Mineração, afirma que a empresa trabalha com duas formas de expedição. Os caminhões próprios da empresa levam os produtos em destinos cuja distância é equivalente a Joinville, no Norte do estado.
Eventualmente, a frota da empresa também é deslocada para entregas no Rio Grande do Sul, onde o calcário agrícola é o principal produto comercializado.
A empresa também recebe muitos caminhões próprios dos clientes, os quais vêm do Rio Grande do Sul e de todo o estado buscar os produtos direto na fonte.
“Nossos clientes externos vêm aqui buscar. É bastante espalhado, há caminhões do Oeste catarinense, basicamente todo o estado”, afirma.
Segundo Werner, saem da empresa, mensalmente, caminhões carregados com carga equivalente a 50 mil toneladas, juntando todos os produtos vendidos pela mineradora.
Tempo de duração das jazidas é incerto
Ambas as mineradoras de Botuverá não conseguem apontar precisamente quanto tempo durarão as jazidas que exploram.
Além dos estudos de impacto e sondagens feitas periodicamente, eles se orientam por fatores mais simples: para saber o quanto já foi explorado e o quanto ainda há a explorar, é preciso observar o tamanho dos morros onde ficam as jazidas, sua metragem e quanto ela tem diminuído ao longo dos anos.
José Manoel Werner, da Calwer, afirma que, teoricamente, a exploração é infinita. Na prática, porém, diz que essa palavra não pode ser utilizada.
“A gente não pode dizer infinito, porque muita coisa pode acontecer, no meio do caminho, mas teoricamente a exploração aqui é infinita”.
Werner explica que a exploração das jazidas em Botuverá é mais sustentável do que, por exemplo, a exploração de uma mina de carvão. Como as empresas produzem diversos produtos, quase nada é descartado.
No caso do carvão, as detonações visam a extração unicamente deste minério, e todo o resto é descartado, reduzindo o tempo de exploração da lavra – local onde ficam as jazidas.
“Como aqui se tira diversos materiais tentando aproveitar ao máximo, acaba diversificando os produtos e aproveita mais material”, explica. “Não se joga nada fora e isso acaba fazendo com que o tempo de mineração aumente”.
Na mineradora mais antiga em atividade no município, a história não é diferente.
“Não conseguimos precisar quanto tempo mais dura. Temos um bom volume [para explorar] mas não dá para precisar”, diz Eduardo Barni, da Mineração Rio do Ouro.
O gerente da empresa, Sálvio Colombi, explica que o plano de aproveitamento econômico é renovado a cada dez anos, e essa é a única previsão mais completa que a empresa tem.
“É feita a sondagem [no solo] mas não tem como saber ao certo, porque está enterrado”.
“Na nossa jazida principal o morro está a 300 metros de altura, e dá para explorar até chegar a zero. Não temos um quantitativo exato, mas mais de 100 anos a gente tem material para explorar”, diz Werner.