Ou o Brusque acorda, ou vai passar por seu mais vergonhoso rebaixamento
Quadricolor apresenta um futebol miserável e não tem perspectiva alguma de melhora
Quadricolor apresenta um futebol miserável e não tem perspectiva alguma de melhora
O Brusque está próximo de ter o rebaixamento mais vexatório de sua história. Com um time caro e base vice-campeã da Série C do Brasileiro, pode cair para a segunda divisão estadual após nove anos seguidos na elite. O desempenho já é uma vergonha enorme, que será ainda maior caso o rebaixamento se concretize.
Há o problema, agora facilmente aferível, na construção do elenco para este ano. Os reforços não acrescentaram em absolutamente nada.
No meio-campo, há cinco volantes e nada mais. E o descartado Diego Mathias poderia ser útil no Catarinense. Everton Bala, que algumas vezes jogou mais no meio, e que atuou em todas as 27 partidas da Série C, não teve reposição à altura.
Há também uma insistência esquisita de Luizinho Lopes em Ronei como titular. Cristovam teve poucas chances, e salvou o time da derrota em Concórdia. O torcedor começa a ter saudades de Toty e Danilo Belão.
O que se vê é um time inofensivo, sem criatividade, que sofre para ameaçar Nação e Inter de Lages. Basta um goleiro adversário num dia mais inspirado, e pronto.
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Não é à toa que Luizinho Lopes já demonstra que fez tudo que podia fazer. Desesperado, vendo que é mais fácil o Dragão de Guabiruba ser real e cuspir fogo do que seu time abrir um placar, coloca cinco atacantes em campo e parte para o abafa. Leva 20 minutos do segundo tempo para ter uma finalização. A equipe não passa pelo baixinho e inspirado goleiro César Tanaka, não tem mais defesa, toma um contra-ataque e o gol. Jogadores saem de campo sem falar com as rádios, sem dar satisfação ao torcedor, e fica por isso mesmo. Três dias depois, repetem o mesmo futebol miserável.
O Inter, tentando se restabelecer no cenário estadual, jogou na quinta-feira contra o Nação. Teve menos descanso, saiu de Lages, correu como se a vida dependesse do jogo contra o Brusque e saiu com três pontos. É um time que sabe como jogar com o que tem. Evandro Guimarães já fazia isso antes, mas não conseguia vencer. Márcio Marolla chegou e venceu os dois jogos que disputou.
Conferir os jogos das próximas rodadas é arriscar ter uma crise de ansiedade. Na quarta, 14, a Chapecoense pega o Inter na Arena Condá. Na quinta, 15, Brusque pega o Criciúma no Heriberto Hülse. A tendência óbvia é que o Brusque entre na zona de rebaixamento nesta semana. Qualquer coisa que aconteça diferente disso será uma surpresa enorme.
Depois, o Brusque tem Hercílio Luz em “casa”, Avaí fora e Marcílio Dias em “casa”. Tem que estar desconectado da realidade para ser otimista neste cenário. Com base na atualidade, com um time que perde para os recém-chegados da Série B e tem que fazer um esforço enorme para empatar com Joinville e Concórdia, há zero perspectivas de melhora para os próximos jogos. É mais fácil cair do que se classificar.
E se o Brusque ganhar tudo que falta e se classificar, não terá feito mais que a obrigação. Capaz ainda de fazer menos que a obrigação, porque o aceitável seria ficar entre os quatro primeiros.
Se é possível tirar algo de bom disso é que, sem público permitido no varzeano Estádio das Nações, o torcedor não precisa sair de casa. Não precisa pegar o carro para ser feito de trouxa, assistindo a um time cujo futebol não vale os R$ 30 do ingresso.
Desde o título da Série D, em 2019, o Brusque elevou seu patamar no futebol catarinense e brasileiro. Basta ver o calendário quadricolor desde então. Transita entre Séries B e C, Copa do Brasil. Um rebaixamento no Catarinense seria um enorme retrocesso aos patamares pré-2019. É um cenário inimaginável, que se via praticamente impossível de voltar a acontecer, ou pelo menos voltar tão cedo. Mas que começa a se aproximar.
Uma coisa é o Criciúma, com seu tamanho, estrutura e torcida, cair para a B estadual. O rebaixamento foi em um momento de crise, quando já quase havia caído para a Série D do Brasileiro no ano anterior. Se recompôs, jogou B do Catarinense e B do Brasileiro e foi bem nas duas.
Outra coisa é o Brusque, que há 36 anos vende o almoço pra comprar a janta, cair para a B estadual. Seria retroceder quase uma década de progresso. Em 2025 teria calendário só a partir de maio e teria que se virar no Campeonato Brasileiro. E as coisas precisam mudar muito para, em 2024, não ser favoritaço a rebaixamento na Série B nacional como um enorme saco de pancadas, a ponto de até o mais fanático marcilista ter pena.
De todos os rebaixamentos do Brusque, este seria o mais vergonhoso, comparando a disparidade de sua realidade com a de sete dos 11 adversários, que estão na Série D do Brasileiro ou sem divisão. O Criciúma, quando caiu, vivia uma grande crise desde a temporada anterior, diferente do Brusque, que vem de um vice-campeonato da Série C. É uma decepção ainda maior.
Ainda dá tempo de reverter a situação, de mudar bruscamente os rumos deste trem desgovernado rumo ao precipício. No pior momento de 2023, o time mudou da água para o vinho após reunião da diretoria com jogadores e comissão técnica. Alguma mágica deste tipo precisa ser feita para anteontem.
O Brusque olha para o abismo. O abismo está olhando de volta. Se algo não mudar, o abismo leva.
Após vir a Brusque para trabalhar em bar, paranaense abre dois restaurantes na cidade: