Claro que eu já simpatizava com a personagem antes de conhecê-la. Em um mundo cheio de homens (homem-morcego, super-homem, Aquaman, homem aranha…), ter uma mulher-alguma-coisa já chamava minha atenção. E muito além de ser uma adaptação dos quadrinhos, o filme traz uma personagem interessante e até um pouco cômica, encarnada por uma atriz carismática, talentosa e belíssima.

Para o conhecedor leigo, o sujeito que sabe o nome dos personagens, mas não sabe quem eles são, existe um antes & depois da Mulher-maravilha. O filme é uma grande e irônica analogia o mundo real, nele descobrimos Diana, princesa de Temiscira. Uma mulher que durante anos se esforça para dominar a arte de ser uma amazona e defender aqueles que não podem defender a si mesmos. Ou como a personagem diz, dar voz a quem não tem. Mas apesar da beleza, inteligência e força privilegiadas, Diana nasceu mulher, e vem ao mundo encontrar homens que não a merecem.

Ela encontra uma humanidade sedenta por poder – seja através de guerra ou política, e mesmo que sua voz pareça baixa demais em uma sociedade dos anos 40, ela encontra aliados ao lado de quem valha a pena lutar. Não por merecimento, e sim pela possibilidade de ser fiel aquilo em que acredita, e que mesmo sendo parte de nós, nem sempre é tão óbvio assim.

O que prendeu minha atenção é que podemos ver em Diana uma reprodução de qualquer mulher, de qualquer pessoa! Entendo Temiscira como nosso universo particular (nossa história), repleto de desafios e batalhes que somente aquele que vive pode entender. E todo o esforço da personagem em ser mais forte, em descobrir seu propósito e o que realmente queria… tudo isso tem muito de humano: aquele que incansavelmente busca sua essência e real razão para estar – e continuar – vivo.

 

Eduarda Padoin – Psicóloga Clínica