Guabiruba é reconhecida por ser majoritariamente alemã, mas, pelo menos na culinária, os guabirubenses têm o coração dividido. Um grupo de voluntários é famoso pelas massas italianas que faz. As receitas foram aprendidas com os pais, na infância, e ainda hoje conquistam o paladar da população.

Às vezes eu ia junto ajudar a mãe nos casamentos que ela fazia. Ajudava fazendo de tudo: macarrão caseiro, orelha de gato, etc. Dos homens, fui eu que mais herdei esse gosto

Márcio Colombi, natural de Botuverá, mas morador de Guabiruba há 13 anos, é o “líder” do grupo. Juntos, eles fazem comida italiana em paróquias da região. A polenta com galinha velha ou o aipim com bacon são quase uma unanimidade.

Colombi aprendeu a cozinhar com a mãe quando era criança e morava no Lageado, em Botuverá. “Às vezes eu ia junto ajudar a mãe nos casamentos que ela fazia. Ajudava fazendo de tudo: macarrão caseiro, orelha de gato, etc. Dos homens, fui eu que mais herdei esse gosto. Somos em 11 irmãos, e todos cozinham”, conta.

Como herança, ficaram algumas das receitas à moda antiga. “Não uso máquina para cortar frango, corto tudo na mão”, revela. A tradicional polenta cortada na linha é uma das iguarias feitas por Colombi – e pedida por muitos.

Márcio e Ivan ajudam na preparação da polenta com galinha. Crédito: Eliz Haacke

É por isso que ele, assim como Ivan, André, Ernesto e outros, é voluntário. Não ganham um tostão para ir às igrejas fazer comida italiana, mas vão porque gostam, como uma forma de agradecimento à comunidade.

Colombi faz polenta na Capela Nossa Senhora da Imaculada Conceição, no Jardim Maluche, em Brusque, há 26 anos. Em Guabiruba, faz mais de uma década que, junto com os colegas, participa das festas em diversos bairros.

Ao falar de comida italiana em Guabiruba, o primeiro nome que vem à cabeça é o de Colombi. Há sete anos, ele também realiza a Festa Italiana, que em 2017 foi no dia 20 de maio, com o objetivo de perpetuar a cultura italiana e integrar a comunidade.

“Dá muito trabalho, cansa muito, mas é a alegria e o dom de cozinhar. Às vezes, eu levanto e penso ‘não vou mais’, mas aí não vejo a hora de estar cozinhando de novo”, conta, aos risos.

Ainda que tenha recebido o conhecimento culinário da mãe, Colombi também “inventa na cozinha” e muda um pouco os pratos quando é possível. Ele gosta de usar queijo colonial. Achar o produto não é fácil, mas ele tem conseguido. Os queijos encontrados nos mercados, argumenta o cozinheiro, não são tão bons.

Nas festas, os pedidos variam, mas, de modo geral, a boa polenta com galinha velha, o aipim com bacon e o macarrão lideram a preferência do público. Colombi ressalta que há uma equipe por trás da preparação destes pratos. “Sozinho ninguém faz nada, eu estou à frente, mas é só pedir que eles estão comigo”.

A gente não ganha em dinheiro, mas, em compensação, ganha saúde

Ivan Schlindwein, de Guabiruba, tem sobrenome alemão, mas o estômago, pelo menos, é italiano. Assim como Colombi, faz parte do grupo folclórico Tutti Buona Gente (Todas boas pessoas, em português), e há sete anos ajuda nas festas fazendo a boa comida italiana.

“A minha história com a comida vem de muito cedo, de criança, ajudando a mãe em casa. A gente foi crescendo e gostando. Fomos convidados a ajudar nas paróquias, então estamos fazendo direto a comida”, diz.

Schlindwein reveza-se com os demais do grupo para mexer o panelão de polenta. Exige força, resistência e não é fácil. O trabalho não remunerado, no entanto, é motivo de confraternização entre as pessoas da cozinha e de felicidade para ele.

“A gente não ganha em dinheiro, mas, em compensação, ganha saúde. A recompensa vem através de Deus, por isso somos voluntários e fazemos por amor”, afirma Schlindwein.