Você vai ao supermercado, com a cabeça cheia de ideias nutritivas. E volta para casa cheia de embalagens. Os tomatinhos estão acomodados em uma linda caixinha plástica, com uma cinta de papelão ao redor. O grão da moda está acondicionado em um saquinho vedado, dentro de uma caixa colorida, bonita, grande… grande demais para o seu conteúdo, aliás. Tudo para ficar mais visível e atraente.

Você lê com atenção cada rótulo, fazendo questão de comprar o mais orgânico, o mais livre de transgênicos e químicas suspeitas. Você é  super pós moderna e olha com condescendência quem ainda acredita nas verdades da indústria alimentícia.

Mas você deixa pegadas no mundo. E não são leves. As caixas, as sacolas, os potes, as garrafas… tudo o que leva para casa, junto com suas compras escolhidas a dedo, são sobras. Você separa o lixo e considera sua parte plenamente realizada.

Mas… para onde vai o seu lixo separado? Ele realmente tem lugar em um novo ciclo de utilização ou vira mais um amontoado de restos da nossa civilização, entulhados em algum canto menos visível do mundo?

Faz algum tempo, o programa Cidades e Soluções, da Globo News, mostrou uma rede de supermercados, na Europa, que só vende produtos a granel. Cada consumidor leva seus potes de casa, pesa na entrada para descontar do peso dos itens que está comprando e… pronto. Menos embalagens para descartar. Outra matéria mostrou uma rede se lojas (na falta de palavra melhor) que funciona assim: você paga uma mensalidade e pode ir lá “alugar” objetos de uso eventual. Afinal, quem realmente precisa de uma furadeira ou de uma batedeira em casa?

Nós vivemos um impasse. A economia precisa girar. Nós precisamos gastar para ganhar. Mas também temos que perceber que reduzir o consumo é o único caminho para não acabar com a vida neste nosso planetinha. Por onde começar? Ainda dá tempo?

Enquanto isso… quantas embalagens você vai jogar fora hoje?

 

 

Claudia Bia – jornalista e hipócrita arrependida