Gisela Gracher Stieven, 57 anos e Vânia Gracher Baran, 68, cresceram dentro de um negócio familiar que se reinventava o tempo todo. A base para o sucesso de um empreendimento que se mantém há mais de 110 anos? As filhas mesmas respondem: a dedicação e o trabalho de uma mulher virtuosa: a sua mãe, Nayr Gracher, de 87 anos.
Nas mãos trêmulas e na voz fadigada, um olhar de quem sabe o quanto o esforço de uma vida toda foram fundamentais para a realização de um sonho. Iniciada pelo sogro de Nayr – Carlos Gracher -, em 1905, a antiga hospedaria de Brusque se tornou impulsionadora de outros tantos negócios da família – bares, salas de cinema, restaurantes e shopping center.
Porém, para que essa história pudesse ser contada hoje, a empresária passou por uma labuta, que sacrificou-lhe, muitas vezes, do próprio convívio com os filhos. Além de Gisela e Vânia, ela é mãe de Carlos Gracher Neto, que administra em Balneário Camboriú o Hotel Gracher Praia, que também é da família.
Casada com Arno Carlos Gracher, falecido há 35 anos, foi Nayr que por trás das cortinas arquitetava com zelo e serenidade os negócios. Enquanto o marido administrava, ela estava ligada no “220 volts”, cuidando dos quartos, da alimentação e de cada cantinho do hotel, para que os hóspedes sempre se sentissem em casa.
Hoje, um pouco mais enfraquecida, Nayr não abre mão da troca de ideias com as filhas e de almoçar todos os dias no restaurante do shopping, e como brinca Gisela, que hoje administra o negócio, de dar uns palpites.
Minha mãe é uma batalhadora, forte como empresária e mãe, que sempre tocou com propriedade os empreendimentos. Só tenho que agradecer por tudo o que recebi dela.
Gisela Gracher Stieven
“A gente cresceu dentro de uma empresa que reformava o tempo inteiro, se reinventava o tempo inteiro. Já teve restaurante a la carte, restaurante dançante, fábrica de sorvete, cinema mudo. Sempre foi uma evolução constante, ebulição o tempo todo, fomos criadas dentro disso”, conta.
Nayr recorda que as viagens do casal, que somente eram feitas quando o hotel tinha menos movimento e sem os filhos, eram para trazer novidades para o empreendimento. Qualquer detalhe, desde a decoração até o cardápio, geralmente observado em São Paulo – local onde frequentemente iam -, era trazido ao município.
“Eu sempre peço que eles (filhos) cuidem daquilo que deu tanto trabalho para nós. Nada veio de graça e foi conquistado com muita perseverança. Às vezes nem acredito que tenho uma filha com mais de 50 anos e outra com mais de 60. Será que é verdade que são minhas mesmo?!”, diz Nayr, que destaca que é gratificante ter o apoio e a presença delas ao seu lado até hoje.
“Se elas não estivessem no hotel provavelmente ele não existiria mais. Hoje eu não tenho mais força pra lidar no hotel. Só olho e pergunto para o recepcionista quantas pessoas estão hospedadas”, diz a matriarca da família e do negócio.
Mola-mestre
Para Gisela, a maneira como Nayr conduziu a empresa foi a “mola-mestre” para que dessem continuidade aos negócios. Ela considera que qualquer empreendimento, profissional ou pessoal, precisa de uma base familiar e isso nunca faltou em casa.
“O pai e a mãe tiveram uma parceria que mesclava o casamento e o negócio. Minha mãe é uma batalhadora, forte como empresária e mãe, que sempre tocou com propriedade os empreendimentos. Só tenho que agradecer por tudo o que recebi dela, que soube cobrar quando precisava, mas também passar a mão na cabeça quando necessitávamos”.
Vânia, a filha mais velha e que atualmente administra o hotel, afirma que a honestidade, a serenidade, persistência e o trabalho são as marcas de sua mãe e é isso que ela leva para a sua família. “Ser mãe é maravilhoso, é uma tarefa trabalhosa todos os dias, pois não deixamos de ser mãe quando os filhos crescem, a gente é mãe a vida toda”.