Eu poderia continuar aqui por mais de uma página, te perguntando sobre alimentos, comidas, produções, temperos e muito mais.

O caso é que o nosso Brasil é muito grande e fica complicado de conhecer muitos pratos e preparações de regiões mais distantes. Quando pensamos em ingredientes, frutas, raízes, peixes, répteis, aves, sementes… etc… aí então, fica bem mais complicado, pois a grande maioria desses alimentos não chega pra comercialização aqui na nossa região.

Outra questão que dificulta nosso conhecimento e familiaridade gastronômica é a economia, que não nos permite fazer tanto turismo quanto gostaríamos. É financeiramente desafiante conseguir percorrer esse Brasilzão de sul a norte e experimentar todos seus sabores. Sempre fico desapontada quando encontro opções onde é mais caro viajar ao norte de nosso país do que para a Europa.

Tem também as nossas limitações, que nos fazem retroceder perante a possibilidade de experimentar novos sabores, de sair da zona de conforto e degustar o desconhecido. Não permitindo aguçar o paladar e a criatividade, não encorajando a boca a saborear o inexplorado, o incógnito. Quando nos deparamos com ingredientes ou preparações desconhecidas, verificamos que esse é um momento desprovido de segurança, em se tratando de comida, e geralmente não nos atrai. Até porque temos uma memória ancestral gravada que certos alimentos podem nos fazer convalescer, inclusive nos conduzir ao mal maior e essa luzinha no fim do túnel, às vezes acende e nos impede de prosseguir corajosamente rumo ao novo gosto.

Dadas algumas considerações dificultadoras, que tal concedermos uma chance à nossa gastronomia brasileira? Proponho sairmos um pouco da mesmice das nossas influências alemã, italiana, polonesa e nos arriscarmos em algo mais instigante – aqui não me entendam mal, não estou sugerindo “abandonar” nossos influencias que são maravilhosas, mas sugiro experimentar sabores novos, só pra variar. Visto que, se eu perguntar se você já comeu um refogado de taioba, ou um olhete ou uma palombeta assados… O que me respondem? Temos uma gastronomia Brasileira aqui pertinho, em nosso estado, disponível, e eu garanto que você vai se surpreender de forma positiva.

Seguramente os novos sabores vão conquistar vocês, a riqueza e intensidade dos aromas e gostos vão encantar seu paladar. Experimentem!

Em São Paulo recomendo o restaurante Tordesilhas da Chef Mara Sales.

FOTOS DOS PRATOS DO REST.

 

Moqueca Capixaba – ES

Porções: 1 panelinha capixaba

400gr postas de robalo ou badejo
250gr de tomate em fatias
60gr de cebola picadinha
2 dentes de alho picadinhos
1/3 de maço de coentro picadinho
1/3 de maço de cebolinha verde picadinho
1/3 de maço de salsinha picadinho
½ limão (sumo)
Sal a gosto e Pimenta dedo de moça a gosto
40 ml de Óleo de milho
15 gr de Sementes de urucum

Modo de Preparo:

Temperar o peixe com sal e limão. Reservar. Preparar o óleo do urucum, aquecendo levemente o óleo com as sementes e quando ele estiver tingido, remover as sementes e jogar fora.

Em uma moquequeira frigir a cebola e o alho no óleo de urucum até dourar. Juntar os tomates, cebolinha, pimenta. Cozinhar até desmanchar os tomates, colocando um pouco de água.

Juntar o peixe e o coentro e cobrir com o molho da panelinha. Cozinhar até as postas estarem macias. Servir com arroz e farinha d’água.

 

Bambá de couve – MG

 

250gr de Linguiça calabresa cortada em fatias finas
30gr de bacon carnudo picadinho
100gr de Fubá fino
1l de caldo caseiro de frango (ou mais se for o caso…)
10gr de banha de porco
4 dentes de alho picadinhos
1 cebola pequena picadinha
3 folhas de louro fresco (quem puder tenha um pé em casa ou no condomínio)
1 maço de couve mineira cortada finamente
Cebolinha verde e salsinha picadinhas para temperar.

Modo de Preparo:

Tostar o fubá até ficar crocante SEM ESCURECER. Colocar em outro recipiente e dissolver com um copo de água fria. Reservar.

Em uma panela, frigir o bacon, juntar a cebola, o alho e a cebolinha, sem deixar escurecer. Adicionar o caldo e misturar o fubá dissolvido e ferver por 10 – 15 minutos até virar uma sopa cremosa.

Separadamente em uma frigideira, colocar um pouco de óleo e dourar a linguiça. Separar o óleo formado e adicionar as linguiças na sopa, ferver por 5 minutos e finalizar com a couve, salsinha e a pimenta.

OBS = Caldo caseiro de frango preparado com carcaça, cebola, cenoura, alho, salsinha e louro, tudo cozido sem fritar para o caldo ficar claro.

Experimentem também o Barreado dos vizinhos Paranaenses!


Michelle Kormann da Silva
– gastrônoma