Convite: Noite de lançamento do livro “Spleen”
Quando: 15 de março, às 19 horas
Local: Salão Cristo Rei, Guabiruba
Aberto: à toda comunidade
Sobre a obra: O Spleen ecoa pelos versos das suas 39 poesias, estas adentram no universo feminino e relatam amores e (des)amores, expectativas e frustrações. Entre beijos e sorrisos, silêncios e poesias, noites escuras e luas abrasivas. O relato de um retorno verbal aos clássicos de cada autor, ao próprio passado vivido, em companhia de Machado de Assis, Luís de Camões, José de Alencar, William Shakespeare, Oscar Wilde, Homero, Robert Louis Stevenson, Goethe, Baudelaire, Rimbaud…
“a verdade fica mais bonita nua”. Arthur Schopenhauer
Chegando o dia do lançamento do meu segundo livro, o “Spleen”, decidi ler o livro A arte de escrever, do filósofo alemão, Arthur Schopenhauer. Algo me dizia que me prepararia para o dia após, para os novos projetos: “O canto do cisne” e o meu primeiro romance “M de Virginia Woolf”.
Uma das coisas que descobri foi de que embora, escrever seja uma técnica, para alguns uma profissão, o autor de uma obra, oferece ao leitor, o equivalente à sua disposição. Eis, a diferença entre as obras quaisquer e aquelas com maior potencial de tornarem-se atemporais. Fora isto, o leitor, absorve somente aquilo que precisa. E em seguida desaparece, em meio a uma infinita potencialidade de saberes que se espalham por todos os lados.
“A palavra dos homens é o material mais duradouro. Se um poeta deu corpo à sua sensação passageira com as palavras mais apropriadas, aquela sensação vive através de séculos nessas palavras e é despertada novamente em cada leitor receptivo”
Cada escritor, fala a sua língua e traduz o seu mundo simbólico em palavras, aromas, cheiros, conforme o autoconhecimento que tem de si e o domínio da forma. Proporcionalmente, será a facilidade em conhecer o estilo do autor, que é “a fisionomia do espírito” dele.
“Scribendi recte sapere est principium et fons – O saber é o princípio e a fonte para se escrever bem”, sentença de Horácio.
Schopenhauer, é um defensor, da “originalidade, do pensamento por si mesmo, do caráter de resolução e determinação, da clareza, da simplicidade”. Citando Ariosto: “Lo fece natura, e poi ruppe lo stampo – A natureza o fez, depois perdeu o molde”. Uma ode: aos que “pretendem parecer que têm algo a dizer, quando não têm coisa alguma”. Para ele existem apenas dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever.
No caso da minha experiência como escritora, vejo que o ofício é equivalente a presença de quem se ama. E o luxo literário, é o esgotamento dos exemplares da obra. É uma relação digestiva, onde o mastigado alimenta o ente criador.
Exigente, argumenta que a maioria dos livros são ruins e não deveriam ter sido escritos. Ensina ao escritor a ter parcimônia: “… é preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela. Diga o que tem a dizer como uma pessoa deste mundo! ”
Palavras como preciosismo, solenidade, formalidade, afetado, obscuridade, subjetividade, não cabem no dicionário do filósofo. Para Schopenhauer, “toda palavra supérflua age diretamente contra seu objetivo”. Para Voltaire, “o adjetivo é inimigo do substantivo”.
Para mim, o eterno exercício de:
escrever: o que é digno de ser dito!
Méroli Habitzreuter – escritora, pintora e ativista cultural