A Fischer Fios participou do primeiro desfile totalmente artesanal do Brasil na quarta-feira, 26, em São Paulo. O Artesanal Fashion Day reuniu diversos modelos e teve materiais trazidos diretamente de Brusque. Parceira da empresa há três anos, a artesã Jussara da Silva foi responsável pela produção das peças do desfile, todas feitas à mão. Para o evento, ela criou os trajes de um casal indígena, reinterpretados em uma estética contemporânea.

Com 50 anos de experiência em crochê e tricô, Jussara iniciou sua jornada no artesanato como hobby, conciliando a atividade com sua carreira no setor educacional. Em 2015, decidiu abrir seu próprio ateliê e passou a firmar parcerias com marcas e outros segmentos. Hoje, aposentada, mantém o artesanato como paixão e sempre enxergou grande potencial na área.

“Desde os 6 anos faço crochê e fui expandindo, criando minha renda através disso. É fascinante para mim como uma agulha e um fio podem se transformar em um acessório ou vestimenta. Isso exige tempo e muita dedicação”, comentou.

Para Jussara, o tear tem o poder de transformar vidas, não apenas como fonte de renda, mas também como ferramenta de autoconhecimento. “O artesanato faz parte da minha história. O crochê e o tricô são autoestima, curam minha ansiedade, me trazem equilíbrio”, refletiu.

Ela também destacou como o artesanato ganhou força nos últimos anos, proporcionando benefícios financeiros e emocionais para muitas pessoas.

“Com a pandemia, muitas pessoas começaram a produzir conteúdo nas redes sociais e, cada vez mais, o tricô e o artesanato ganharam espaço. O legal é que você precisa de poucos equipamentos, o que permite versatilidade e autoexpressão, além de melhorar a qualidade de vida, trazer satisfação pessoal e gerar uma renda muito boa.”

Jussara ressalta que as tendências do tricô e crochê são sazonais, mas sempre encontram espaço no setor têxtil. “Existem peças que podem ser usadas em diversas épocas do ano. Hoje, o tricô aparece em roupas mais leves e frescas. Já o crochê está presente em itens variados, como bolsas, vestidos com franjas no estilo boho e até nas fantasias das musas do Carnaval, que incorporam bordados e pedrarias para dar mais sofisticação ao trabalho”, explica.

A artesã enxerga o artesanato como uma arte carregada de tradição e significado, impossível de ser substituída pela tecnologia. “A inteligência artificial não consegue substituir o artesanato. É uma arte que mantém a conexão com a ancestralidade, passada de geração em geração. É um patrimônio cultural.”