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Bruno da Silva
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A historiadora Luciana Pasa Tomasi, atualmente com 38 anos e moradora do bairro xx, descobriu aos 32 anos que tinha menopausa precoce, o que, na teoria, inviabilizaria uma gravidez natural. Ela, porém, não desistiu do sonho de ser mãe, procurou tratamentos e clínicas de fertilização para tratamento com ovodoação, mas se frustrou.

Depois de passar por desilusões, ela e o marido desacreditaram do sonho. Mas a vida lhes reservava uma surpresa de que já não tinham muitas esperanças de que fosse acontecer.

Diagnóstico traumático

Em 2018, após realizar exames de rotina, a médica de Luciana alertou que, se ela pretendesse ser mãe, deveria agir rapidamente. Sua reserva ovariana estava muito baixa. Ela vinha sentindo alguns sintomas e, então, recebeu o diagnóstico de que estava em um processo de menopausa precoce.

Na conversa, a médica indicou algumas clínicas de fertilização e, após realizar pesquisas, Luciana escolheu marcar uma consulta em uma delas, em Blumenau, onde acabou tendo uma experiência traumática.

Após avaliar os exames de Luciana, o médico foi direto: ela não poderia ser mãe com os seus óvulos e precisava receber uma doação. A maneira como ela foi informada a deixou desolada.

“Ele foi bem cruel comigo em uma situação sensível. Foi muito difícil. Me desesperei e meu marido me amparou. Saí arrasada da consulta, este médico não teve nenhuma humanidade comigo, que estava recebendo um diagnóstico de infertilidade”, detalha.

A opção para o casal era buscar clínicas que oferecessem tratamento de ovodoação. Em algumas, a espera pode ser de anos.

Dúvidas

Mesmo frustrada pelo atendimento recebido, Luciana passou a pesquisar clínicas de fertilização. Ela e o marido encontraram um local com boas referências em Campinas, no interior de São Paulo, que tinha um índice de sucesso alto e onde o tempo de espera não era tão longo.

“Tínhamos recursos para realizar um procedimento. Além de ter os custos de um tratamento normal, no meu caso, eu arcaria com os custos da doadora de óvulos, custeando grande parte do tratamento dela”, lembra.

A primeira consulta nessa clínica foi em setembro de 2019 e logo Luciana iniciou o tratamento. Eles entraram na fila para a recepção de óvulos, o chamado programa de ovodoação, preenchendo documentos sobre características físicas para que fosse encontrado um perfil adequado.

Poucas semanas após o envio da documentação, um perfil surgiu, mas eles acabaram recusando. Mas não demorou muito para que outro aparecesse e, desta vez, eles aceitaram.

“A partir daí, os óvulos foram armazenados para nosso tratamento. No pacote, fazia parte uma consulta com psicólogo porque eu estava recebendo óvulos de outra mulher. Isso era difícil para mim, assim como não conseguir gerar. Esta consulta foi muito importante no sentido de eu entender que precisava de amparo. Comecei a fazer terapia em novembro de 2019”, relembra.

Tentativa frustrada

Luciana e o marido viajaram para Campinas durante o feriado de Carnaval de 2020. Este era o momento adequado, já que eles precisavam de alguns dias sem trabalhar para a realização do procedimento.

Ela passou por uma série de ultrassons ainda em Brusque e também tomou medicação para preparar seu corpo antes de partir para São Paulo. Lá, Luciana passou por mais alguns exames e, finalmente, pela fertilização in vitro. Foram dois embriões transferidos.

Devido ao procedimento, ela deveria seguir uma série de cuidados e foi isso que fez no retorno a Brusque.

A expectativa, no entanto, seguia para saber se os embriões tinham evoluído. Os resultados de exames realizados pouco depois, porém, foram mais um golpe na esperança do casal.

“O resultado negativo foi muito, muito difícil para nós, ficamos arrasados. Era nossa única oportunidade de sermos pais. Apostamos tudo o que tínhamos nesse tratamento. Poucas pessoas tinham conhecimento do meu problema e do tratamento, apenas familiares mais próximos. Meu marido não tinha dificuldade para contar às pessoas, mas eu tinha muita. Afinal, o problema era meu”, explica Luciana.

Tudo parou

Menos de um mês após eles descobrirem que a fertilização não tinha sido bem-sucedida, a pandemia se instalou no Brasil.

Foi um período de ainda mais dificuldades para os dois. Tudo parou e a incerteza e medo do futuro só aumentou.

Ela conta que o tempo foi passando e que eles não tinham mais vontade de passar pelo processo de fertilização e procuraram se informar sobre adoção.

A surpresa

Os incertos primeiros meses da pandemia eram de angústia ainda maior para Luciana devido à triste experiência que ela tinha tido recentemente, mas tudo mudou em junho de 2020. Ela começou a se sentir diferente. Sinais incomuns começaram a surgir em seu corpo. Seu primeiro pensamento era de que estava com algum problema de saúde depois das medicações e frustrações dos últimos tempos.

Casal recebeu a notícia da gravidez com incredulidade | Foto: Arquivo pessoal

Em um determinado dia, no entanto, ocorreu a ideia de que talvez ela estivesse esperando um bebê. Ela decidiu comprar um teste de farmácia. Devido às experiências frustradas, ela decidiu não contar para ninguém. E aí veio a surpresa: o resultado foi positivo.

“O exame foi realizado no sábado e eu não acreditei, guardei para mim. Na segunda-feira, fui ao laboratório, que também apontou o resultado como positivo”.

Ela então, no meio da manhã, contou ao marido, mas disse para ele controlar suas esperanças. Na época, ele fazia estágio na Unifebe e mostrou os exames para sua professora, biomédica. Ela confirmou o que Luciana tinha dificuldade para acreditar.

“A resposta dela foi: parabéns, a Lu está esperando bebê de algumas semanas. Para nós foi inexplicável”, admite.

Ciclo fechado

Prontamente, Luciana procurou uma obstetra de gestação de alto risco, mas a gravidez decorreu sem intercorrências apesar do medo devido à Covid-19. A notícia foi contada para os familiares e amigos após quatro meses de gestação, no dia do aniversário de casamento do casal.

“No início do tratamento, eu tive medo e uma certa vergonha de falar para as pessoas, mesmo os mais próximos. Mas foi tudo perfeito”, conta Luciana.

Apolo completou dois anos recentemente | Foto: Arquivo pessoal

Apolo nasceu em uma quinta-feira de Carnaval, fechando um ciclo que tinha começado na mesma época um ano antes.

“Foi uma emoção que não cabia no peito. É indescritível. É verdade que só uma mãe entende e conhece a emoção de ver seu bebe e senti-lo. Nosso filho foi um milagre”, garante. “Muitos casais passam por isso, é um processo psicologicamente desgastante. Mas nossa vida acontece no tempo de Deus, não no tempo que planejamos”.


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