Além de nascer em um feriado, o pequeno Bernardo Pühler Nazário escolheu vir ao mundo de uma forma diferente. Ele nasceu no carro dos pais e na porta do hospital. A mãe Lizandra Pühler Nazário, 29 anos, e o pai Thiago Gomes Nazário, 30, queriam realizar um parto humanizado e no hospital, mas a surpresa trouxe uma experiência que a família jamais esquecerá.
No dia 7 de setembro de 2019, com 37 semanas de gravidez, Lizandra acordou com uma dor de barriga por volta de 3h15. Como não sentiu nada diferente, ela voltou a dormir. Após 15 minutos, outra dor de barriga fez Lizandra acordar novamente.
A partir da terceira vez sentindo dores, Lizandra passou a monitorar o tempo para entender se era o início das contrações. Entre uma dor e outra, ela voltava a dormir. As dores começaram a ficar semelhantes a uma cólica menstrual e, neste momento, Lizandra desconfiou que Bernardo estava a caminho.
Ela tentava dormir, mas a cada 15 minutos chegavam as novas dores. As “cólicas” tinham uma curta duração. Lizandra decidiu levantar e conferir os itens que estavam na mala para levar ao hospital.
Por volta das 4h, ela avisou o marido que Bernardo estava chegando. Lizandra recorda o conselho inusitado que recebeu de Thiago. “Ele disse para eu voltar a dormir”.
O casal teve uma doula acompanhando toda a gravidez e a dica era para aproveitar o início do trabalho de parto, quando as contrações são mais espaçadas, para descansar. “Foi o que tentamos fazer. Entre uma contração e outra eu tentava descansar um pouco. Eu não conseguia dormir, mas conseguia descansar”.
Contrações sem ritmo
Por volta das 7h, o marido de Lizandra levantou e fez o café da manhã. O tempo entre as contrações foi diminuindo, mas elas ainda não estavam ritmadas, ou seja, elas não aconteciam em um intervalo de tempo específico.
Como as dores não tinham uma frequência exata, o casal decidiu esperar em casa por mais tempo. “A dor ia aumentando, mas estávamos tranquilos. A doula foi acompanhando de forma on-line. Ela estava preparada para vir até aqui em casa e nos acompanhar”.
Na hora do almoço, Thiago foi preparar a comida enquanto Lizandra sentia as contrações. Nesse momento o esposo ajudou com massagens para aliviar as dores, finalizou as malas do bebê e da esposa para levar ao hospital, além de cuidar das panelas no fogão.
“Eu estava deitada, cheguei a entrar no chuveiro e tomar banho. Nós nos organizamos e estávamos vivendo esse momento juntos. Foi bem gostoso estar junto e em casa vivendo esse dia. Foi bem importante para mim”, recorda.
Parto no carro
Por volta de 13h, as dores de Lizandra aumentaram muito e as contrações pegaram ritmo de dois em dois minutos. “Basicamente era um minuto com dor e outro sem. Até então estava bem tranquilo e espaçado. Quando aconteceu de ficar muito curto o espaço e aumentar a dor, nós pedimos para a doula vir e ela recomendou irmos ao hospital”.
Como o tempo entre uma dor e outra era curto, Lizandra teve receio que Bernardo pudesse nascer em casa sem o amparo da doula ou do médico. Por esse motivo, ela aguardou a assistente de parto chegar na casa, no bairro Rio Branco, antes de irem ao hospital.
Enquanto a doula não chegava, Lizandra tomou outro banho para aliviar as dores, que ficaram cada vez mais intensas. Nesse meio tempo a bolsa dela estourou, minutos antes da doula chegar.
Momento único
No caminho ao hospital, a assistente pediu para o esposo de Lizandra acelerar. No entanto, Thiago não tinha o que fazer devido ao fluxo do trânsito.
“Chegando perto do hospital, na rótula do Angeloni, apareceu a cabeça. Eu não estava fazendo força, deixei o corpo fazer a força sozinho, até porque eu não queria que ele nascesse naquela situação. Deu tempo para ele estacionar o carro na frente do hospital, entrou para chamar o médico, veio a equipe de enfermagem e o Thiago ainda conseguiu pegar o celular para filmar a última parte do nascimento”.
Bernardo veio ao mundo às 14h25, dentro do carro dos pais, na porta do Imigrantes Hospital e Maternidade. Thiago teve a oportunidade de cortar o cordão umbilical do filho. O momento foi registrado em vídeo e repercutiu por toda a cidade.
A mãe conta que havia planejado o parto natural e humanizado no hospital, e até havia feito uma seleção de músicas para o momento especial. Apesar do nascimento ser diferente do que o casal havia programado, Lizandra afirma que a experiência foi única.
“Quando eu estava sentindo a dor mais intensa, eu achei que talvez ele pudesse nascer em casa, mas eu sabia que esse era o melhor lugar que poderíamos estar, é a nossa casa, nosso lugarzinho no mundo”.
O casal planeja ter um segundo filho. “Esperamos que a gente consiga pelo menos chegar no hospital e entrar na sala de parto”, brinca a mãe.
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– Três filhos, três partos diferentes
– Dentro da bolsa amniótica
– Parto a caminho do hospital
– Dentro da piscina e na sala de casa
– No conforto da casa dos pais