Diluídas em um gigantesco mercado, que consumiu cerca de 15 bilhões de litros de cerveja em 2022, as cervejarias artesanais ainda parecem pouco expressivas.
É verdade que o setor sente a falta de indicadores confiáveis acerca de sua fatia de mercado, mas a representatividade é incontestável. Estima-se que as microcervejarias produzam 5% do montante consumido, o que significa pelo menos 75 milhões de litros anuais.
Ainda resta saber o número de empregos diretos e indiretos gerados, a massa salarial e os tributos arrecadados. São dados que, uma vez disponíveis, contribuirão para exibir o vigor e o potencial dos cervejeiros artesanais no Brasil.
No dia a dia, a vida de quem escolhe a produção de cerveja artesanal é repleta de desafios – muitos deles comuns a qualquer empreendedor, como as dificuldades de gestão, a complexidade tributária, inflação e juros altos, entre outros. As questões específicas envolvem logística, eventuais apagões de matéria-prima, regulamentações e normas, oscilações de mercado e a competição (desleal) com as big players.
E a pandemia da Covid-19 trouxe um ingrediente danoso que ainda não foi superado pelo setor. Dependentes do consumo em pontos de venda e em eventos, as cervejarias artesanais amargaram prejuízos superlativos nos quase três anos de crise sanitária. Grande parte dos cervejeiros trabalham com um insumo extra para manterem seus negócios ativos: a paixão pelo que fazem – e assim conseguem superar as adversidades!
O amor pela cerveja, no entanto, não é o bastante para que se mantenham competitivos. E aí entra o papel da Semana da Cerveja Brasileira, realizando um evento que promove o consumo, conecta fornecedores e produtores, gera visibilidade, reconhecimento e agregação de valor, network e muito conhecimento.
Nestes sete dias, realizamos a primeira edição da Conferência Internacional de Concursos Cervejeiros, o Concurso Brasileiro de Cervejas, o Congresso Internacional da Cerveja, a Feira Brasileira da Cerveja e culmina com o Festival – que reúne quase 30 mil pessoas.
Na Semana da Cerveja Brasileira, o público aprimora e expande o gosto pelas cervejas artesanais, e assim potencializa o consumo de um produto de mais qualidade.
É um fenômeno similar ao que ocorreu com o vinho nos anos 1980, quando os brasileiros começaram a se instruir sobre a bebida e aceitaram pagar mais por um padrão superior. O mercado é promissor e podemos apostar em futuro breve de copo cheio para as cervejarias artesanais.
*Por Develon da Rocha, presidente da Associação Blumenauense de Turismo, Eventos e Cultura (ABLUTEC)0