A cada nova edição, o espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre” conta a história de Jesus sob um ângulo diferente. Em 2017, com a narração de Maria, se fez necessário apresentar mais detalhes do crescimento de seu filho salvador e, por conta disso, cinco atores voluntários foram escalados para o papel.
O primeiro a subir no palco, curiosamente, ainda não sabe nem andar. Joaquim Habitzreuter tem apenas seis meses e um grande desafio pela frente. Ele dá vida ao menino Jesus na cena da estrebaria, quando o casal de Nazaré recebe a visita de pastores e reis magos. Depois também é apresentado é no Templo, quando se lançam profecias sobre o caminho que Jesus irá trilhar.
Os pais de Joaquim, Marines e Diego Habitzreuter, se enchem de orgulho ao falar do menino e da oportunidade. “Recebemos o convite em novembro do ano passado, quando ele tinha um mês. O Joaquim foi crescendo e se mostrando um bebê tranquilo.
Ele não se incomoda com o barulho e não chora por qualquer coisa”, conta a mãe, Marines, que estará muito próxima do menino nas duas cenas em que ele participa.
Já o pai de Joaquim, Diego, há mais de 10 anos participa do espetáculo e em 2017 se prepara para interpretar Pôncio Pilatos. Além de dividir o palco com o seu primeiro filho, ele vai viver a emoção de dividir a cena com o ator global Francisco Cuoco. “É uma oportunidade. Só de ouvir a gravação do Cuoco nos ensaios tenho a impressão que ele já conhece o teatro há tempo. Vai ficar na memória a edição deste ano”, afirma Diego.
Jovem Jesus
Esta é a segunda vez que Gustavo Keller, 29 anos, interpreta Jesus. No primeiro convite que recebeu para participar do espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre” ele já assumiu o personagem principal. “Foi em 2007. Acho que fui escolhido porque tinha o cabelo comprido. Lembro do nervosismo que senti durante a apresentação, embora a experiência tenha sido gratificante”, recorda.
Nas edições seguintes Gustavo continuou envolvido com o projeto e assumiu outros papéis, como povo e soldado. Agora, ele revive a emoção da primeira vez, mas com um novo desafio: mostrar a humanidade de Jesus em seu convívio com o pai, José, no ofício da carpintaria.
“Muita coisa mudou nestes últimos 10 anos. Casei e estou à espera da minha primeira filha, que deve nascer no final de abril. O teatro me fez pensar nesta relação de Jesus, que interpreto, com o pai. Na vida real, muito em breve, vou inverter os papeis. Eu me tornarei pai da Giovana”, observa.
Jesus pela primeira vez
É a quinta vez que Jansen Gums, 35 anos, participa do espetáculo. Ele já foi soldado romano, soldado herodiano, apóstolo, contra-regra e agora se prepara para encenar Jesus.
“Não esperava o convite e fiquei muito emocionado pela oportunidade. Estou aproveitando os ensaios para interiorizar este papel em cenas difíceis, marcadas por muito sofrimento, como o encontro com Maria após a flagelação”, pontua Jansen.
Segundo ele, o apoio da equipe técnica e o incentivo dos demais atores voluntários tem sido essencial para o trabalho.
“Todos estão unidos por um mesmo propósito, que é a evangelização através de um teatro feito com muito amor. É preciso enaltecer este sentimento de amizade, colaboração e parceria entre todos”, detalha.
Sempre Jesus
Fábio Luís Kormann, 48 anos, recebeu o convite para interpretar Jesus pela primeira vez no espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre” em 2003, quando também encenava Jesus no teatro de Páscoa da comunidade católica do bairro Guarani, em Brusque.
“Na época eu fiquei espantado com a grande estrutura e organização do teatro em Guabiruba. É inexplicável. Porém, o que traz mais emoção é mesmo a reação do público”, observa Fábio.
Em 2017 seu filho, João Victor, também participa do projeto, na coreografia inicial e nas demais entradas somando a multidão. O menino, que integra o Grupo de Coroinhas, já conhece bem essa história contada há dois mil anos. “É legal, a gente mostra para as pessoas como era a vida de Jesus”, sintetiza.
A voz de Jesus
Todo o espetáculo tem o áudio gravado em estúdio e foi o quinto Jesus, Carlos Woitexen, quem emprestou a voz para as palavras do filho de Deus. Ele participa do teatro desde 1993. Em 2001 encenou Jesus pela primeira vez e, desde então, não parou mais. De edição em edição ele revisita o papel do Salvador.
“Na época era apenas um Jesus. Dava bastante trabalho, mas o espetáculo ainda não estava tão grande. Geralmente o número de atores que interpretam Jesus aumenta quando se amplia mais a história, com passagens de sua infância e juventude”, explica.
Nesta Quinta e Sexta-Feira Santa ele vai contracenar com o filho Kaique, de 10 anos. É o menino quem lhe entrega a cesta na cena da multiplicação dos pães. E, na lista de entradas para a qual está escalado, também há a presença de Francisco Cuoco. “É uma experiência diferente. Mas sem perder o foco na espiritualidade e na missão de evangelizar”, ressalta.