Brusque pode se orgulhar por ser reconhecida como importante polo têxtil do Brasil. Para que toda a cadeia de produção do berço da fiação catarinense funcione com qualidade e eficiência, as empresas contam com o talento e a dedicação de um profissional em especial: a costureira. Não é para menos que hoje, 25 de maio, é comemorado o dia dessa profissional em todo o país.
O município conta atualmente com 8,4 mil empresas formais, que geram mais de 45 mil postos de trabalho. Apenas a indústria têxtil de vestuário e artefatos de tecidos é responsável por 15,3 mil empregos. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O coordenador regional do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae-SC), Alcides Cláudio Sgrott Filho, afirma que o setor é tão consolidado que os problemas políticos e econômicos não são empecilhos para o fortalecimento da economia local. “As nossas empresas vêm produzindo, colocando produtos no mercado e tomando o lugar dos produtores chineses”.
A imagem que o povo catarinense passa é de um povo trabalhador, mais organizado e competitivo
Rita Cassia Conti, presidente Sindivest
A presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Brusque e Região (Sindivest), Rita Cassia Conti, explica que além da veia trabalhadora da população, o aumento do dólar nos últimos dois anos tem contribuído para o bom desempenho do setor. “Com isso, as grandes lojas se voltaram para a economia interna, pois ficou caro buscar no mercado asiático”.
Sgrott Filho ressalta que a demanda das lojas varejistas por novidades tem aquecido o mercado interno. É nesse ponto que o principal polo de pronta-entrega do estado mostra sua força. “A maioria das compras que são feitas na China não está conseguindo suprir a necessidade dos lojistas. Isso acontece principalmente com a modinha, pois a mudança é muito rápida e a logística não é tão ágil para ter esses produtos de imediato”.
Rita, que também é integrante da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), afirma que a economia de Santa Catarina está muito mais aquecida do que outros estados. “A imagem que o povo catarinense passa é de um povo trabalhador, mais organizado e competitivo”.
No entanto, por conta da instabilidade política, Rita avalia que as indústrias, de modo geral, ainda têm receio de realizar grandes investimentos. “Devido a essas crises, em que não se sabe até que ponto vai respingar, gera uma insegurança. Mas eu sou confiante na nossa indústria”, afirma.
Mão de obra de qualidade
Um dos diferenciais dos produtos de Brusque para outras regiões do país é a qualidade da produção em toda a cadeia têxtil. Contudo, é o setor da costura que tem ganhado cada vez mais respeito. “A costura é a profissão que mais se tem necessidade, pois o trabalho não para e sempre temos um sofrimento quanto a renovação na área. Porém, de uns tempos para cá, percebemos que os homens também já começaram a ingressar na profissão”, diz o coordenador regional do Sebrae-SC.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque e Região (Sintrivest), Marli Leandro, afirma que a profissão de costureira é fundamental, pois tudo que se veste passa pelas mãos dos profissionais. “Mas vejo que não tem tanto reconhecimento por toda sua importância e, por isso, não se vê novas pessoas entrando neste mercado”.
Um dos motivos que transformou em aliados os sindicatos patronal e laboral da categoria, segundo Rita, foi justamente a necessidade da valorização da mão de obra. “Estávamos sentindo que não estava havendo renovação, então tivemos a preocupação em valorizar a profissão que não tem como ser substituída pela automação e, por isso, merece respeito e precisa ser incentivada”.
Marli acrescenta que, muitas vezes, os próprios profissionais da área não reconhecem sua importância para o setor têxtil. “Às vezes é algo tão automático para muitos, que não passa pela cabeça a importância que têm a função”, diz.
A presidente classifica a profissão de costureira como uma obra de arte. “Desde uma roupa mais simples ao vestido de uma princesa sai das mãos desses profissionais”.