Editorial: Caminhos do Desenvolvimento
O jornal O Município publicou um caderno especial na quarta-feira, com esse título, falando sobre os modais de transportes do passado e presente bem como os desafios para o futuro.
Muitos fatos curiosos foram trazidos à tona neste especial, como o transporte por balsas entre Brusque e Itajaí no início de nossa colonização; a concessão de colocação de trilhos para carroças puxadas a tração animal, em 1900, de forma que não atrapalhassem as porteiras das propriedades. O nascimento e morte da estrada de ferro entre Brusque e Itajaí; o nascimento e duplicação da Antonio Heil e Ivo Silveira e a importância da cidade de Brusque para o porto de Itajaí, que inclusive foi homenageada com seu nome em um guindaste na década de 40.
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Depois de viajar no tempo e entender nossa posição e desafios podemos tirar algumas conclusões. A primeira é a morosidade para planejar e executar uma obra. A estrada de ferro entre Brusque e Itajaí começou em 1910 quando a classe empresarial reivindicava uma ligação de nossa cidade com o porto. Depois de idas e vindas, avanços e retrocessos as obras foram interrompidas em 1964 sem estarem concluídas.
A reivindicação da atual Antonio Heil também foi um calvário. O movimento pela sua construção iniciou em 1959 e depois de mudanças políticas, só foi retomada uma década depois, em agosto de 1969. Ela levou mais cinco anos para ser concluída em outubro de 1974. Agora assistimos à novela de sua duplicação, cuja ordem de serviço foi assinada em julho de 2014 e se arrasta para conclusão.
Estes períodos entre a necessidade de estabelecer um tipo de modal de transporte e sua conclusão foram tão longos que mudaram até as perspectivas das reivindicações. A mesma classe empresarial que lutou pela ferrovia em 1910, em 1959 queria que ela fosse literalmente enterrada, deixando seu curso para a rodovia que abrigaria os veículos da crescente indústria automobilística.
Estes movimentos também mostram que a história é mesmo cíclica e o debate pela implantação de ferrovias volta com muita intensidade, tirando a poeira de projetos em Santa Catarina como a ferrovia Litorânea e da Integração. O projeto tem a seu favor uma redução de custos no transporte e mais agilidade, além de quebrar o monopólio do transporte rodoviário.
O ritmo das mudanças também não é o mesmo e não podemos mais esperar décadas para decidir e executar uma obra
Mas o grande dilema que se apresenta não é a disputa em escolher entre o transporte rodoviário ou ferroviário. As palavras chaves hoje para a solução são integração e compartilhamento. Não basta construir mais trilhos e estradas, elas precisam estar integradas entre si e ainda contemplar o transporte marítimo e aéreo.
O sentido de propriedade também pode perder relevância, com pessoas utilizando aplicativos para compartilhar um trajeto como o BlaBlaCar, ou para locar um veículo como Uber, Taxi99 e Easy Taxi, que já atuam em nossa região. Alie-se a este quadro o crescimento de formas alternativas como a bicicleta ou a febre americana pelos patinetes elétricos, que cada vez mais vão disputar espaço em nosso cotidiano e teremos um cenário possível para projetar nosso futuro.
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O ritmo das mudanças também não é o mesmo e não podemos mais esperar décadas para decidir e executar uma obra. Este novo mundo demanda uma atenção e inteligência maior para levar o brusquense aonde quer que vá, seja da forma que for, com eficiência e segurança, garantindo seu bem-estar.
O modo como agimos agora em relação a estas questões serão decisivos para saber como vamos caminhar em direção desenvolvimento e ao futuro, seja a passos largos do planejamento ou na carona no improviso.