Fundação Catarinense de Cultura faz o tombamento provisório da Villa Renaux
Pedido foi feito pelo atual proprietário do imóvel; tombamento definitivo deve ser homologado ainda neste ano
Pedido foi feito pelo atual proprietário do imóvel; tombamento definitivo deve ser homologado ainda neste ano
A Villa Renaux, casa construída pelo cônsul Carlos Renaux, está em processo de tombamento pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), ou seja, está muito próxima de se tornar um dos patrimônios históricos do estado.
O pedido de tombamento foi feito no fim do ano passado pelo atual proprietário do imóvel, Vitor Renaux Hering, filho de Maria Luiza Renaux e, portanto, trineto do cônsul.
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Neste mês, a FCC publicou a portaria de promoção de tombamento. Isso quer dizer que a mansão construída nos anos 1930 no alto da colina da avenida Primeiro de Maio, já está protegida provisoriamente.
“Já recai sobre o imóvel tudo o que a legislação prevê, ou seja, qualquer alteração, intervenção, alienação por outro proprietário, venda do imóvel, a FCC precisa ser comunicada”, explica o arquiteto e gerente de Patrimônio Cultural da FCC, Diego Rossi Fermo.
De acordo com ele, o tombamento provisório é necessário porque é preciso instruir tecnicamente o processo com avaliações do ponto de vista da arquitetura e do ponto de vista histórico, para dar seguimento ao pedido de tombamento definitivo.
“Vamos avaliar como o imóvel se relaciona com as demais edificações, como se relaciona com o Brusque e a sua ligação com o desenvolvimento industrial da cidade e do estado. Qual a relevância da casa para o estado de Santa Catarina”, diz.
A vistoria in loco no imóvel já foi realizada pelos técnicos da FCC e agora o relatório está sendo finalizado, com um parecer final da parte arquitetônica e histórica. Fermo acredita que até meados de outubro o trâmite técnico deve ser concluído e, então, o processo de tombamento do imóvel terá continuidade.
Após a conclusão dos trâmites técnicos, o processo será encaminhado ao Conselho Estadual de Cultura, que é quem chancela a análise técnica e determina se o imóvel deve ser tombado ou não.
Como o pedido de tombamento foi feito de forma voluntária pelo proprietário e o imóvel tem todos os elementos que justificam o tombamento, Fermo acredita que o conselho vai aprovar o processo.
Aprovado, o pedido vai para uma câmara técnica do conselho, retorna para a diretoria de Patrimônio Cultural e segue para o gabinete da FCC, que encaminha ao gabinete do governador para a homologação do tombamento.
A intenção, de acordo com Fermo, é que o tombamento seja homologado ainda em 2018. “É uma vontade muito grande da equipe que a homologação aconteça ainda neste ano, pela importância disso para Brusque e para o próprio estado”.
Fermo explica que o pedido de tombamento da Villa Renaux foi protocolado na FCC devido à importância do imóvel para o estado. Entretanto, a salvaguarda de um bem pode ser feita também a nível municipal – Conselho Municipal de Patrimônio Histórico – e federal – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“O que diferencia entre as três esferas é o grau de significância, o quanto a unidade ou o conjunto representa para o município, estado ou país”, explica.
“Se a importância é tão somente no município ou região, o tombamento poderia ser apenas a nível municipal. Como a Villa Renaux está ligada à industrialização catarinense, ela entra no rol dos imóveis tombados a nível estadual”, completa.
Se confirmado o tombamento, a Villa Renaux será o primeiro imóvel declarado como patrimônio histórico pela Fundação Catarinense de Cultura em Brusque.
Entretanto, será o segundo bem protegido no município, já que o prédio do Tiro de Guerra foi tombado em 2012 pela Prefeitura de Brusque.
Fermo destaca que no caso da Villa Renaux, o pedido de tombamento foi feito pelo proprietário, porém, qualquer pessoa pode protocolar um pedido. “O pedido de tombamento não é algo reservado somente ao proprietário. Qualquer pessoa pode fazer. Se ele [Vitor] tivesse solicitado o tombamento da casa e de todo o complexo, certamente seria apreciado da mesma maneira, sem distinção por ser o proprietário ou não”.
Desde julho do ano passado, o Centro Universitário de Brusque (Unifebe) e a família Renaux mantém convênio que dá à instituição a liberdade de realizar projetos e pesquisas no local.
O acesso à casa é controlado pela universidade, que atua com projetos com os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Design Gráfico, Publicidade e Propaganda e Design de Moda. O objetivo, no futuro, é transformar o casarão em museu.
Por isso, a instituição acompanha todo o processo de tombamento do imóvel. A professora Rosemari Glatz, que é a responsável pelas atividades da Unifebe na Villa Renaux, destaca que esta é uma medida necessária, tendo em vista tudo que o imóvel representa.
“Foi pedido o tombamento em nível máximo, que visa proteger não só a casa, mas os móveis e o entorno. Dessa forma, vemos que é uma salvaguarda de um patrimônio que é da comunidade”, diz.
Rosemari destaca que o tombamento provisório da casa proporciona mais segurança para que todo o trabalho de mapeamento possa ser realizado. “O processo está muito bem instruído. Há muitos interesses positivos, vontades boas para que isso finalmente aconteça”.
O proprietário do imóvel, Vitor Renaux Hering, afirma que o tombamento do casarão tem por objetivo do patrimônio histórico. “Herdei este objetivo de minha mãe e creio que esteja de acordo com o estilo com o qual a Fábrica Renaux havia atuado no passado, tendo preservado um grande volume de registros históricos. O passado renova seu significado à medida que traz elementos importantes para o presente”, diz.
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Ele destaca que por isso foi estabelecida a colaboração com a Unifebe, que se mantém desenvolvendo uma série de projetos de pesquisa como complemento dos cursos. “Outras iniciativas poderão vir a ser cogitadas, que se beneficiem da atmosfera preservada e tranquila do local, e que componham com as atividades culturais e de negócios de Brusque”.
Para a professora Rosemari, o maior desafio agora é fazer a comunidade brusquense entender que o tombamento é algo positivo.
“A comunidade ainda tem muita insegurança sobre o assunto. Precisamos entender que a partir de agora, a Villa Renaux terá uma salvaguarda. As pessoas acham que o tombamento significa que o Estado é que vai manter, mas não é isso. O dono do imóvel continua responsável por manter, a diferença é que este imóvel estará protegido”.