Educação de qualidade para todos, sem distinção, sempre foi uma das premissas de Martim Lutero. Para o reformador, ao lado de cada igreja, deveria ter uma escola, já que todas as pessoas deveriam ter condições de ler e compreender a Bíblia.

Dentro dessa premissa, os luteranos sempre buscaram valorizar a educação e, em Brusque, isso não foi diferente.

Alunos da Escola Evangélica Alemã, atual colégio Cônsul, em 1899 | Foto: Jaqueline Kuhn/Curto Fotos Antigas de Brusque

Após sua chegada à cidade, pastor Sandreczki percebeu a necessidade de ter uma Escola Evangélica, já que os filhos dos imigrantes não poderiam ficar sem o aprendizado da escrita e da leitura da palavra, considerada um dos pilares fundamentais da fé.

“Com Lutero surge a tradução da bíblia, mas o que adianta ter um livro produzido se o povo não sabe ler. Lutero levanta a bandeira da educação que, naquela época, era só para a aristocracia, e começa a educar o povo”, destaca o pastor Edélcio Tetzner, da paróquia Bom Pastor.

Colégio Cônsul Carlos Renaux nasceu de uma das premissas de Martim Lutero: educação para todos | Foto: Bárbara Sales

Ao iniciar o ensino confirmatório, ou seja, a catequese, pastor Sandreczki percebeu que muitas crianças não sabiam ler e escrever e, por isso, no dia 20 de abril de 1872 foi fundada a Deutsche Evangelische Schule, a Escola Evangélica Alemã, que funcionava em uma sala anexa à casa do pastor, no alto da colina.

A Escola Evangélica Alemã foi o início do que hoje conhecemos por Colégio Cônsul Carlos Renaux, que ganhou esse nome em 1964, como forma de homenagem ao grande benfeitor de Brusque.

“É bonito imaginar o pensamento de Lutero hoje, quando nós temos tantas igrejas. Que bom seria se na mesma medida que temos a preocupação com a espiritualidade, mantivéssemos a preocupação também com a educação. Imagina a revolução que teríamos se, de fato, pudéssemos ter ao lado de cada igreja uma escola”, ressalta o pastor Edélcio.

Maternidade, voluntariado e empreendedorismo

Além do colégio, a comunidade luterana também foi fundamental para a criação da primeira maternidade de Brusque. O sonho de construir a casa hospitalar começou com Cônsul Carlos Renaux, que realizou a doação de um terreno da Comunidade Evangélica Luterana à Associação das Damas de Caridade, para a instalação do hospital, em janeiro de 1937.

Assim, as obras de construção seguiram e em 20 de março de 1938, a maternidade evangélica foi inaugurada. O local serviu ao município durante 25 anos, quando em 1963, deu lugar à Maternidade e Hospital Evangélico de Brusque.

Em 1938, Brusque ganhou sua primeira maternidade | Foto: Jaqueline Kuhn/Curto Fotos Antigas de Brusque

“Precisamos destacar muito a participação das mulheres, principalmente as da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (Oase) que, junto com o Cônsul, arquitetaram a maternidade, devido à grande mortalidade de mães e bebês na hora do parto. A maternidade também foi um marco de desenvolvimento da nossa cidade”, diz o pastor Claudio Schefer, da paróquia Bom Pastor.

Ele também destaca a herança empreendedora dos luteranos. “Essa vocação empreendedora que os imigrantes alemães trouxeram consigo, principalmente as três famílias: Renaux, Schlösser e Buettner que fizeram história aqui. Por muitos e muitos anos essas indústrias movimentaram a economia não só de Brusque, mas do estado”.