Quem começou defendendo o gol do Brusque em 1992 foi Leandro Leal, um dos jogadores que reforçaram o Brusque após passagem pelo Novo Hamburgo-RS em 1991, junto com o técnico Joubert Pereira. O arqueiro gaúcho havia chegado à cidade no início de 1992, referendado pelo treinador, e disputou 19 dos 22 jogos da campanha da Copa Santa Catarina. Trinta anos depois, Leandro mora em Brusque, trabalhando como preparador de goleiros do Carlos Renaux.
Uma das tarefas de Joubert Pereira era definir quem seria o goleiro titular. Foram realizados diversos amistosos de preparação com equipes amadoras, como o Primavera, de Nova Trento, o Cedrense, e o Usati, de São João Batista. Carlos Alberto e Leandro disputavam posição. “No fim, o Joubert me colocou como titular, porque já me conhecia”, relata Leandro.
Assim como outros jogadores, ele morava debaixo da arquibancada coberta do estádio Augusto Bauer. “A maioria dos jogadores que vinha de fora morava ali. Era muito legal, a gente convivia junto, se ajudava. Moravam dois em cada quarto. A gente no próprio estádio e em alguns campos de futebol amador”, relata.
Outro local de treinos, que era utilizado com menos frequência, conforme recorda Leandro, era o estádio Cônsul Carlos Renaux. Na época, com a fusão de Carlos Renaux e Paysandú, o Brusque “tinha” dois estádios: O Augusto Bauer, do tricolor, e o Cônsul Carlos Renaux, do alviverde. A fusão, que legalmente não envolveu os patrimônios só seria desfeita no fim daquela década.
“E daí chegamos a treinar algumas vezes lá, duas ou três vezes.”, relata. “Não acompanhei a época em que eles [Carlos Renaux e Paysandú] jogavam, mas se escutava bastante coisa sobre a rivalidade das duas equipes. A parte da secretaria do Brusque ficava no Paysandú. A gente recebia os salários lá, acertava os contratos.”
O goleiro só sofreria seus primeiros gols em seu quarto jogo, o qual o Brusque perdeu para o Internacional por 2 a 1, de virada, em Lages. Naquele 29 de março, Nildo havia aberto o placar, mas Gerson e Pedro Verdum balançaram as redes pelo Leão Baio.
A partir desta derrota, o Brusque oscilou. Foram mais três derrotas, dois empates e uma única vitória entre março e abril, mas a equipe conseguiu se recuperar. “Fomos fazendo uma campanha boa. O pessoal da cidade ficou com um pé um pouco atrás em relação ao elenco montado. Depois o grupo foi se entrosando, a torcida veio ajudando bastante.”
“Lembro que todos os times eram bons, não tinha jogos fáceis. O que me marcou foi a disputa entre as equipes e a gente conseguindo superar ao longo da competição.”
Depois que foi eliminado no caso Cláudio Freitas, o Brusque ficou um mês sem jogar. Quando começou o Catarinense, os goleiros estavam convivendo com lesões, e Joubert Pereira chegou a fazer um revezamento. Quando Leandro sofreu uma lesão mais grave no músculo adutor, Carlos Alberto assumiu a posição permaneceu nela até o fim do ano. Leandro esteve no banco nos jogos da final da Copa SC, disputados em 30 de outubro e 6 de novembro.
“Foram os primeiros títulos do Brusque, em cima de todas as dificuldades. Às vezes atrasava um salário, as condições não eram as que os clubes têm hoje. Mas, pela amizade que tínhamos, e tudo, a gente era muito unido, se ajudava muito. Alguns atletas moravam debaixo da outra arquibancada [a descoberta do Augusto Bauer] com as famílias, então às vezes precisavam de uma coisa ou de outra, e a gente se ajudava. Era um grupo muito unido, que superava as dificuldades. E este título veio para coroar isto. O time foi montado com jogadores de vários lugares. Num ano, ter estas duas conquistas foi muito importante para nós e para a cidade. Colocou o Brusque em evidência.”
Ainda em 1992, Leandro conheceu sua esposa em Brusque, com quem se casaria três anos depois. Nos anos seguintes, ela o visitava nas diferentes cidades em que morou para continuar a carreira de jogador de futebol. O goleiro pretendia voltar a morar no Rio Grande do Sul. “Mas, pela tranquilidade da cidade… A família da minha esposa é daqui. resolvemos fixar residência”, explica.
Leandro não permaneceu no Brusque em 1993, e foi para o Inter de Lages. Passou por diversos clubes do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. No futebol catarinense, também atuou por Kindermann, Fraiburgo, Atlético Alto Vale, Biguaçu e Figueirense, pelo qual foi campeão estadual em 1999. Encerrou a carreira no Marcílio Dias, em 2002.
Em 2004, o goleiro voltou ao Brusque, mas iniciando sua trajetória como preparador de goleiros. Naquele primeiro ano depois do hiato de 2004, o quadricolor foi vice-campeão da Série B1 (atual C) do Catarinense e conquistou o acesso à segunda divisão.
Leandro
Goleiro
31 jogos (1992)