Joubert Pereira está marcado na história do Brusque como o treinador que conquistou os dois primeiros títulos da história do clube: o da Copa Santa Catarina e o do Campeonato Catarinense. Também é o quinto técnico com mais jogos pelo clube (66), em sua passagem que durou de 1992 a 1993. Sua vasta trajetória no futebol tem, no quadricolor, um de seus capítulos mais felizes e vitoriosos.

Em 1991, Joubert havia comandado o Novo Hamburgo, com o qual havia conquistado o acesso à primeira divisão gaúcha. Sua chegada a Brusque se deu nos primeiros dias de 1992, com o acordo sendo firmado no período da virada do ano. Veio com a esposa e os dois filhos, todos acostumados a se mudar com frequência por conta do futebol. Moravam em um apartamento em frente ao estádio Cônsul Carlos Renaux, do Paysandú.

O quadricolor era o quarto clube de sua carreira como treinador, e o primeiro fora do Rio Grande do Sul: Passo Fundo, Flamengo de Horizontina e Novo Hamburgo eram os anteriores. Como jogador, havia rodado por diversos clubes do Brasil, incluindo o CSA e o Nacional-AM.

Joubert Pereira Novo Hamburgo
Joubert no Novo Hamburgo, seu último clube antes de chegar ao Brusque | Foto: Joubert Pereira/Arquivo pessoal

Joubert Pereira atribui uma parcela importante da formação do elenco de 1992 ao supervisor Sérgio Rodrigues. Cabia ao então presidente, Rubens Facchini (Chico Wehmuth assumiria poucos meses depois) liderar a diretoria nas contratações.

“Ele [Sérgio Rodrigues] tinha muito conhecimento dos lados de cá. Eu tinha mais do Rio Grande do Sul. Eu trouxe uns de lá, ele tinha uns de cá. O grupo tinha que ser pequeno, então não podíamos errar [nas indicações]. E deu legal, a gente trouxe, e fechou.” Joubert trouxe consigo diversos jogadores que contribuíram no acesso do Novo Hamburgo, a exemplo do goleiro Leandro, dos zagueiros Solis e Zé Ricardo, e do meio-campista Faller.

Na preparação física, estava Zeca Albuquerque, que havia trabalhado no Criciúma, que, com alguma folga, era a principal potência do futebol catarinense na época. Já tinha renome. Ao longo da carreira, passou por clubes como Grêmio, Internacional e Juventude, além de ter trabalhado na Seleção Brasileira, nos Emirados Árabes, em Honduras e no Paraguai.

Joubert Pereira Brusque Copa SC 1992 Copa Santa Catarina
Joubert Pereira, Sérgio Rodrigues e Zeca Albuquerque com o troféu da Copa Santa Catarina | Foto: Joubert Pereira/Arquivo pessoal

Joubert conta que soube quem seria o preparador físico quando o encontrou. Chegaram a Brusque praticamente juntos. “Olha o currículo do cara. Como vou botar bronca contra ele?”

“O Serjão tinha uma maneira boa de lidar com os jogadores. Era parceirão, mas na hora de engrossar, engrossava, já colocava a mão na multa”, relembra.

A dupla formada por Sérgio Rodrigues e Zeca Albuquerque deu um suporte enorme ao trabalho de Joubert Pereira. Enquanto Rodrigues deixava o treinador tranquilo em relação às questões extracampo, Albuquerque auxiliava no trato com o elenco e proporcionava excelente preparação física. As lesões eram raras, e as graves, menos ainda. Os cartões eram controlados e gerenciados para que não houvesse um desequilíbrio nas suspensões.

“Aquele início nos passou confiança. Tínhamos um grupo pequeno, mas se precisássemos buscar outros jogadores, dava. Preferimos continuar com um elenco enxuto. Só se precisasse muito [o clube iria trazer mais jogadores]”, relata Joubert. O ex-treinador lembra que alguns garotos completavam o time para os coletivos, incluindo seu próprio filho, Vanderson, com apenas 13 anos na época. Ele também era gandula no Augusto Bauer, e ajudava o pai a levar instruções aos jogadores.

A campanha da Copa SC foi excelente, mas com uma turbulência no caminho. Da quinta à décima rodada, o Brusque só venceu uma partida. Joubert e a família se lembram de quando estavam chegando de viagem de um dos jogos e viram uma faixa no estádio Augusto Bauer: “Fora, Joubert e a sucata gaúcha”, um protesto contra o treinador e os jogadores que haviam vindo do Rio Grande do Sul.

Contudo, a situação não demorou a mudar, e o Brusque emendou uma sequência de dez jogos sem perder (12, contando com dois jogos seguintes do Catarinense). Coincidentemente ou não, o retorno de Palmito foi acertado logo antes da recuperação.

“O Palmito foi muito bem dentro de campo, experiente, coordenava dentro de campo. Algumas coisas, antes de eu perceber, ele já conversava dentro de campo, já sabia. Ele ajudou muito, e os caras respeitavam muito ele. Não era de muita conversa. gente finíssima, é a maneira do cara. Dentro de campo, se transformava”, comenta o ex-técnico de 71 anos.

Superstições

Em meio a risos e nostalgia na entrevista a O Município, Joubert se recorda das diversas superstições pessoais e coletivas que o Brusque de 1992 tinha. Joubert Pereira relata que o modo ideal de começar um jogo no Augusto Bauer era começar atacando o gol voltado à avenida Beira Rio e terminar no lado oposto, na rua Lauro Müller.

A filha de Joubert, Chai, tinha 10 anos na época, e viveu de perto os trabalhos do pai em diversas equipes. Ela entrava com o time em todos os jogos no Augusto Bauer, fizesse chuva ou sol, e tinha que fazer a oração com o elenco logo antes da partida. “A maioria dos jogadores tinha essas coisas.”

Joubert tinha, por todos os clubes que passou, a superstição de usar um mesmo traje nas partidas. No caso do Brusque, eram os uniformes da comissão técnica. Mais tarde, no Campeonato Catarinense, Joubert mantinha um hábito na equipe: os jogadores de linha tinham que começar todo jogo com a camiseta branca e trocá-la pela camiseta amarela no intervalo.

 

Carlos Alberto Brusque Copa SC 1992 Copa Santa Catarina
Joubert guarda com carinho as lembranças de sua passagem marcante pelo Brusque | Foto: João Vítor Roberge/O Município

Joubert Pereira Brusque Copa SC 1992 Copa Santa Catarina

Joubert Pereira

Técnico
66 jogos (1992-93)

25 vitórias
23 empates
18 derrotas