“Eu quero que todas as garotas assistindo aqui, agora, saibam que um novo dia está no horizonte! E quando esse novo dia finalmente amanhecer, será por causa de muitas mulheres magníficas, muitas das quais estão aqui neste auditório, esta noite, e de alguns homens fenomenais, lutando para garantir que se tornem os líderes que nos levam ao tempo em que ninguém nunca mais terá de dizer ‘Eu também’”
Esse trecho aí acima, do discurso da Oprah Winfrey no Golden Globe Awards, mostra a face mais esperançosa de tudo o que tem acontecido nos últimos meses. Denúncias de assédio, repercussão na mídia, carreiras enterradas (ou não). O mais importante, muita conversa sobre o assunto e a certeza de que o assédio tem que ficar no passado.
Seja em que área for – e não só no território glamourizado de Hollywood, estabelecer este limite é fundamental. E para isso servem até a infeliz carta assinada por celebridades francesas (aquele que disse que, em nome da liberdade sexual, os homens devem ter o direito de importunar as mulheres) ou a coluna de Danuza Leão (aquela que acha que mulher gosta de “cantada de pedreiro”).
Como bem disse um convidado do programa Estúdio I, cujo nome me escapou, vamos deixar de hipocrisia: homens sempre souberam o limite entre flerte e abuso. Não é uma linha assim tão fluída. E normalmente é definida por um conceito bem simples: o do consentimento. Se existe uma chance da mulher se sentir constrangida com o seu “avanço”… recue. É simples. Não exige muita atividade dos neurônios.
Ah, você é do tipo que diz que o mundo está ficando muito chato? Pense o seguinte: talvez esteja ficando mais chato para você, que até agora tinha a liberdade e o direito de fazer o que bem entendesse. Mas agora é a hora do mundo ficar menos chato para quem sempre teve que viver na defensiva, com medo do assédio. Parece mais justo para você?
Claudia Bia – jornalista e adepta do pretinho básico