Diamantes jamais me seduziram, nem acho que são tão brilhantes assim, a não ser que possam se transformar em uma incrível viagem pelo mundo!
Viajar sempre foi minha maior paixão depois da própria paixão, sim, aquela visceral e carnal que todos conhecem (espero pelo menos) …
Viajar é o mais incrível presente que alguém ou nós mesmos podemos nos dar, já que é bom cruzar barreiras, fronteiras, medos, o comodismo que nos cerca, diferenças, conflitos e expectativas. Enfim, é bom demais sair da zona de conforto de nosso quase sempre seguro “lar”.
E de tudo que procuro e quase sempre encontro em minhas viagens mundo a fora, nada me seduz, me encanta, me fascina, me motiva a continuar viajando mais que “PESSOAS”, elas sempre serão o foco final destas extraordinárias experiências.
Já visitei muitos lugares, incríveis, emblemáticos, simples, glamurosos, históricos, iguais a tantos outros, surreais, lindos e nem tanto …
Já dormi em lugares cuja mala algemei em meu pulso por medo de ser roubada, e outras vezes em quartos que tive a impressão que príncipes já dormiram. Já comi em muitos “moquifos” situados em uma esquina qualquer, e em bistrôs consagrados pelo talento de chefs com estrelinhas no peito. Já caminhei em campos onde pessoas foram mortas e incineradas por guerras estúpidas, e em campos onde girassóis inocentes nasciam enquanto pessoas bebiam vinho. Já vi gente desfilando alta costura em cidades caras, e outras que vestiam tamancos de madeira e avental em um mundo onde o tempo literalmente parou. Já estive em cenários paradisíacos e em cidades cuja natureza já é quase inexistente. Já vi monumentos, torres, estátuas, pontes, museus, edifícios, praças, castelos e casebres que fizeram e ainda representam a história da humanidade.
Já me deparei com gente bonita, feia, limpa, suja, pobre, rica, magra, gorda, fashion e fora do contexto (aquele que talvez erroneamente meus olhos estavam acostumados a ver), estranha, normal, diferente, igual, falante e silenciosa ….mas, algo era certo para mim, todas estas criaturas tinham pelo menos uma única célula que talvez se assemelhava a minha.
Sempre amei viajar, e já viajei muito, poderia escrever um jornal inteiro de sensações e sentimentos que tive em um único dia de minhas viagens, mas isto talvez seria chato para quem aqui lê, porque o que vi, senti e vivi dependeu sem sombras de dúvidas muito mais de quem eu era naquele exato momento do que o lugar visitado. Porém, confesso, teve algo que sempre me motivei a fazer em cada uma de minhas viagens que vale aqui dizer e registrar, foi não só olhar, mas observar e verdadeiramente tentar enxergar pessoas que cruzei mundo a fora.
Sempre ganhei (e não perdi) um dia de minhas viagens observando, fotografando e sentindo as pessoas que cruzei, me perguntando onde moravam, o que comiam, que bocas beijavam, que sentimentos as afligiam ou encantavam, que tipo de casa moravam, que livros liam, que visão política tinham do mundo, se tinham cachorros, se acreditavam no ser humano, se gostavam de cozinhar, se cultivavam flores, se amavam e odiavam o que amo e odeio, se “viajavam” em todos os sentidos como eu, se buscavam mais do que simplesmente olhar para quem cruzava com elas. Sempre busquei e ainda busco nas pessoas que cruzo, ainda que um segundo apenas de meu caminho, um pouco de quem sou, ou alguém que ainda espero ser …
Enfim, não sei se serve de algo este texto, além de demonstrar um pouco de mim nas viagens que faço, e aqui estou me referindo só as reais e literais mesmo … mas, se posso finalizar este texto com uma única conclusão, diria que sempre após observar pessoas que cruzei mundo a fora, voltei para meu hotel, deitei minha cabeça no travesseiro, fechei meus olhos para dormir e encontrei no sossego daquele segundo uma inequívoca certez: não importa onde nascemos, quem somos, o que sentimos, o que enxergamos, o quanto já caminhamos no mundo, nada importa … de todos o sonhos que temos, o mais evidente e igual para todos estes seres que cruzam nossos caminhos mundo a fora, é o SONHO DE SER FELIZ! Isto para mim move o mundo e nos torna, apesar de tão infinitamente diferentes, tão iguais!
Parece poético e piegas demais este texto para você? Entendo, de verdade, mas para mim parece a forma mais fácil de se mover neste caminho chamado vida, seguir enxergando quem divide este planeta conosco, embora cada qual em seu quadrado!
Sandra Tomasoni – advogada