Você, com certeza, deve saber que fazer dieta não é fácil! Só de imaginar não comer as coisas que gosta como aquele churrasco no final de semana ou aquele chocolate depois do almoço, podem deixar qualquer um suando frio. E comer só salada, frango e batata doce quando o que você mais quer é uma pizza? Precisa de muita força de vontade… Muito empenho…

Mas sabe o que é pior para a maioria das pessoas? Ter liberdade para comer o que quiser, o quanto quiser e quando quiser. Assusta demais. Imagine só: comer o tamanho da sua fome, responsabilizar-se pelas escolhas que faz, não ter uma lista de alimentos proibidos, não precisar contar calorias, não sentir a culpa que sempre aparece quando comemos aqueles ditos alimentos não saudáveis.

Tente, nesse mundo de comer de três em três horas, parar e escutar o próprio corpo. Entender se está com fome e que tipo de fome está sentindo – fome emocional, fome fisiológica, fome social – ou talvez você não esteja com fome, esteja com sede, querendo ocupar o tempo, relaxar… Sim! É difícil compreender o próprio corpo nessa correria insana, e mais difícil ainda é aprender a relacionar-se com ele, aceitar-se e cuidar de si mesmo. Essa possibilidade chega com a observação do comportamento relacionado à alimentação.

A nutrição comportamental está ganhando espaço nos últimos anos. Devagar, porque não promete milagres, mas um processo de terapia realista e aplicável, sem prazos mágicos para chegar ao final, mas vem para ocupar seu espaço, devido ao fato de pesquisas apontarem que 95% das pessoas que fazem qualquer tipo de tratamento para emagrecer, voltam a engordar e na maioria das vezes chegam a um peso maior do que o peso anterior à dieta. ATENÇÃO: Parem esse mundo de mentiras e dietas restritivas, que todos precisamos descer!

O comer intuitivo vem se fortalecendo por ser coerente e sustentável na forma de lidar com mudanças comportamentais e alimentares, respeitando fome, saciedade, prazer, saúde e tudo o mais que a história de vida de alguém possa trazer. Tudo em um mesmo contexto alimentar, um trabalho holístico, uma mudança para quem deseja algo que seja para sempre, que traga harmonia e paz a sua vida alimentar e não mais uma frustração ou mais um fardo de culpa para a coleção.

O primeiro pensamento que vem à mente quando se ouve falar de reeducação alimentar, comer sem restrições e ouvir seus sinais de fome e saciedade é: “Vou engordar se comer escutando minha fome”. Por um segundo, parece uma ótima ideia poder comer de tudo, depois vem o medo, afinal, quando se sai da dieta rígida, o resultado são exageros e compulsões.

Como acreditar que se pode comer escutando o próprio corpo? Como garantir que não existirão excessos ilimitados?

É preciso coragem para desligar o “piloto automático” ao qual terceirizamos o controle do nosso destino, para encontrar a verdade nas respostas que sempre estiveram dentro de nós. A questão é que respostas em nós mesmos não dão lucro, nem manchete sensacionalistas em capa de revista.

Comer consciente é um aprendizado que não ocorre do dia para a noite. É preciso constante trabalho interno e grande coragem, além de convicção, para não cair nas armadilhas de novas dietas que nos rodeiam constantemente. Existem riscos e muitos medos, e pode parecer muito mais fácil deixar que um aplicativo conte as calorias por você.

Se você acha que fazer dieta é difícil e que essa história de comer com consciência é desculpa de quem quer comer de tudo, talvez deva preocupar-se em entender sobre o que estamos falando.

Comer ouvindo o próprio corpo implica deslocar a preocupação com calorias, e atentar para o seu comportamento, o seu estado emocional, as suas insatisfações, os seus medos, as suas dependências, os seus desejos… E isso, realmente, é mais difícil do que reclamar da dieta ou preencher aplicativos que somam calorias.

Enfrente-se, enxergue-se, aceite-se!

Use o tempo que você gasta procurando fórmulas milagrosas, dietas seca-empoderamento, para conhecer-se. Abandone a culpa, corra atrás de você. Esqueça o padrão da mídia e pare de arrumar desculpas. Aprenda a ouvir seu corpo.

Fazer dietas receitadas por especialistas, por amigas ou por sites e ver resultados, perder resultados, engordar de novo, culpar os outros… é trabalho pequeno. Decidir-se, mergulhar na própria vida, afrontar-se… é complicado, é muito mais difícil, mas traz resultados para a saúde física, emocional e social. Tantos, que sua beleza física será a conquista menor desse trabalho.

 

Janaina Kühn Barni – Nutricionista – Educação Alimentar infantil e Rotina Familiar