Nada no mundo justifica nenhum tipo de agressão. A mulher apanha porque cresce achando que o certo é ser submissa, não só a um homem (parceiro), mas também a seu pai, sua própria mãe lhe trata assim, depois na sua escola continua, vai para o trabalho e assim por diante. O homem cresce sendo tratado como o forte (fisicamente) o forte emocionalmente. Seu pai lhe trata como macho. Sua mãe se mostra submissa e, se tem irmãs, elas assim também se mostram. Ele não ajuda na louça, na casa e, se bobear, nem seu prato da mesa, ele tira.

Como uma mulher consegue nessa sociedade crescer com um posicionamento digno e respeitoso? E como um homem consegue crescer da mesma forma? Imagina o quanto repreendido em seus pensamentos, em suas emoções um homem vive desde pequeno? Começando pela frase? “Homem que é homem não chora”!!!!

Não somos ensinados e nos valorizar e a tratar a nós mesmos com carinho! Não somos ensinados a nos posicionar e sim a nos impormos!

 

Tenho filho menino e filha menina. Sou uma pessoa que pensa em igualdade e respeito.

Ensino meus filhos a brincarem de boneca, casinha, carrinho etc., igualmente. E mesmo assim, ainda me pego chamando mais a menina para as tarefas da casa do que o menino.

 

Claro que numa sociedade machista, quem sofre absurdamente mais com a agressão e o desrespeito é a mulher. Temos sim, que lutar contra isso diariamente e incansavelmente.

Mas tá tudo errado.

A raiz disso tudo está envenenada.

Ninguém é culpado, mas ao mesmo tempo, todos somos. Ninguém é vítima e ao mesmo tempo todos somos.

 

É tudo muito complicado. Muito delicado.

A minha indignação sobre a violência contra mulher é grande. Mas eu vou além. Tudo mundo sofre com isso. O agressor agride porque é vítima dessa sociedade ignorante. O agredido “apanha” porque é vítima também. Se pudéssemos crescer num ambiente que, ao invés de ser de autoritarismo e temor, fosse de respeito, tudo mudaria já desde lá na infância.

Aprenderíamos a dizer mais “nãos”, a escolher melhor o que nos agrada, a selecionar melhor os amigos, amores, e não aceitar qualquer coisa.

 

Temo pela criança, que se não crescer com muito amor e bons ensinamentos, pode se tornar mais um “agressor” e não tem culpa disso.

Temo por nós mulheres que precisamos aprender a nos valorizar.

Temo pela sociedade que precisa se tratar com mais gentileza e empatia.

Temo pelos homens que não puderam “chorar”!

 

Tá tudo errado.

Existe muita forma de agressão! Fofoca, inveja, ostentação, egoísmo, consumo desenfreado… banalização de tanta coisa importante…

Haja cabeça boa pra dar conta de 24 horas por dia!

Tudo precisa mudar. Todos precisam se curar!

E eu vou tratar de continuar a ensinar meus filhos que homem também chora, limpa casa, e pode brincar de boneca, sim… Afinal de contas, vai crescer e quem sabe, ter filhos!

Há esperança.

Nunca é tarde.

 

Daniela Moritz – “articulista das minhas incertezas existenciais”