Aproveito meu espaço aqui para homenagear um outro tipo de pai (ou mãe) que zela para que tenhamos um dia-a-dia mais confortável e protegido. Faço isso porque tenho esse privilégio. No prédio onde moro, nosso zelador é aquela pessoa que está muito presente.
Fazem mais de 20 anos que moro aqui. Ele também está aqui este tempo todo. Ganhamos confiança um no outro. Posso dizer que é família. Engraçado pensar que o que divide os moradores dos prédios são apenas paredes que limitam esse ou aquele apartamento. Estamos numa grande casa e cada um com sua privacidade. E quem nos une¿ O zelador.
É ele, com seu caráter e seu olhar afinado nos deixa o chão brilhando, as escadas limpas, o cheirinho delicioso de algum tipo de produto de limpeza que me dá o cheiro de casa. É ele que está ali, quando a gente chega da rua, com algum comentário, uma piada, um contratempo. É a ele que recorremos, pelo menos eu, quando algo não funciona direito, na forçada ordem de quem se vê a mercê do funcionamento de um espaço coletivo.
Li, já faz tempo, um livro que recomendo e que quero tornar a ler: A ELEGÂNCIA DO OURIÇO, de Muriel Barbey..(Soube agora que virou filme, e estou louca prá ver!.). É um livro que fala sobre uma concierge(zeladora) francesa que se mostra uma conhecedora das personalidade dos moradores apesar das aparências.
O zelador do meu prédio também nos conhece. Ás vezes até mais do que gostaríamos, já que algumas vezes nos mantemos encarcerados em nossos apartamentos. Mas, no meu caso, isso me dá um certo conforto. Saber que existe alguém aí que zela por mim. Por nós!
Não tem preço chegar em casa e as coisas estarem em ordem, principalmente dentro dessa desordem que insiste em permear as ruas. Sentir-me segura e com alguém com quem eu possa contar, e que está ali, com sua paciência e humor, esperando que eu volte, me dá a sensação de que todo aquele prédio, que hoje habitam também estranhos, é sim o meu lar.
Silvia Teske – artista