Um dos grandes nomes recentes da moda, Patrícia Bonaldi começou ensaiando em si criações que tinham sua própria identidade. Mas nada sério, até então a mineira estudava Direito e jamais cogitou que poderia se posicionar como uma das principais estilistas contemporâneas do Brasil.

Quando resolveu se lançar, o sucesso estava feito. Rapidamente ganhou o Brasil, e aos poucos se inseriu na Europa. Nos Estados Unidos, há dois anos no mercado, já está presente nas principais lojas de departamentos do país.

É fato que nas festas mais bem frequentadas, alguma mulher empoderada potencialmente está vestindo Patrícia Bonaldi. Partindo da linha festa, surgiram outros desejos, como o casual, o mais recente beachwear, e há sonhos ainda, como mergulhar-se no homewear e quem sabe ensaiar alguma coleção masculina.

Patrícia Bonaldi esteve em Brusque na última semana, para um almoço entre convidadas da empresária Patrícia Archer. Daniel Mafra intermediou um bate-papo, e depois, conversamos com exclusividade com a estilista.

Confira a entrevista.

André Groh: Tem uma história sua que durante o momento da faculdade de Direito, você resolveu começar a criar suas próprias roupas. E numa festa que frequentou durante o período, outra convidada fez elogios e demonstrou interesse em comprar a peça que você vestia. Como foi essa inserção na moda?
Patrícia Bonaldi: Eu fui experimentando sabe. A moda aconteceu pra mim de um jeito experimental. Eu não tinha aquela certeza que queria ser estilista. Mas quando as pessoas desejavam muito o que eu vestia, eu entendi que era meu caminho.

A.G.: Há quanto tempo?
P.B.: 15 anos

A.G.: O que a moda representa para você?
P.B.: Minha vida. Eu sou muito inquieta, e preciso sempre me desafiar. Depois que eu vi que a festa é algo que eu fazia muito fácil, pensei: qual será meu próximo desafio? Então me mergulhei no casual e criei a PatBo. É uma moda que vibra, não é um casual besta. Besta é bem mineiro né? (risos). Ninguém precisa mais uma camisa ou uma jaqueta. A roupa tem que ter um significado, tem que te fazer bem. E é isso que a moda tem que te proporcionar.

A.G.: Respira isso?
P.B.: Respiro, me dedico…

A.G.: Onde você busca referências?
P.B.: Eu sou uma pessoa que ama cores, bordado, estampa… A natureza está na minha marca. Com uma identidade tropical, latina. Acho que tudo o que me rodeia é uma inspiração por fim.

A.G.: A Patrícia Bonaldi acabou se ramificando para outras marcas no grupo. Há algum novo nicho para surgir?
P.B.: Tenho vontade de fazer homewear. Hoje está muito na vontade, mas acho que é algo para desenvolver em breve.

A.G.: Algo para o público masculino?
P.B.: Eu quero fazer o masculino, mas preciso estudar o perfil com muita responsabilidade. As pessoas me pedem muito.

A.G.: Acho que esse jogo de estampas funcionaria.
P.B.: Super né (risos). Preciso perder o medo.

A.G.: A linha para festas é a favorita?
P.B.: É do meu coração porque é meu começo. Mas hoje onde mais vibro criativamente é no casual da PatBo.

A.G.: Em mercado, qual a diferença do eixo Rio-SP, onde estão suas lojas próprias, para o resto do país?
P.B.: Não é muito diferente. A marca é muito democrática. O feeling está no shape, indiferente a idade ou região.

A.G.: Qual é desafio de fazer moda num país continental como o Brasil? Um país com multiculturas, com vários tipos de mulheres e modelagens. Falando especificamente do sul, o que você enxerga de beleza nessa mulher?
P.B.: Beleza é inquestionável né. Vou ser redundante. A mulher do sul é muito próxima a europeia. Acerto muito quando faço para o sul, porque acerto também para os EUA, que é muito parecido. Como a coleção é grande, eu tenho que ser muito dinâmica. Eu penso primeiramente em shapes, porque a brasileira tem muitos tipos de corpo. É uma variedade de cinturas e quadril, e tem que pensar em todo tipo de mulher. A moda tem que ser isso, não pode ser restrita ou ditadora.

A.G.: Como está a internacionalização da marca?
P.B.: Hoje estamos num momento muito bom, com presença nas melhores lojas de departamento dos EUA.

A.G.: E na Europa?
P.B.: A Patrícia Bonaldi está na Europa, porque exportei a moda para festa antes de qualquer lugar. Mas por questão de investimento, hoje o foco está voltado para os Estados Unidos com desejo de mergulhar mais intensamente na Europa em breve.

A.G.: O cenário da moda em Minas Gerais tem crescido?
P.B.: Muita coisa acontece em Minas, e você encontra hoje diversas linhas. Seja alfaiataria, bordados… Há muita empresa que tem aparecido por lá, sem contar na força dos eventos de moda.