Qualidade do ar em Brusque se torna “insalubre” devido à fumaça das queimadas pelo Brasil
Dados são calculados com base em imagens de satélite
Dados são calculados com base em imagens de satélite
Impactada pelas queimadas na região Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país, a qualidade do ar em Brusque nesta quarta-feira, 11, está em nível “insalubre”, de acordo com uma plataforma de clima do MSN. Os dados de qualidade do ar são uma estimativa e fornecidos por Airnow.gov, CAMS, OpenAQ e CPCB.
Às 12h desta quarta-feira, o Índice de Qualidade do Ar (IQA) marcava 168. Isso significa que a qualidade do ar está muito ruim e apresenta algum risco. A orientação é evitar atividades ao ar livre e fechar janelas e portas. É recomendado o uso de purificador de ar e máscaras.
A plataforma IQAir, da Suíça, também indica que a qualidade do ar em Brusque é “insalubre para grupos sensíveis” e aponta um IQA de 142, na última atualização feita às 16h. A concentração é 10,5 vezes maior que o valor recomendado pela diretriz anual de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante esta terça-feira, 10, o índice estava classificado como “ruim” pela plataforma do MSN em Brusque. Dos dados disponíveis na plataforma, entre 16h e 23h, o maior IQA registrado foi de 128, às 19h. Nesta quarta-feira, o maior IQA chegou a 168, por volta das 12h, marcando assim a qualidade de insalubre.
A qualidade do ar está ruim devido ao PM2.5. São partículas finas tóxicas que podem ser inaladas profundamente nos pulmões e causar problemas de saúde. Essas partículas são geralmente geradas por fontes de combustão, como veículos, fábricas, incêndios florestais e queima de carvão. Conforme a plataforma do MSN, o ar em Brusque tem 55 microgramas por metro cúbico (μg/m³) das partículas; já a plataforma da Suíça aponta para um 52,4 µg/m³.
A plataforma IQAir ressalta que o dado é apenas uma estimativa, já que Brusque é um dos locais que não tem medição terrestre. Os dados apresentados são calculados com base em dados de PM2.5 de satélite.
Leonardo Hoinaski, coordenador do laboratório de Controle de Qualidade do Ar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica que as duas plataformas são iniciativas diferentes que usam dados de fontes distintas.
“Estes sites apresentam resultados de modelos matemáticos, assim como é feito para a previsão do tempo. Neste caso, a previsão é de concentração de poluentes. Todo modelo de previsão está sujeito a erros”, aponta o professor.
Ele ressalta que o dado mais confiável é o de estações de monitoramento da qualidade do ar. Em Santa Catarina são apenas três, em Tubarão e Capivari de Baixo. “Na ausência de dados confiáveis, podemos usar as informações destes sites como indicativo sobre a qualidade do ar. Na minha opinião, é melhor saber algo do que saber nada”, complementa Leonardo.
De acordo com a Defesa Civil, nesta quarta-feira algumas regiões de Santa Catarina continuam com a presença de nevoeiros densos no litoral por conta das queimadas no Norte do país. As fumaças ainda aparecem no Vale do Itajaí, na Grande Florianópolis e no Litoral Norte.
Segundo a Epagri/Ciram, a circulação de ventos de direção norte contribui para o transporte da fumaça em direção ao Sul do Brasil, atingindo inclusive países vizinhos, como Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.
Além do vento, a presença de uma massa de ar quente e seco em grande parte do Brasil, favorecendo as altas temperaturas e a umidade do ar muito baixa, torna-se mais um agravante para a maior concentração desta fumaça na atmosfera.
“Se a densa camada de fumaça nos traz um nascer e pôr do sol em tons laranja/vermelho, como muitos devem ter presenciado no final de semana, também afeta perigosamente a qualidade do ar, que algumas vezes já é considerada crítica em regiões como as carboníferas”, diz a nota da Epagri.
A fumaça pode causar desde um desconforto, como ardência nos olhos e garganta seca, como agravar problemas respiratórios, principalmente em pessoas vulneráveis a esta condição.
Conforme a previsão da Epagri, uma mudança no padrão de ventos ou a chegada de chuvas mais intensas são condições necessárias para inibir o transporte de fumaça para Santa Catarina, o que pode ocorrer nesta sexta-feira, 13, com a passagem de uma nova frente fria.
No Litoral de Santa Catarina, além da fumaça, a redução na visibilidade ainda ocorre por conta dos nevoeiros marítimos, fenômeno também associado à atuação da massa de ar mais quente.
De segunda-feira, 9, para terça-feira, 10, o Brasil registrou 5.132 focos de incêndio, concentrando 75.9% das áreas afetadas pelo fogo em toda a América do Sul, informa o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O aumento no número de focos se deu no bioma Cerrado, que ultrapassou a Amazônia nas frentes de fogo e registrou 2.489 focos.
Uma das maiores especialistas em fogo do país, a diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, diz que o avanço dos incêndios em grande parte do país preocupa principalmente pela antecipação do período crítico. “A gente está numa situação muito difícil, até porque não sabe como serão os próximos meses. Não queremos que seja como foi o fim do ano passado, quando em outubro a situação piorou na Amazônia, principalmente em novembro e dezembro, e a chuva só começou em janeiro. Então, fico muito preocupada como será depois de setembro”.
Nestes primeiros dias de setembro, os focos distribuídos pelo país superam o dobro do que foi observado em 2023. Em apenas dez dias são 37.492 focos registrados, enquanto que no mesmo período do ano anterior haviam sido 15.613.
Para Ane Alencar, este ano o fogo foi potencializado por uma confluência de fatores que vão desde fenômenos como o segundo ano de El Niño, seguido de La Niña, passando pelo aquecimento global e a ação humana. “Eu acho que no Brasil, normalmente, já tivemos secas muito fortes na Amazônia, em uma parte do Cerrado, na região central do país, mas pegando vários biomas ao mesmo tempo, eu acho que é uma das primeiras vezes. É quase uma tempestade perfeita, onde o clima é o motor para propagar o fogo que ocorre a partir das queimadas”, diz.
Além dos incêndios que avançam sobre a Amazônia e o Pantanal, São Paulo também passa por situação crítica.
Para a diretora-executiva do Instituto do Ar e médica, Evangelina Araújo, diante da piora da qualidade do ar em razão, principalmente das queimadas, as autoridades federais e estaduais deveriam adotar medidas mais rígidas para evitar casos de síndromes respiratórias.
“Na Europa, particularmente na França, a detecção de uma mínima alteração na qualidade do ar já acende o sinal de alerta. No caso da qualidade do ar em São Paulo e no restante do Brasil, por causa das queimadas, as autoridades já deveriam ter adotado providências. Estamos falando das áreas de meio ambiente e saúde. A situação é crítica por afetar as pessoas sensíveis, como crianças, idosos e pessoas com problemas cardiovasculares”, disse à Agência Brasil.
Com a temperatura alta e o ar seco e com qualidade ruim, o ar fica repleto de partículas nocivas que elevam os riscos de problemas respiratórios e até mesmo de morte, alerta a diretora-executiva, acrescentando que a adoção de medidas de mitigação dos danos à saúde é urgente.
Evangelina recomenda que a população beba muita água, feche as janelas e portas de casa para evitar a entrada da poluição, usar ventiladores e colocar toalhas molhadas nos ambientes para aumentar a umidade.
*Com informações da Agência Brasil
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