Embora a costura seja vista como profissão de mãe e avó, o ofício tem começado a atrair atenção dos mais jovens. Daniele Pereira da Silva, por exemplo, teve o primeiro contato com a profissão aos 14 anos, no seu primeiro emprego em uma tapeçaria. Aos 15 ela foi para uma nova empresa e começou a costurar moletons.

Hoje, aos 17 anos, ela já vislumbra um futuro empreendedor na profissão. Para trabalhar, a jovem precisou dar uma pausa nos estudos, por isso, a intenção agora é terminar o Ensino Médio e, em seguida, ingressar no curso de Design de Moda. “Tenho muita vontade de abrir meu próprio atelier em casa. Já pensei em guardar dinheiro e reformar um cômodo atrás de casa e comprar uma máquina para começar”.

Atualmente, Daniele está empregada em uma empresa da localidade de Volta Grande. Mas, a cada nova costura que faz, o desejo de se profissionalizar aumenta mais. Quando criança, a costureira observava as irmãs na profissão e já sentia uma empatia.

Além de costureira, Daniele guarda o talento de desenhista que foi desenvolvido ainda na infância. “Penso que posso unir essas duas coisas para meu trabalho. Quero primeiro costurar para mim, depois fazer roupas sob medida para fora”.

Ela lembra que assim que começou a costurar, muitas pessoas se surpreenderam pela vocação que tinha para a profissão. Apesar de ser uma amante da costura, ela afirma que a função ainda é pouco valorizada. “É uma profissão tão essencial e não é tão reconhecida como deveria”.

Todo conhecimento que a jovem tem, adquiriu ao desenvolver peça por peça. “Eu acho que nasci com o dom de costurar, pois vejo que há meninas que querem costurar, mas no primeiro erro desistem. Mas eu insisti, pois era o que eu queria e gostava”.

Em busca de aperfeiçoamento, Daniele vai todos os dias até a casa de uma amiga, depois do trabalho, onde aprende a usar outras máquinas e outras costuras. “Eu olho ela fazer e faço igual. É uma maneira de agregar meu currículo”.


Desejo de crescer na área

Se tornar uma cabeleireira profissional teria dado certo para Debora Valcanaia, de 22 anos, se ela já não tivesse descoberto o amor pela máquina de costura. Isto porque aos 16 anos, a jovem conseguiu o primeiro emprego como revisora em uma facção. Mas o desejo sempre foi ser costureira.

Debora Valcanaia até tentou ser cabeleireira, mas a paixão pela costura falou mais alto / Foto: Miriany Farias

Foi observando as colegas do trabalho que ela aprendeu a dominar a máquina e se destacar na profissão. Sem nunca ter feito um curso na área, foi a prática que a fez aprender cada dia mais. “Teve um tempo que pensei em sair dessa profissão e fui tentar ser cabeleireira, mas não deu certo. Parece que não era mesmo para ser, até porque eu realmente gosto do que faço”.

A jovem, natural de Itajaí, acredita que herdou o talento da avó, que também era costureira. “Quando era pequena, sempre via ela na máquina de mesa e queria aprender, mas nunca tive oportunidade de pegar a máquina dela para costurar”.

Por ser tão jovem, Debora conta que sofreu preconceito das próprias amigas, que a incentivavam a deixar a profissão e tentar algo diferente. “Elas diziam para fazer uma faculdade e trabalhar no escritório, com ar-condicionado. A minha resposta sempre foi de que cada um trabalha no que gosta. Eu gosto disso e trabalho com isso. Eu trabalho feliz”.

Eu vejo que se não fosse a gente, a nossa profissão, todos andaríamos pelados. É uma profissão essencial na vida do ser humano.

Debora Valcanaia

Para ela, não há desvantagens em trabalhar na produção e não poder usufruir de um ambiente mais confortável, por exemplo. A paixão adquirida na costura já fez com que Debora indicasse para algumas amigas, que acataram a dica e hoje também trabalham com costura.

Sem se imaginar fazendo outra coisa, a jovem afirma que pretende se aperfeiçoar cada vez mais no que faz. Inclusive, a intenção é fazer cursos profissionalizantes para melhorar ainda mais e alcançar a função de pilotista. “Na empresa que trabalho já me deram algumas peças piloto para fazer. É com essas oportunidades que me dão que dá ainda mais vontade de melhorar como profissional”.

Debora analisa que atualmente a profissão ainda é bastante desvalorizada, o que na visão dela é errado pela importância da costura na sociedade. “Eu vejo que se não fosse a gente, a nossa profissão, todos andaríamos pelados. É uma profissão essencial na vida do ser humano”.