Repercussões da prisão de Jocimar: DC diz que “não imaginava”, enquanto oposição quer cassação

Vereador é investigado por esquema de rachadinha envolvendo o suplente

Repercussões da prisão de Jocimar: DC diz que “não imaginava”, enquanto oposição quer cassação

Vereador é investigado por esquema de rachadinha envolvendo o suplente

A prisão do vereador Jocimar dos Santos, presidente estadual do Democracia Cristã, pegou o cenário político de Brusque de surpresa, mas, no dia seguinte, as repercussões já começaram. De acordo com a Polícia Civil, ele foi preso por uma denúncia de esquema de rachadinha feita pelo seu suplente, Eder Leite, conhecido com Eder dos Cachorros.

Presidente local do DC, o vereador Natal Lira afirma que o partido foi pego de surpresa pela notícia. Ele informou que tentou entrar em contato com Jocimar ainda na noite de quinta-feira, 30, mas não conseguiu. O vereador foi levado à Delegacia de Brusque por volta das 19h.

Natal diz que o partido ainda está avaliando o que pode ser feito. “Não tenho notícia nenhuma ainda do que vai acontecer. Entrei em contato também com pessoas próximas ao Jocimar, mas estou aguardando. Ninguém imaginava isso”.

O vereador Jocimar, que também já foi secretário de Desenvolvimento Social durante mais de um ano, durante a administração Ari Vequi, pediu licença e foi substituído por um suplente, prática comum no partido para dar espaço a outros nomes desde o início da legislatura, nas duas cadeiras do DC na Câmara – o próprio Eder já havia assumido o posto por um mês em um período anterior, no ano passado, assim como Rodrigo Voltolini e Natal Lira, hoje vereador titular.

Eder Leite no seu primeiro período como suplente, em 2022 | Foto: Talita Garcia/Câmara de Brusque

No dia 25 de outubro, Jocimar informou ao jornal O Município que seu substituto, desta vez, seria o professor Cleiton Schmidt, o nono mais votado do partido na eleição em 2020, com 217 votos. Outros três suplentes que ainda não tinham tido a oportunidade de ocupar a cadeira na legislatura estavam à sua frente na fila do DC, Vilson Moresco (que ocupa cargo na prefeitura), Sidnei Martins e Silvia Rosado, mas, segundo informado por Jocimar à época, eles tinham aberto mão.

Quem assumiu, no fim, porém, foi Eder. Segundo conversas preliminares, de acordo com Eder, Jocimar exigiu que o suplente pagasse metade do salário para que ele exercesse o cargo.

No primeiro momento, o suplente aceitou e assumiu o cargo, pensando que o acordo não aconteceria, porém o vereador licenciado voltou a conversar com Eder exigindo os 50% do salário.

Oposição promete tomar providências

A vereadora Marlina Oliveira (PT), única que é declarada oposição na Câmara de Brusque, acredita que o caso tem que ser “pedagógico para a sociedade brusquense” e acredita que este não é um caso isolado.

“Denúncias de rachadinha em Brusque não são recentes. O que aconteceu com o vereador Jocimar, que é novo no cenário político, não pode ser tratado como caso isolado”.

Em 2021, em reportagem exclusiva do jornal O Município, um ex-servidor comissionado da Fundação Cultural de Brusque revelou uma denúncia ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) um suposto esquema de rachadinha envolvendo servidores comissionados indicados por políticos na prefeitura. A investigação ainda deste caso ainda não foi encerrada.

“Precisamos compreender quais as relações com essa suplência e quantos são os cargos que o DC têm na prefeitura. O prefeito era do partido até semana passada, precisamos averiguar”, completou a vereadora. Jocimar trabalhou ativamente na campanha do prefeito André Vechi, eleito em setembro e que anunciou a troca de sigla, do DC para o PL, no início de novembro.

Marlina, que está licenciada do cargo no momento, defende que ele passe por um processo de cassação. “Não é possível que nada aconteça, que a Câmara não se posicione diante de um flagrante”.

Quem ocupa atualmente a cadeira de Marlina é Patrícia Freitas (PT). Ela afirma que, já na próxima sessão da Câmara, que acontece na terça-feira, 5, apresentará alguma medida prática em relação à prisão, mas que ainda está analisando o que é possível fazer no momento.

“Estamos estudando junto à assessoria jurídica do PT uma forma de fazer os procedimentos corretos, incluindo a possibilidade de um pedido de cassação. Estou em contato com os demais vereadores, com a corregedoria e o presidente da Câmara para que tenhamos um posicionamento oficial. A Câmara é um espaço sério e não pode ser comprometido por uma ação isolada. Faremos encaminhamentos em relação a isso”.


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