Na quinta passada tive a notícia de que um artista pelo qual tenho muito afeto se suicidou. Não vou negar que o ocorrido mexeu comigo, enquanto ser humano, enquanto fã, enquanto psicóloga. Acredito que já fazem uns doze ou treze anos que ouvia a banda, e suas músicas foram trilha sonora de anos e momentos muito importantes em minha vida, e pra ser sincera, me sentia orgulhosa de saber que um artista que comecei a escutar e acompanhar ainda adolescente não só estava vivo como produzindo músicas ótimas mesmo depois de tanto tempo. Porém ele enfrentava seus próprios demônios desde a infância, e depois de muito tempo tolerando e convivendo com as próprias dores, ele acabou cedendo.
É muito doloroso, pra quem fica, pensar que poderíamos ter feito algo, que poderíamos ter ouvido seus inúmeros pedidos de ajuda nas letras de suas composições, elas não deixavam dúvida do sofrimento que ele enfrentava… Mas buscar somente um motivo ou buscar um culpado… Alguma coisa que poderia mudar o destino dessa decisão? Não faz sentido.
Respondendo à pergunta do título, não acho que temos que falar sobre suicídio em si, temos que falar no sofrimento que estas pessoas que pensam nisso enfrentam diariamente. Temos que falar e tentar entender o quão difícil pode ser continuar vivo e sobrevivendo, e junto destas pessoas, podemos buscar uma forma de alívio, de tornar a vida mais leve, quem sabe um dia até mesmo prazerosa.
São inúmeros os quadros clínicos que levam alguém a pensar em tirar a própria vida, inúmeros os traumas, os problemas, os impulsos. Se é depressão, dependência química, bipolaridade, tentativa de chamar atenção? o que precisamos entender é que todos os motivos são válidos, todos os pedidos de ajuda – e de atenção! – devem ser levados a sério, e parar pra ouvir quem está ao nosso lado pode parecer banal, mas talvez seja um caso de “vida ou morte” que não deve ser subestimado jamais.
Se você está pensando sobre isso, busque ajuda! Procure alguém que possa realmente te ouvir, e dê mais uma chance a si mesmo. Dê todas as chances que precisar.
Eduarda Paz – psicóloga