Muito se fala em nutrição, nutrientes, calorias, alimentos vilões ou mocinhos das dietas. A população sabe mais sobre a composição de alimentos do que muitos profissionais de saúde. Cada profissional luta com unhas e dentes por suas ideias a respeito de mais um ciclo de certos e errados do momento! Mas o que pouco se fala, é a respeito do comer fisiológico ou emocional, do comer consciente e sobre a questão de que, na história, nunca tivemos tanta informação a respeito de alimentação e saúde, e, em contrapartida, nunca a população esteve tão obesa e tão perdida a respeito de como comer de maneira equilibrada, ou como promover hábitos adequados de saúde em seus filhos e famílias! Estamos perdendo o referencial sobre “o que é comer normal”.

Sophie Deram – nutricionista comportamental – autora do livro “O peso das dietas”, diz: “o ser humano se nutre de alimentos e sentimento!” Essa frase vem ao encontro do que diz a Organização Mundial de Saúde (OMS) que define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades. A nutrição comportamental tem a proposta de unir essa tríade de saúde e tratar o ser humano de maneira holística. Questão que algumas áreas vêm fazendo há um bom tempo.

Apesar disso, grande é o número de profissionais de saúde que continuam trabalhando como se os aspectos emocionais e sociais na vida alimentar de um indivíduo fossem irrelevantes ou inexistentes! Simplificam a alimentação ao mero aspecto da bioquímica e fisiologia da questão. Fato que muito me entristece! Pois se essa estratégia por si só fosse eficaz, não teríamos 95% de insucessos nos mais diversos tratamentos de emagrecimento existentes, como já é comprovado hoje! E 95% é o mesmo que dizer que estamos totalmente perdidos nessa questão!

Se fosse para começar com apenas um único conselho a quem quiser provar um pouco da nutrição comportamental, eu diria: – faça a “dieta” de uma regra só: “aprenda a comer quando estiver com fome e a parar de comer quando se sentir satisfeito”.

Não é simples para a maioria, mas é recompensador e libertador para quem aprende a resgatar isso. Afinal nascemos com essa habilidade e o mundo das dietas restritivas e das ideias de controles alimentares externos com x colheres disso ou y goles daquilo, destroem essa habilidade perfeita.

Se seguirmos apenas esse conselho e conseguirmos ensinar nossos filhos a comerem “o tamanho de suas fomes”, com prazer e sem culpa, certamente passaremos a uma nova perspectiva a respeito da alimentação. Precisamos parar de contar calorias e dividir alimentos entre bons e ruins, para resgatarmos a capacidade de sentir, identificar e respeitar nossas sensações e emoções.

Precisamos acolher e celebrar o direito de sentirmos o prazer de comer. Precisamos nos respeitar e deixar de seguir mantras como “foco, força e fé” no controle alimentar, ou ditames insanos como: “Se estiver gostoso, cospe porque engorda”. Frases que só demonstram a visão equivocada e minimalista a respeito de algo tão amplo e complexo.

Se quisermos de uma vez por todas, atingir o estado pleno de saúde física, emocional e social, nos dando a chance de nos tornarmos autores da nossa própria história – como diz Augusto Cury – temos que resgatar o direito de vivenciar um relacionamento de paz com a comida e o corpo. E temos urgência em aprender tudo isso, para pouparmos nossos filhos de caírem na armadilha em que viveram as últimas gerações, terceirizando o controle do que ninguém, além de nós mesmos, deveria gerenciar.

Empodere-se! Não terceirize a responsabilidade de cuidar de você mesmo. Assuma o controle do seu destino, saúde e da sua felicidade! Pois se for pra fazer m&rd@, você não precisa de ajuda, faça você mesmo! Rsrsrs 😉

Retome as rédeas da sua vida, da sua saúde, do seu corpo, dos seus sentimentos. “Coma de tudo, mas não tudo!” (Sophie Deram). Emagreça apenas por consequência do estado de saúde reestabelecido. Celebre a cultura alimentar com a sua família, antes de perder totalmente o referencial do que é comer normal!


Janaina Kühn Barni
– Nutricionista – Educação Alimentar infantil e Rotina Familiar