Apesar da força e da tradição do futebol amador de Botuverá, poucos botuveraenses na história conseguiram atuar como profissionais. Um dos modelos foi Mário Gianesini, o grande expoente da cidade no esporte, que influenciou crianças e jovens a batalharem em busca de seu sonho.

José Carlos Costa, goleiro de 21 anos, é um dos botuveraenses que atualmente se arrisca na carreira profissional. Ele começou muito novo no futsal, na escolinha de Mário, e também na escala. Aos 10 anos, ele começou a jogar pelo Paysandu, em Brusque, onde ficou três anos até passar no teste para o Internacional de Porto Alegre.

Quando deixou o Colorado, voltou por um tempo a Botuverá antes de ir para o Avaí, onde ficou por um ano. A sua trajetória em busca de se profissionalizar foi interrompida por oito meses depois disso, por causa de uma lesão no joelho, mas José Carlos persistiu.

“Após esse período de recuperação, comecei a jogar na Afeg, em Guabiruba. Fiquei um ano e meio, e então fui para o Metropolitano, onde passei quatro anos. Fiquei desde o sub-17 até o profissional, estreei em uma partida da Série D em 2017, em um jogo com o São Bernardo na Série D”, lembra.

José Carlos fez a estreia como profissional pelo Metropolitano | Foto: Arquivo pessoal

Já como profissional, José Carlos também atuou pelo Flamengo de Guarulhos e o Nacional de Rolândia, time paranaense que disputou a Série D em 2020.

Em Botuverá, José Carlos nutre um “carinho muito grande” pelo Grêmio. Ele lembra que, desde muito pequeno, acompanhava o futebol da cidade e, já aos 9 anos, ia para torneios com o time do bairro Lageado.

Em busca do sonho

Outro jovem botuveraense que segue atrás da carreira profissional no futebol é Gabriel Hoepers, 18 anos. O zagueiro atualmente está nas categorias de base do Audax Osasco (SP), e também tem passagem pelo Grêmio Prudente.

Assim como José Carlos, Gabriel começou sua caminhada no esporte no futsal de Botuverá, antes de treinar na Afeg em Guabiruba. Depois de um tempo jogando pela escolinha da cidade vizinha, ele se destacou e acabou assinando vínculo com a equipe de Presidente Prudente.

“A Afeg sempre ajudou muito. A gente disputava torneios fora de Santa Catarina e, em 2018, me destaquei em um campeonato. O treinador do Prudente estava assistindo e me chamou para o time. Joguei o Paulista sub-15 e 17 com eles. Fiz um vídeo com os melhores momentos lá, e o Audax me contratou. Joguei com eles na França, Suécia. Uma experiência muito boa”, conta.

Gabriel em ação pelo Audax | Foto: Arquivo pessoal

Perspectivas

José Carlos acredita que a cidade tem potencial para ter mais atletas atuando profissionalmente, mas também que é necessário uma dedicação especial para seguir na carreira.

“Aqui em Botuverá tem muita gente que sabe jogar bola, mas não tem essa base que eu tive. Para jogar no profissional, tem que ter um conhecimento diferenciado e também preparo físico”.

Enquanto buscam seus sonhos na carreira, os jovens também acabam sendo exemplos para quem almeja atuar como profissional no esporte. 

“É muito gratificante ser reconhecido aqui. As pessoas perguntam como estão coisas, ficam curiosas. Já fui chamado para dar palestra para crianças, já vi muita gente se inspirando em mim”, conta Gabriel.

A família foi essencial para que eles sigam firme na carreira. José Carlos conta que é muito ligado a eles, que sente falta em muitos momentos, mas que eles sempre deram força para ele seguir firme.

“Meus pais sempre me apoiaram. Os pais são aqueles que apontam o caminho, você escolhe seguir ou não. Eles me levaram para isso, e sou muito grato a eles. Quando era mais novo, pensei em desistir, porque algumas coisas não davam certo, e eles me ajudaram muito”, admite Gabriel.

“Meu irmão e meus pais sempre me deram apoio, o que precisava sempre me ajudaram. Minha mãe, para eu conseguir a cidadania, ficou quatro meses na Itália para conseguir a dela antes de eu pedir a minha. Sou bem ligado à minha família, ao sítio do meu pai. Às vezes bate saudade, mas fazer o que, é a minha carreira”, resume José Carlos.

Enquanto aguarda a cidadania italiana, José Carlos negocia com clubes de São Paulo para a disputa da Segunda Divisão, o quarto nível do futebol paulista, torneio que inicia no segundo semestre.

Gabriel continua com vínculo com o Audax, mas está sem atuar por causa da pandemia. A primeira expectativa é de voltar a poder atuar fazendo o que ama. Para o futuro, o objetivo é seguir crescendo. “O Audax é um time muito bom e estruturado, mas a gente sempre almeja mais”, ressalta.


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