Campeão municipal em 2006, o Gabiroba foi fundado há 25 anos pela vontade de amigos de terem uma equipe do próprio bairro. Ao longo do tempo, o clube enfrentou dificuldades, mas resistiu em meio a todas, e se consolidou como um dos mais fortes do futebol amador de Botuverá. 

Atual presidente, Nelson Vanelli está no Gabiroba desde o surgimento do time, em 1986. Uma turma de amigos, que era unida e costumava sair junto de bicicleta, decidiu criar uma equipe para chamar de sua. “Não tínhamos muitos lugares para ir, todo mundo queria ter um time”, lembra.

Por um tempo, o Gabiroba atuou em vários torneios, mas ainda não muito em campeonatos, que não eram tão frequentes quanto atualmente. O time comprou um terreno para instalar um campo em 1990, mas só foi tê-lo pronto 10 anos depois, com a ajuda da prefeitura, que “enrolou” um pouco.

“A coisa foi evoluindo. Tínhamos uma turma bem organizada, com cerca de 15 jogadores, que faziam vaquinha para ter time, não tinha recursos. A gente pagava para manter o clube, pagar a lavação das camisas”, lembra Nelson.

Elenco vice-campeão municipal de 2007 | Foto: Arquivo pessoal

“A gente faz porque gosta”

Dentre os que criaram o clube, vários continuam ligado à diretoria, como Leonir Pedrini, Zezinho Pedrini, Vilberto Vanelli, além de Nelson, todos que moram ou moraram no Gabiroba.

Nelson saiu do clube por alguns anos, mas conta que o chamaram de volta porque tiveram dificuldades para administrar. “Tem 15 membros da diretoria, mas nem todos estão sempre dedicados. Quem trabalha são os cinco ou seis de sempre. Isso se repete em todos os clubes. No futebol amador, a gente faz porque gosta”.

Após muitos anos como jogador, Nelson é apenas dirigente. Ele diz que, se alguém se disponibilizar, passa o cargo. Mas, é honesto: “acho que se eu abandonar, acaba”.

Para manutenção da sede e do clube, o Gabiroba realizava um costelaço todo ano, que foi feito até o ano passado. “Não gastamos esse dinheiro, só o necessário. Vamos fazer o alambrado atrás da trave, quebrou um poste com a ventania que deu recentemente, e vamos reformar”.

“Não são todos os jovens que querem jogar”

Todo ano o Gabiroba disputa os campeonatos municipais de futebol de campo, mas não mais dos torneios, que costumavam ser mais fortes na cidade há algumas décadas. Ele lembra que, na sua época, ele e os colegas jogavam futsal todos os dias da semana e futebol de campo no final de semana. Hoje, porém, o panorama é outro.

“Hoje, a gente não joga mais torneios, o pessoal daqui se juntava para jogar torneios com o Grêmio, mas hoje não mais. Atualmente, não são todos os jovens que querem jogar. Não é igual antigamente, onde de dez, jogavam nove. Meu filho, por exemplo, não jogou.  Hoje tem WhatsApp, mas no final de semana a gente pegava a moto e avisava um por um que tinha torneio ou campeonato. A rapaziada não gosta tanto de futebol, não é como a gente, que ficava correndo um dia inteiro atrás de uma bola”.

Apesar das dificuldades para montar a equipe, o Gabiroba é atualmente um dos times que consegue disputar as posições mais importantes do campeonato municipal, e é o atual vice-campeão. Mesmo com a incerteza da realização da competição neste ano, Nelson continua articulando a montagem da equipe para quando for possível voltar às disputas novamente. 


Você está lendo: – Com remanescentes desde a fundação, Gabiroba se estabelece como força do amador


Leia também: 

– Futebol Bergamasco: o almanaque do amador de Botuverá

– Após fusão, Águas Negras emerge com a força da comunidade

– Areia Baixa se consolida por meio da iniciativa de “filho” do bairro

– Fundado na década de 1960, Figueira venceu seis dos últimos dez campeonatos em Botuverá

– Bicampeão municipal, Flamenguinho deixa as lembranças de um tempo bom

– Famoso por torneio realizado há mais de três décadas, Grêmio mostra força da tradição

– Los Bandoleiros tem sucesso meteórico e acumula conquistas

– Pioneiro em Botuverá, Ourífico ostenta história de mais de 80 anos

– Fundado em 1940, Ourinho se orgulha de trabalho social e espírito de comunidade

– Fundador, presidente e dono do estádio: Paulo Sorer é a cara do Sessenta

– Campeão municipal quatro vezes, União deixa futebol no passado

– Vila Nova chegou a ter dezenas de sócios, mas sofre com desmobilização da comunidade

– Mais condições, menos compromisso: times de Botuverá sofrem com perda de interesse dos jovens

– GALERIA – Conheça os campos dos times amadores em Botuverá

– Atrás do sonho de serem atletas profissionais, jovens de Botuverá se aventuram pelo Brasil

– Apaixonados pelo esporte, irmãos Leoni levam o futebol nas veias

– Destaque do futebol amador, Nando foi para Botuverá quando criança e não saiu mais

– Mário Botuverá levou o nome da cidade pelo Brasil e voltou para treinar jovens

– Time de futebol feminino de Botuverá disputou campeonatos fora da cidade

– “Gosto de viver perigosamente”: árbitro conta histórias sobre organização de torneios em Botuverá