O Ourífico é o precursor do futebol de Botuverá. O time foi fundado oficialmente em 1948, mas os integrantes já tinham história com o futebol pelo menos uma década antes, quando a primeira bola foi trazida ao bairro Ribeirão do Ouro, em 1936.
Até hoje, o clube se mantém firme e conta com um quadro de sócios que ajudam a manter a tradicional equipe viva e participando sempre dos campeonatos municipais.
Entre as décadas de 1930 e 40, quando o Ourífico ainda não tinha se constituído oficialmente, um grupo já se reunia para jogar bola no bairro – o primeiro nome escolhido foi Juvenal. Mesmo sem competições, em 1948, eles decidiram criar realmente um time. A escolha do nome não tem uma explicação clara, mas o escolhido foi Esporte Clube Ourífico.
Em 1953, muita gente do bairro foi embora para outras cidades e o clube chegou a ficar parado por falta de jogador. Uma reorganização aconteceu no fim da década, quando o clube passou a participar do campeonato amador da Liga Brusquense.
Ivo Barni, filho de Germano, um dos responsáveis pela criação, jogou por muito tempo no clube, participou da diretoria várias vezes e até hoje mantém ligações, apesar de não morar mais no Ribeirão do Ouro.
Ele guarda documentos e recordações do clube, incluindo o primeiro estatuto, de 1961, que foi publicado pelo jornal O Município. Em um desses papéis, está definida a missão do time: “cultivar o esporte e conservar boas relações”.
Desde a fundação, o Ourífico teve várias casas. Na área onde o primeiro campo funcionava foi instalada uma indústria madeireira, que foi desativada depois. Na época, a prefeitura fez um novo atrás da igreja, por meio de uma permuta. Este virou o estacionamento do cemitério. O atual foi construído anexo à escola do bairro em 1980, bem mais estruturado que o primeiro.
Situação atual
Mesmo morando distante, Ivo Barni tem afilhados e amigos no clube e continua apoiando como pode. “Me sinto honrado, está no sangue. Ajudei a criar e não me afasto”, conta.
Atualmente, o presidente do clube é Murilo Bresciani. Assim como Ivo, ele foi criado dentro do Ourífico, e acompanhava a equipe junto com o pai ainda criança quando iam jogar em outra cidade.
Depois de um tempo como gandula, Murilo teve a oportunidade de jogar e se firmou como goleiro. “Minha família sempre foi de ajudar, meu tio foi presidente. A gente gosta do clube, faz bem para mim. Cheguei a sair para jogar com os Bandoleiros por causa de divergências internas, mas depois voltei para ajudar na diretoria e estou até hoje”.
Murilo está envolvido com a administração do Ourífico há cerca de 10 anos, e atualmente, por causa da pandemia, conta ainda mais com a ajuda da comunidade para manter o clube.
“Atualmente, temos um quadro de sócios. Não tem nada registrado, mas o pessoal que está mais ligado com o clube se reuniu, definimos um valor mensal para manter o clube. Hoje, sem eventos e jogos, é isso que está sendo utilizado para a manutenção do local”.
Nos últimos campeonatos, o time foi montado por alguns jogadores da localidade, mas por amigos e conhecidos. Apesar das dificuldades, a diretoria não mede esforços para manter viva a história de mais de 80 anos do Ourífico, hexacampeão municipal de futebol de campo, a última vez em 2011.
“Nunca deixamos de participar. Nos últimos anos não tivemos um time tão forte, estamos em um processo de reformulação. Os mais velhos estão saindo, os mais novos estão interessados em outros times. Alguns ficam, mas têm todo aquele processo de aprender a jogar um campeonato. Mas sempre estamos brigando para arrumar o time da melhor forma possível, brigando pelo título ou não. Queremos manter a história do clube”.
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