Só em 2021, as indústrias que integram o setor metalmecânico em Brusque geraram R$ 226,8 milhões em riquezas para o município. O segmento é um dos principais da cidade, ficando atrás apenas da indústria têxtil e de confecção.

De acordo com levantamento da Secretaria da Fazenda, são 218 indústrias atuando em Brusque. Juntas, elas foram responsáveis pela criação de 680 novas vagas de emprego na cidade no ano passado. 

No polo metalmecânico de Brusque, são fabricados produtos dos mais variados tipos, evidenciando a diversificação dentro do próprio setor.

Com aproximadamente 800 colaboradores diretos, a Irmãos Fischer é uma das maiores representantes do segmento na cidade. No mercado há 55 anos, a indústria brusquense é líder na produção de fornos elétricos e cooktops.

 

Kimak produz uma grande variedade de produtos derivados do aço, para outras empresas | Foto: Bárbara Sales/O Município

A ZM é outra gigante da metalmecânica em Brusque, com a fabricação de peças automotivas. A empresa, que tem 780 colaboradores, produz 3 milhões de peças ao mês entre todas as linhas, exceto fixadores e porcas de roda.

Outra integrante do setor é a Kimak Soluções Metálicas, focada em um mercado totalmente diferente da Fischer e da ZM. Há 34 anos em atividade, a empresa, que fica no bairro Nova Brasília, fabrica equipamentos de laboratório para segmento têxtil e químico, painéis, gabinetes, terminais de autoatendimento, mesas de comando, peças para elevadores, entre outros itens utilizados na fabricação de diversos produtos por grandes empresas como WEG, Gerdau e Thiesen Elevadores, por exemplo.

Em Santa Catarina, o setor de metalurgia e produtos de metal possui produtividade próxima aos maiores produtores mundiais. O segmento tem 3.978 estabelecimentos no estado, que, em 2020, empregavam 53.549 colaboradores. No ano passado, essas indústrias exportaram US$ 411,1 milhões.

Dentro da metalmecânica, se encaixa também a fabricação de máquinas e equipamentos. De acordo com o Atlas da Competitividade, divulgado pela Fiesc, as indústrias deste nicho exportaram US$ 619 milhões em 2021, sendo que a produtividade catarinense em máquinas e equipamentos é relativamente maior que a da Índia.

Ao todo, o estado tem 3.471 empresas neste ramo, que em 2020 empregavam 52.976 pessoas.

Presença internacional

Atualmente, a ZM exporta seus produtos para mais de 50 países, entre eles: Argélia, Angola, Bulgária, Canadá, Chipre, Egito, Reino Unido, Alemanha, Guatemala, Irã, Japão, Kuwait, Ilhas Maurício, Omã, Portugal, Singapura, África do Sul, Uruguai e Estados Unidos.

A Irmãos Fischer também atua de forma expressiva no mercado internacional. A empresa exporta para todo o Mercosul, principalmente Uruguai, Paraguai, Argentina e Colômbia, e planeja para os próximos cinco anos estar presente nos demais países da América Latina, assim como Estados Unidos, Canadá, e alguns países da Europa como Espanha e Portugal e também do continente africano, como África do Sul.

De forma indireta, grande parte dos produtos da Kimak também vão para outros países, já que a empresa atua na fabricação de peças e equipamentos para outras indústrias, que utilizam a produção brusquense na composição de seus produtos.

Desafios, investimentos e futuro

O CEO da ZM, Alexandre Zen, destaca que muitas empresas do setor sofreram e muitas ainda sofrem com o desabastecimento de alguns componentes eletrônicos para compor suas peças.

“Nós sentimos esse problema com relação ao fornecimento de aço, uma das matérias-primas de nossos produtos, mas buscamos trabalhar com uma produção verticalizada, ou seja, tendo fabricação e abastecimento próprio de todos os componentes que precisamos para nossos produtos”.

Desta forma, a empresa brusquense depende menos de fornecedores externos e pode manter a produção, entrega e abastecimento para os estoques e revenda dos distribuidores. 

ZM utiliza tecnologia de ponta para fabricação de 3 milhões de peças por mês | ZM/Divulgação

“Durante esse período ainda conseguimos investir e abrir uma nova linha de produtos, abrangendo além da linha elétrica, também a linha mecânica, com itens para os sistemas de suspensão e direção de veículos”, afirma.

A Irmãos Fischer também sentiu os efeitos da pandemia da Covid-19, principalmente no período inicial, mas ao longo dos meses conseguiu superar as adversidades e manter os empregos, o que para Ingo Fischer, fundador da empresa, foi fundamental.

“Foi um momento de muitas incertezas e inseguranças para todos, no entanto, nossa maior preocupação foi manter o emprego de todos os funcionários. Conseguimos superar os desafios e aproveitar o momento em que as famílias estavam passando mais em casa e, consequentemente, renovando seus eletrodomésticos”.

Com isso, a indústria brusquense observou um crescimento de 30% no faturamento em 2021, mesmo com um mercado bastante instável economicamente e o aumento da matéria-prima. “Mesmo com todas as dificuldades, continuamos buscando inovação, novos mercados e perfis de público”, destaca o empresário.

O sócio-proprietário da Kimak, Marlon Knihs, afirma que a empresa não teve grandes problemas de vendas durante a pandemia e registrou aumento da demanda e do faturamento. 

A empresa, inclusive, começou a colocar em prática no ano passado a atualização de seu parque fabril, com investimentos em novas máquinas e atualização do layout da fábrica para ampliar a produção.

Irmãos Fischer é líder na produção de fornos elétricos e cooktops | Foto: Irmãos Fischer/Reprodução

“Estamos investindo para ganhar mais produtividade. Apostamos na melhora do mercado nos próximos anos e precisamos estar preparados. Hoje temos uma área construída de 7 mil metros quadrados que já não é mais suficiente e por isso estamos atualizando o maquinário para poder adequar à estrutura física”.

O fundador da Irmãos Fischer, Ingo Fischer, também destaca que a empresa está investindo em novos processos, tecnologia e profissionais para transformar os desafios do setor em oportunidades.

“Vejo este como um ano desafiador, principalmente pela instabilidade econômica e política, mas a empresa não pode parar. Precisa estar preparada para todos os desafios”.

Alexandre Zen, CEO da ZM, afirma que para algumas empresas, ainda está sendo um período complicado, principalmente para os que dependem de insumos como sensores e chips eletrônicos vindos de países asiáticos, o que reflete diretamente na linha de produção de veículos, ou seja, as montadoras. “Já na reposição, acreditamos já estar um período um pouco mais calmo, em ritmo de retomada”.

De acordo com ele, a perspectiva para o mercado de reposição é continuar em crescimento, pois com menos carros zero sendo vendidos, a tendência é que as pessoas busquem manter o carro que já tem com a manutenção em dia, levando o carro na oficina para revisões mais periódicas ao invés de vender e comprar um veículo novo.

“Isso movimenta a economia no setor de autopeças e serviços de manutenção, mantendo nossa empresa como grande contribuinte para o mercado. Com certeza teremos ainda muitos lançamentos até o final do ano, aumentando ainda mais nossa cobertura de frota e abrindo novas possibilidades de atendimento para os reparadores também”, finaliza.


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