Em meio à vertiginosa selva de arranha-céus que define a paisagem de Balneário Camboriú, ergue-se, como um suspiro do passado, uma singela casa de madeira.
*Confira a galeria de fotos no fim desta edição
Localizada na rua 971, número 243, essa construção nostálgica desafia o tempo e o avanço incessante do progresso e, por sua relevância, já foi tema de reportagens na mídia regional.
Entre imponentes torres de vidro e concreto, a residência permanece firme, qual testemunha silenciosa de uma história que esta imponente cidade parece quase ter esquecido.

De Lages até Balneário Camboriú
Originalmente pertencente à família Sambaqui, esta casa possui uma história rica e marcante. Em 1960, foi deslocada de Lages, no Planalto Sul catarinense, para Balneário Camboriú.
Naquele período, um sobrinho desse núcleo familiar, estabelecido em Brusque e funcionário do Banco do Brasil, mantinha os elos com sua procedência.
Posteriormente, Luiz Chaves tornou-se o novo proprietário, sendo vizinho de Roberto e Marcília Barg, um casal de Brusque, residente na então ‘Rua do Convento’, atual rua Maestro Aldo Krieger.
Em 1990, os Barg investiram neste patrimônio, com a intenção de preservar e impulsionar o legado único desta construção.
O casal adquiriu a moradia de madeira com o intuito específico de oferecê-la para aluguel nos períodos da alta temporada de verão.
Assim, embora sejam os proprietários há mais de três décadas, Roberto e Marcília nunca habitaram o imóvel, mantendo-o desde o início como uma fonte de renda sazonal.
Nesse mesmo ano, o casal Barg, que até então residia em Brusque, adquiriu uma residência de alvenaria em Balneário Camboriú, que passou a ser seu lar permanente, localizada bem em frente à casa de madeira.

“Não” às construtoras
Apesar do crescente interesse de construtoras ávidas por novos empreendimentos e das inúmeras ofertas de compra, o casal Barg sempre se manteve firme em sua decisão de não vender o imóvel.
“Nem mesmo por valores milionários”, garantem eles. Para Roberto e Marcília, essa casa representa um valor que transcende o monetário.
Ela é um símbolo de resistência frente à modernidade avassaladora, um elo com a tradição e, acima de tudo, um objeto de profundo afeto.
Ademais, a residência carrega consigo um significado espiritual singular.

Devoção em Balneário Camboriú
Anualmente, logo após o período do Carnaval, uma comunidade católica proveniente de Londrina (PR) visita Balneário Camboriú e, durante sua estadia, realiza uma missa no interior da casa de madeira.
O ambiente simples e acolhedor, em notável contraste com a grandiosidade dos edifícios circundantes, transforma-se em um espaço de fé e introspecção, onde o tempo parece desacelerar, proporcionando um raro momento de serenidade.

Relíquia em Balneário Camboriú
Mesmo diante das constantes investidas do progresso imobiliário, a casa de madeira permanece intacta.
Sua singularidade já despertou, inclusive, o interesse até de estudantes de engenharia, que a visitaram para realizar pesquisas, impressionados com a solidez de sua estrutura e a riqueza de sua história.
Para os transeuntes curiosos que a observam cercada por imponentes torres contemporâneas, a casa pode até parecer fora de época.
No entanto, para Roberto e Marcília, ela é mais do que apenas uma construção.
Trata-se de um fragmento vivo de suas memórias, uma relíquia de madeira que resiste bravamente em meio ao domínio do concreto.
Além disso, é essencialmente um legado de valor inestimável, que perdurará enquanto estiver sob seus cuidados.
A história do taxi após anúncios
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Nos tempos do táxi
A história de Roberto Barg, então carinhosamente conhecido como ‘Beto do Taxi’, e sua profunda ligação com a cidade de Brusque, remontam à década de 1960.
Foi nessa época que ele e seu irmão, Teodoro, estabeleceram um ponto de táxi na já movimentada praça Barão de Schneeburg, no coração da cidade.
Durante cerca de duas décadas, precisamente entre os anos de 1969 e 1990, os irmãos Barg dedicaram-se a transportar passageiros pelas ruas da cidade e seus arredores, tornando-se figuras conhecidas na comunidade local.

O táxi da despedida
Naquela época, Brusque ainda não contava com o serviço de uma funerária estabelecida.
Diante dessa lacuna, os irmãos Barg acabaram por assumir uma função inesperada e essencial, que era o transporte de corpos de falecidos para cidades vizinhas, como Botuverá, Vidal Ramos, Major Gercino, Tijucas e Guabiruba.
Dessa forma, o táxi, que tradicionalmente servia como meio de transporte para os vivos, também se tornou, para muitas famílias, o veículo da última despedida.

Clássicos antes de Balneário Camboriú
Ao longo desses anos de intensa atividade, uma variedade de veículos passou pelas mãos de Beto.
Entre os modelos que marcaram sua trajetória profissional, destacam-se dois imponentes Ford Galaxie, um elegante Dodge Dart, um sofisticado Sinca Esplanada, além dos populares Corcel e Opala, carros que se tornaram verdadeiros ícones daquela época.
Nos seus últimos anos dedicados ao transporte de passageiros, Beto chegou a gerenciar uma frota de táxis, consolidando seu nome como um profissional respeitado e reconhecido entre os motoristas de Brusque.
Para conferir essa história em imagens, não deixe de acessar a galeria de fotos que então será exibida ao final da edição, logo após os anúncios.
Balneário Camboriú além dos prédios
Como prometido, esta reportagem se encerra com uma imperdível galeria de imagens que captura, em detalhes, a essência dessa história.
Os registros revelam o contraste entre o antigo e o contemporâneo em meio aos arranha-céus de Balneário Camboriú, além de resgatar a trajetória de Roberto como taxista em Brusque.
Clássicos automóveis e momentos que remetem a um passado marcante compõem essa seleção visual que convida à memória e à reflexão.
Sendo assim, confira a galeria e mergulhe nesse reencontro com o tempo.
*Créditos: Acervo de Roberto e Marcília Barg >>
*Imagens relembrando o “Beto taxista em Brusque>>
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