O goleiro é uma das figuras mais cobiçadas de qualquer time de futebol. Um mau arqueiro pode botar tudo a perder e não tem suor em campo que supere um jogador “pouco qualificado” debaixo das traves. São necessários heróis que se prontifiquem a proteger as redes, com reflexo apurado e coragem para enfrentar os mais carrancudos atacantes. Heróis como Rubens Plotegher, o Binho.
Ex-atleta profissional, Binho tem muitos quilômetros rodados pelo campeonato amador. Mas, com 53 anos, resolveu parar de jogar até mesmo a competição não-profissional. A decisão não foi tomada há muito tempo: em 2016, com 52, foi goleiro do Carlos Renaux em sua terceira temporada, e só depois disso decidiu parar de vez com o futebol.
Morador do Guarani, foi no clube de seu bairro que fez as primeiras defesas. “Eu tinha 14 anos quando fizeram uma quadra, ainda de cimento. Precisavam de alguém no gol e eu me prontifiquei. Depois disso viram que eu tinha jeito pra coisa e eu fui evoluindo no esporte”, conta.
Responsabilidade precoce
A partir das primeiras oportunidades como goleiro, as coisas aconteceram muito rapidamente para Binho. Em poucos meses ele defendeu o Cruzeiro, de Guabiruba, ainda pelo esporte amador, voltou ao Guarani por mais um período e aos 16 anos ele teve seu primeiro contato com o futebol profissional. O Paysandú o contratou para ser goleiro dos juniores, servindo também como terceiro goleiro do time principal.
Porém, em um clássico com o Carlos Renaux, o jovem Binho viu sua chance aparecer: os dois goleiros principais foram expulsos e ele precisou defender as cores alviverdes. “Isso foi em 1981, e depois disso gostaram de mim. Fiquei, participei do estadual e segui com o Paysandú até 1987, quando foi feita a fusão com o Carlos Renaux para a fundação do Brusque”, diz.
Depois disso, Binho teve passagens por mais clubes profissionais, como Araranguá, no Tubarão e no próprio Brusque – estava no primeiro elenco formado pelo Brusque que disputou o estadual, em 1988. Foi no quadricolor que também encerrou a carreira profissional, em 1996.
De volta ao amador
Assim que optou por encerrar a carreira de goleiro profissional, Binho não quis pendurar as luvas tão cedo. Surgiu o convite para que defendesse o Clube 10 de Junho, de Guabiruba, onde conquistou os títulos de 1996 e 1998. Entre as duas taças, teve tempo para participar do Amador de Botuverá em 1997, defendendo o clube União.
A partir daí foi para Brusque participar da histórica equipe do Angelina, comandada pelo técnico Zé Aurino. Foi o clube que mais vezes defendeu no município, embora tenha jogado também por Cedrense e Carlos Renaux. Entre todas as equipes e nos municípios em que jogou, conquistou oito títulos.
No período em que defendeu os diferentes clubes, Binho conquistou amizades e histórias que ficam em sua memória. Para ele, o mais importante é que o atleta, seja da várzea ou do profissional, respeite o time pelo qual está jogando.
“Tem que ter o compromisso. Nunca faltei a um jogo, teve jogo que fui mesmo após acidente de moto. Se você dá seu nome e a sua palavra, tem que respeitar, porque são muitas pessoas envolvidas em um clube para que tudo dê certo”, explica.
“Nunca faltei a um jogo, teve jogo que fui mesmo após acidente de moto. Se você dá seu nome e a sua palavra, tem que honrar, porque são muitas pessoas envolvidas em um clube para que tudo dê certo”, Rubens Potegher, o Binho, ex-goleiro
Além do campo, Binho, que trabalha com empresa de segurança, também joga futebol na praia além de futevôlei. Tantos anos dedicados à prática fizeram o ex-atleta se afastar de vez da atividade. “Estou desde os 14 jogando, já são quase 40 anos. De vez em quando até posso jogar uma pelada, mas não tenho mais vontade de voltar ao amador”, diz. Contudo, segundo Binho, os convites não param. “Me chamam bastante principalmente para jogar no Máster, mas aí eu digo que não sou velho pra jogar nessa categoria”, brinca.
Jogos da memória
Nas duas décadas dedicadas ao futebol amador, as defesas de Binho foram cruciais para que suas equipes saíssem vencedoras. Na memória do goleiro, algumas partidas não se apagam jamais. “Um jogo que nunca esquecerei foi contra o Santos Dumont em 1996. Eu defendia o XX de Junho e saímos perdendo contra eles, mas aí com força de vontade a gente virou o placar”, explica.
Contra o time do bairro Santa Terezinha, ele relembra outro momento, em que conquistou o título municipal de Brusque. “Eu estava no Cedrense em 2000 e viramos mais uma partida, terminando em 3 a 1, nos sagrando campeões”, completa.
De bem com a vida mesmo após o afastamento dos gramados, Binho aproveitou para brincar com Edgar, o artilheiro que abriu a série Amador Futebol Clube e diz ter feito 1 mil gols. “Em mim ele fez só três, e dois foram de pênalti. Não sei aonde ele foi fazer esses outros gols todos aí”.