A força da indústria de Brusque é um reflexo da realidade de Santa Catarina. Há anos, o estado lidera índices econômicos em todo o país, em grande parte, graças ao protagonismo e diversidade da indústria.

O Atlas da Competitividade, publicado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), mostra que o estado tem produção industrial ativa em 15 setores, distribuídos por polos em todas as regiões.

O Oeste, por exemplo, é um polo industrial do segmento de alimentos e bebidas; madeira e móveis e celulose e papel. Os três setores com inserção internacional. Mas a região não se resume somente a estes segmentos. No Oeste, também há indústrias de produtos químicos e plásticos, máquinas e equipamentos, têxtil e confecção, além de metalurgia e produtos de metal.

O setor industrial acaba sendo protagonista, fazendo Santa Catarina se destacar por sua capacidade produtiva

O mesmo acontece aqui no Vale do Itajaí, com o têxtil e o setor de alimentos e bebidas com inserção nacional, mas também com grande número de indústrias dos segmentos de madeira e móveis; metalurgia e produtos de metal; produtos químicos e plásticos; equipamentos elétricos; máquinas e equipamentos; tecnologia e construção.

PIB industrial de Santa Catarina em 2019 foi de R$ 71,2 bilhões | Foto: Maroma/Divulgação

“Essa é uma característica do estado. Ter uma indústria diversificada do ponto de vista produtivo, com grandes polos industriais em diferentes regiões”, destaca o economista Marcelo de Albuquerque, do Observatório Fiesc.

Na pandemia da Covid-19, essa característica fez a diferença. O estado foi o primeiro a apresentar uma retomada da economia, inclusive, mantendo a geração de empregos.

“Na pandemia, tivemos um choque de oferta grande nos primeiros dois, três meses e depois disso passamos a ter a retomada da atividade econômica, e o setor industrial acaba sendo protagonista, fazendo Santa Catarina se destacar por sua capacidade produtiva”.

Equilíbrio entre os setores

Ao longo dos dois anos de pandemia, o país experimentou diferentes dinâmicas entre as atividades industriais e Santa Catarina, por ter um polo bastante diversificado, conseguiu o equilíbrio. 

No fim de 2020 e primeiro semestre de 2021, houve a retomada da cadeia produtiva de bens de metal, que envolve o setor de metalurgia, construção, metalmecânica, máquinas e equipamentos, presentes em diversas regiões, e que foram responsáveis por puxar a economia do estado.

804.362 pessoas trabalham na indústria de Santa Catarina | Foto: Bruno da Silva/O Município

Já no segundo semestre de 2021 e início de 2022,  setores como o têxtil, de confecção e couro foram estimulados pelo avanço da vacinação e alavancaram os indicadores econômicos.

Se um setor vai mal, outro vai bem e acaba puxando. Temos respostas muito rápidas em momentos delicados graças a essa pluralidade

“A diversidade produtiva foi muito importante. Tivemos diferentes momentos ao longo desses dois anos e essa dinâmica entre os setores pautou a economia. A indústria diversa fez com que o desempenho de Santa Catarina continuasse bom, mesmo em um momento de dificuldade. E Brusque passou por esse mesmo processo”, avalia o economista.

A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Cassia Conti, destaca a  importância da cultura da diversificação no estado. “Não só em Brusque, mas toda a região e o estado conseguem ter índices muito favoráveis frente às adversidades nacionais e mundiais. Se um setor vai mal, outro vai bem e acaba puxando. Temos respostas muito rápidas em momentos delicados graças a essa pluralidade”.

Cultura do empreendedorismo

O economista Marcelo de Albuquerque lembra que o estado tem uma cultura forte para o empreendedorismo, o que acaba contribuindo para esta característica do setor industrial, com maior capacidade de adaptação para cada região.

“De fato, isso deve continuar, cada vez mais, trazendo uma dinâmica positiva para manter os indicadores e níveis de qualidade mais elevados do que a média nacional”.

Diversificação foi fundamental para manter o estado com bons índices na pandemia | Foto: Bruno da Silva/O Município

Outro ponto considerado pelo economista é que a diversificação produtiva influencia na arrecadação federal. No último ano, por exemplo, Santa Catarina passou o Rio Grande do Sul e o Paraná em montante arrecadado e isso, segundo ele, tem influência direta da indústria.

“Pelo fato de termos vários polos industriais fortes, com nível de competitividade internacional, a contribuição para arrecadação federal é muito grande”.

O economista também observa que a diversidade setorial fomenta o emprego. Hoje, o estado vive a condição de pleno emprego e a indústria é o setor que mais gera emprego formal.

“Essa característica do estado sustenta uma maior formalização, garantindo desenvolvimento e renda para a população. A indústria, com certeza, é um dos motores que mantém o bom desempenho do estado na geração de emprego”.


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